A ponte sobre o Rio Jari, localizada na divisa entre o Amapá e o Pará, na rodovia BR-156/AP, é um símbolo dos desafios de infraestrutura na Amazônia. Iniciada em 2001 para ligar Laranjal do Jari a Monte Dourado por rodovia, a estrutura de cerca de 406 metros permanece sem uso pleno e, mesmo após mais de duas décadas, segue impactando a rotina da população e a integração terrestre do Amapá com o restante do Brasil.
Qual é a importância da ponte do Rio Jari para o Amapá e para o Brasil?
A ponte sobre o Rio Jari é fundamental para ligar o Amapá ao resto do país por via terrestre, diminuindo a necessidade de transporte fluvial através de balsas e tornando o trânsito de veículos mais constante e previsível. A conclusão da obra tende a diminuir o tempo de viagem, o custo de frete e as incertezas enfrentadas por moradores, trabalhadores e estudantes que cruzam o rio diariamente.
Além do impacto local, a ponte é considerada o primeiro elo rodoviário permanente ligando o Amapá à malha federal, por meio da BR-156/AP. Esse papel estratégico reduz o isolamento histórico do estado e amplia seu potencial econômico e logístico, favorecendo cadeias produtivas florestais, agrícolas e minerais em toda a região de influência do Rio Jari.
Como a ponte do Rio Jari se desenvolveu historicamente e qual é a situação atual?
O projeto da ponte do Rio Jari surgiu no início dos anos 2000, em um cenário de expansão das rodovias na Amazônia, passando por diferentes gestões, contratos e revisões técnicas. Danos em pilares causados por embarcações, dificuldades logísticas em área de floresta e ajustes estruturais prolongaram prazos e elevaram custos, que giram em torno de R$ 21 milhões até meados da década de 2020.
Em 1º de outubro de 2020, um Termo de Execução Descentralizada entre MInfra/DNIT e MDR marcou nova fase ao prever anteprojetos de conclusão da ponte e de cerca de 12 quilômetros de acessos na BR-156/AP. Inserida na Rota de Integração 01 do Novo PAC, a obra segue em andamento, ainda distante da operação integral, dependendo de novos aportes e ajustes finais de engenharia.
Quais fatores explicam os atrasos na conclusão da ponte do Rio Jari?
Os atrasos na ponte sobre o Rio Jari decorrem de combinação de problemas institucionais, técnicos e logísticos, como investigações de contratos, mudanças de prioridades governamentais e ausência de orçamento contínuo. As condições ambientais do rio e da floresta, com cheias, estiagens e grande circulação de balsas, também dificultam a execução das obras.
Entre os fatores mais recorrentes apontados por órgãos técnicos e pela população estão desafios que influenciam diretamente o cronograma e os custos do empreendimento:
- Dificuldade de acesso para equipes, materiais e equipamentos;
- Clima com chuvas prolongadas, cheias e variações de nível do rio;
- Necessidade de compatibilizar a obra com a navegação de balsas;
- Revisões de projeto, reforços estruturais e reavaliações técnicas;
- Oscilações orçamentárias e paralisações em diferentes gestões.
Quais são os impactos atuais e futuros da ponte do Rio Jari para a população?
Enquanto a ponte do Rio Jari permanece inacabada, a travessia por balsa segue sujeita a filas, imprevistos mecânicos e interrupções, afetando estudantes, pacientes, trabalhadores e pequenos comerciantes. Esse cenário compromete serviços essenciais de saúde, educação e comércio entre Laranjal do Jari e Monte Dourado.
No campo econômico, o atraso reduz o potencial da Rota de Integração 01, encarecendo fretes e aumentando prazos de entrega de mercadorias, incluindo alimentos perecíveis e medicamentos. Com a ponte em funcionamento, espera-se maior segurança, redução do tempo de viagem, melhor escoamento de produtos e integração mais eficiente entre Amapá, Pará e demais regiões brasileiras.
Confira a seguir o vídeo do perfil Rota Geográfica, que conta com 20 mil curtidas no TikTok, que mostra a importância da ponte para o Amapá:
@rotageografica ♬ som original – Rota Geográfica
Quais são as perspectivas para a ponte do Rio Jari nos próximos anos?
As perspectivas para os próximos anos apontam para retomada gradual das intervenções, condicionada à liberação de recursos e ao avanço de estudos e licitações vinculadas ao Novo PAC. A inclusão da ponte em um planejamento mais amplo de infraestrutura para a Amazônia reforça seu caráter estratégico para a logística regional.
O acompanhamento por sociedade civil, entidades locais e órgãos de controle é visto como essencial para garantir transparência sobre prazos, etapas e valores. A forma como a obra será conduzida pode servir de referência para outros projetos na floresta amazônica, fortalecendo boas práticas de gestão, fiscalização e participação social em grandes empreendimentos de integração territorial.