O anúncio de que o BNDES aprovou um crédito de R$ 200 milhões para o desenvolvimento do chamado “carro voador” da Eve Air Mobility colocou de vez a mobilidade aérea urbana no centro do debate público, reforçando a estratégia do banco de fomento em apoiar tecnologias ligadas à descarbonização do transporte e ao desenvolvimento de soluções inovadoras para grandes centros urbanos.
Como será o crédito de R$ 200 milhões do BNDES?
O novo financiamento de R$ 200 milhões é composto por duas fontes principais: R$ 160 milhões do Fundo Clima, voltado a projetos com impacto ambiental positivo, e R$ 40 milhões da linha Finem, tradicional linha de crédito do BNDES para grandes investimentos. Esse pacote será destinado à fase de integração do sistema de propulsão elétrica do eVTOL, etapa sensível do desenvolvimento da aeronave e crucial para sua eficiência energética.
Os recursos também serão aplicados na preparação do veículo para a campanha de testes necessária à obtenção do certificado de tipo junto à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Segundo o CFO da Eve, Eduardo Couto, o crédito acelera uma etapa crítica do programa, pois envolve validações de segurança, confiabilidade dos sistemas e atendimento às exigências regulatórias nacionais e internacionais. Veja imagens do carro voador (reprodução/X/@XHNews):
AutoFlight, a leading eVTOL company in China, has unveiled its mobile water vertiport that allows eVTOL aircraft to take off and land on water. #watervertiport #eVTOL pic.twitter.com/TYj6IB68PL
— China Xinhua News (@XHNews) November 24, 2025
Como é o eVTOL financiado pelo BNDES?
O carro voador da Eve Air Mobility está sendo projetado para trajetos de até 100 km de alcance, com capacidade para transportar quatro passageiros e um piloto. A cabine deverá comportar duas malas maiores ou quatro bagagens de mão, atendendo tanto a deslocamentos urbanos quanto a ligações curtas entre cidades e aeroportos, com foco em conforto e rapidez.
Do ponto de vista técnico, o eVTOL contará com oito motores elétricos elevadores (lifters) nas asas, responsáveis pelo voo vertical, e um motor traseiro dedicado à navegação horizontal. Essa configuração multipropulsora aumenta a redundância e a controlabilidade da aeronave, enquadrando o veículo como solução de mobilidade de baixo carbono alinhada às metas globais de redução de emissões:
- Capacidade: 4 passageiros + 1 piloto
- Autonomia estimada: 100 km
- Configuração de motores: 8 lifters verticais + 1 motor traseiro
- Aplicação principal: mobilidade aérea urbana e rotas de curta distância
Como o apoio do BNDES vem impulsionando a Eve Air Mobility?
O crédito recém-aprovado não é um caso isolado: desde 2022, o BNDES já aprovou cerca de R$ 1,2 bilhão em operações de apoio à Eve, contemplando diferentes etapas do projeto. Entre as iniciativas estão a construção da fábrica em Taubaté (SP), investimentos em pesquisa e desenvolvimento e custos de certificação da aeronave perante diversas autoridades aeronáuticas.
Em agosto, o banco também anunciou um aporte de R$ 405,3 milhões em investimento direto na empresa, via BNDESPAR, dentro da estratégia de retomada da atuação em renda variável. Paralelamente, a Eve passou a integrar a listagem da B3 em agosto de 2025, complementando a negociação de suas ações na Bolsa de Nova York (NYSE) desde 2022 e ampliando a base de investidores.
- Captação de recursos com o BNDES e BNDESPAR.
- Levantamento de capital no mercado brasileiro (B3) e norte-americano (NYSE).
- Investimentos em fábrica, certificação e integração de sistemas.
- Preparação para testes e futura operação comercial do carro voador.
Quais impactos o carro voador pode trazer para a mobilidade?
O avanço do carro voador da Eve se insere em um movimento global de transformação da mobilidade aérea, com foco em aliviar congestionamentos e reduzir emissões. A proposta do eVTOL é oferecer alternativa a deslocamentos terrestres em grandes centros, com motores elétricos, baixa emissão local de poluentes e potencial redução de ruído em relação a helicópteros.
À medida que as aeronaves avancem em testes e certificações, devem surgir redes de vertiportos, integrações com modais terrestres e plataformas digitais de reserva e pagamento. Especialistas destacam que a adoção do eVTOL dependerá de avanços tecnológicos, regulamentação, aceitação social, infraestrutura urbana e modelos de negócio viáveis, além de políticas públicas de incentivo e planejamento urbano adequado.
- Possível redução do tempo de deslocamento em grandes cidades.
- Contribuição para metas de descarbonização do transporte.
- Desenvolvimento de uma nova cadeia produtiva aeronáutica.
- Criação de serviços de mobilidade aérea sob demanda.
FAQ sobre projeto de carro voador
- O carro voador vai ser autônomo ou terá piloto? O projeto atual da Eve prevê um piloto a bordo, além dos quatro passageiros. Estudos sobre automação avançada existem, mas a operação inicial é planejada com comando humano, seguindo padrões de segurança da aviação civil.
- Quando o carro voador da Eve deve começar a operar comercialmente? A entrada em serviço depende da conclusão da campanha de testes e da certificação pela Anac e por outras autoridades internacionais. As projeções de mercado apontam para operações comerciais a partir da próxima década, condicionadas ao andamento regulatório.
- O eVTOL poderá substituir helicópteros em grandes cidades? A tendência é que o eVTOL complemente e, em algumas rotas, substitua parte das operações de helicópteros, especialmente em trajetos curtos e de alta demanda, devido à propulsão elétrica, ao potencial de menor custo operacional e ao menor impacto sonoro.
- Quais setores devem ser mais impactados pelo uso de carros voadores? Entre os segmentos com maior potencial de impacto estão transporte executivo, turismo, ligações entre aeroportos e centros urbanos, serviços logísticos de alto valor agregado e, em fases futuras, aplicações em atendimentos emergenciais e resgates médicos.