A recente determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) envolvendo suplementos alimentares reacendeu o debate sobre segurança, fiscalização e boas práticas de fabricação no setor. Publicada em 18 de novembro de 2025, a medida atingiu uma série de produtos destinados ao consumo diário, incluindo cápsulas, pós e até doce de amendoim com creatina, impactando fabricantes, distribuidores, comerciantes e consumidores que utilizam esses itens como parte da rotina alimentar ou esportiva.
O que motivou a ação da Anvisa sobre suplementos alimentares?
O foco principal da fiscalização recaiu sobre falhas graves nas condições de produção, uso de substâncias não autorizadas e promessas de efeitos terapêuticos sem comprovação científica ou respaldo regulatório. Em vez de serem apresentados apenas como suplementos nutricionais, alguns produtos eram divulgados como alternativas para controle de doenças, emagrecimento e melhora de funções orgânicas específicas, ultrapassando os limites fixados pelas normas sanitárias vigentes.
A Anvisa tem reforçado que suplementos alimentares não podem ser comercializados como medicamentos ou tratamentos, devendo seguir estritamente as listas de ingredientes permitidos e as alegações nutricionais autorizadas. Assim, toda comunicação ao consumidor precisa ser clara, objetiva e alinhada às regras, sob pena de recolhimento e interdição das marcas envolvidas.
Quais suplementos da Lirius e Liv Health foram proibidos pela Anvisa?
A Anvisa determinou a proibição e o recolhimento de 12 suplementos produzidos pela empresa Liv Health Importação e Exportação Ltda. e distribuídos pela Lirius Suplementos Ltda., com interdição total da planta produtiva por falhas nas boas práticas de fabricação.
Além das condições inadequadas de produção, a agência verificou problemas na formulação e na comunicação dos produtos. Alguns continham ingredientes não autorizados para essa categoria de alimentos, como ora-pro-nóbis, berinjela, boldo, figo, carqueja, camomila, amaranto e pimenta caiena, e faziam alegações terapêuticas irregulares, como redução de inflamação e regulação de açúcar no sangue.
- Falhas nas boas práticas de fabricação, como problemas estruturais, de higiene ou de controle de qualidade.
- Ingredientes não permitidos em suplementos alimentares pela legislação vigente brasileira.
- Alegações terapêuticas irregulares, sugerindo tratamento ou prevenção de doenças crônicas.
Quais suplementos da Lirius e Liv Health foram afetados pela medida?
A lista de suplementos proibidos pela Anvisa inclui diferentes formatos e finalidades nutricionais. Todos os produtos, em todos os lotes, foram alvo de proibição de fabricação, comercialização, distribuição, divulgação e consumo, abrangendo misturas em pó, suplementos líquidos e cápsulas com vitaminas, minerais, fibras e extratos vegetais.
Entre os itens, destacam-se misturas para preparo de alimentos à base de ora-pro-nóbis, mix de vitaminas e minerais, magnésio e cúrcuma em pó, suplementos líquidos da linha Lirius, cápsulas para articulações, saúde feminina e masculina e fórmulas com ômega 3. Em todos os casos, o recolhimento foi determinado devido à extrapolação das alegações permitidas para suplementos alimentares.
- Mistura para preparo de alimentos à base de ora-pro-nóbis, mix de vitaminas e minerais, magnésio e cúrcuma em pó.
- Lirius Flora – suplemento alimentar líquido.
- Power Pulse em pastilhas mastigáveis.
- Uro Redux, Renova Lirius Gold, Duo for Woman, Duo for Men, Carti Premium, Lirius Vital Corpus, Lirius Lumina e Action 300, todos em cápsulas.
- Lirius Ômega 3 em cápsulas.
Por que a origem dos suplementos Natufab é relevante para a segurança?
Outro ponto relevante da ação da Anvisa recaiu sobre os suplementos da marca Natufab Produtos Naturais, classificados como de origem desconhecida. A ausência de informações claras sobre fabricação, registro e rastreabilidade levou à ordem de apreensão de todos os itens da marca, considerados de maior risco sanitário pela falta de controle oficial.
Esses suplementos também continham ingredientes não permitidos, como ora-pro-nóbis e maca peruana, e eram divulgados com indicações para pessoas com diabetes, colesterol elevado e triglicerídeos altos. Sem rastreabilidade confiável, não é possível verificar responsáveis técnicos, controles realizados ou cumprimento das normas regulatórias.
- Produtos com origem não comprovada dificultam o controle sanitário e o rastreamento de eventos adversos.
- Uso de ingredientes fora da lista autorizada para suplementos alimentares aumenta o risco ao consumidor.
- Indicações para condições de saúde específicas exigem registro e comprovação que não foram apresentados.
Por que o doce de amendoim com creatina foi recolhido pela Anvisa?
Entre os itens atingidos está o Doce de Amendoim com Creatina da marca Senhora Paçoca, um alimento convencional que recebeu adição de creatina. A Anvisa determinou a suspensão da fabricação, comercialização, divulgação, distribuição e consumo do produto, bem como o seu recolhimento imediato do mercado nacional.
De acordo com o entendimento regulatório atual, ainda não foi concluída a avaliação de segurança para o uso de creatina em alimentos comuns, como doces e snacks. A substância é autorizada apenas em suplementos alimentares para adultos a partir de 19 anos, de modo que sua presença em um doce amplia o risco de consumo por crianças e adolescentes, exigindo restrição rigorosa e atenção redobrada de consumidores e estabelecimentos.
