A mudança nas regras do saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) alterou de forma significativa o mercado de crédito pessoal no país, pois ao limitar a forma como o trabalhador pode antecipar esses recursos, afetou diretamente bancos, financeiras e consumidores que utilizavam essa modalidade como complemento de renda ou alternativa de financiamento.
O que mudou na regra do saque-aniversário do FGTS?
A modalidade de saque-aniversário permite que o trabalhador retire, todos os anos, uma parcela do saldo do FGTS no mês de seu aniversário. Com o tempo, bancos e financeiras passaram a oferecer a antecipação desses valores futuros, liberando o montante de uma só vez em troca do pagamento de juros.
Com a nova regulamentação em 2024, foi limitada a apenas uma por ano a operação de antecipação, além de critérios mais rígidos para análise de risco e concessão. Antes, era possível contratar várias antecipações em sequência, o que ampliava o volume de crédito lastreado no mesmo saldo de FGTS.
Como as novas regras do saque-aniversário impactam o crédito pessoal?
Dados recentes do Banco Central indicam que, em novembro, as concessões de crédito pessoal não consignado sofreram queda expressiva, em torno de um terço na comparação com o mês anterior. Esse recuo está diretamente associado à menor oferta de operações vinculadas ao FGTS como garantia.
Na prática, o saque-aniversário vinha funcionando como alternativa intermediária entre o crédito consignado tradicional e o crédito pessoal comum, geralmente mais caro. Com a limitação de antecipações, o mercado ajustou limites, prazos e taxas, reduzindo aprovações e valores liberados, especialmente para quem tem renda mais baixa.
Quais são os efeitos para bancos, trabalhadores e o mercado de crédito?
Para o sistema financeiro, a mudança exige revisão de produtos, metas e políticas de risco, reduzindo a dependência do FGTS como lastro de empréstimos. Bancos e financeiras redesenham ofertas de crédito pessoal e buscam outras garantias, como veículos, imóveis ou recebíveis.
Do ponto de vista do trabalhador, os efeitos são práticos e imediatos, exigindo mais cuidado na contratação de crédito e no planejamento financeiro. Entre os principais impactos no dia a dia, destacam-se:
- Menor facilidade para contratar diversas antecipações atreladas ao mesmo saldo do FGTS;
- Redução do risco de endividamento excessivo com múltiplos empréstimos sobre o fundo de garantia;
- Necessidade de avaliar se vale manter a adesão ao saque-aniversário ou retornar ao saque-rescisão;
- Maior atenção às taxas de juros, prazos e custos adicionais antes de aceitar propostas de crédito.
Quais cuidados tomar ao usar crédito vinculado ao FGTS?
Especialistas em finanças pessoais reforçam que o crédito atrelado ao FGTS, embora mais barato que o pessoal comum em muitos casos, ainda é uma dívida e exige planejamento. É importante considerar o impacto no orçamento, na reserva de emergência e na proteção em caso de demissão.
Por isso, recomenda-se comparar alternativas de financiamento, como consignado, renegociação de dívidas ou uso de garantias diferentes. Em muitas situações, reorganizar gastos e adiar compras pode ser mais vantajoso do que comprometer o saldo do FGTS com juros.
O que esperar do saque-aniversário do FGTS nos próximos anos?
As mudanças recentes reforçam o papel do FGTS como instrumento de proteção trabalhista, limitando seu uso como base para múltiplos empréstimos. A tendência é que o saque-aniversário permaneça como opção para parte dos trabalhadores, mas com menor participação nas estatísticas de crédito pessoal.
Em 2025, o cenário ainda é de adaptação, com instituições financeiras ajustando produtos e trabalhadores reavaliando a adesão à modalidade. O comportamento das concessões de crédito indicará se o mercado criará novos formatos de financiamento ou se o uso do FGTS como garantia seguirá em escala reduzida, tornando o planejamento financeiro das famílias ainda mais relevante.
