O debate em torno das condições de cumprimento de pena do ex-presidente Jair Bolsonaro ganhou um novo capítulo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a visita do vereador Carlos Bolsonaro ao pai, ao negar a mudança de data solicitada pela defesa para o dia do aniversário do filho, em ação penal ligada à tentativa de golpe de Estado.
Por que Alexandre de Moraes negou o pedido de Bolsonaro?
O ministro Alexandre de Moraes rejeitou o pedido para que a visita de Carlos Bolsonaro, agendada para quinta-feira (4/12), fosse remarcada para domingo (7/12), dia do aniversário do vereador. Ele ressaltou que as visitas na Superintendência da Polícia Federal em Brasília seguem normas internas que preveem, atualmente, encontros às terças e quintas-feiras pela manhã.
Segundo Moraes, as regras da PF são de cumprimento obrigatório, voltadas à segurança e à organização do estabelecimento, e não cabe ao preso escolher livremente dias e horários. Por se tratar de cumprimento de pena definitiva, em caso de grande repercussão nacional, a alteração sugerida foi considerada incompatível com o regime de visitas da unidade. Veja a publicação de Carlos:
– Pedi para visitar meu pai, mesmo que fosse pelos 30 minutos estabelecidos, no dia do meu aniversário, agora no dia 7 de dezembro e o pedido foi indeferido por Alexandre de Moraes!
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) December 3, 2025
Como a visita de Carlos se tornou um tema judicial?
Carlos Bolsonaro está autorizado a visitar Jair Bolsonaro nas datas fixadas pelo regulamento da PF, mas alegou impossibilidade de comparecer na terça-feira anterior por compromissos e viagem a Chapecó (SC). A defesa pediu a remarcação para o domingo seguinte, destacando o caráter simbólico e afetivo da data para pai e filho.
Os advogados argumentaram que o pleito tinha caráter humanitário e basearam-se em portaria interna da PF que prevê visitas preferencialmente às terças e quintas, mas admite exceções. Moraes, porém, considerou que, diante do contexto de tentativa de golpe de Estado, risco de fuga e necessidade de padronização, não havia motivo suficiente para flexibilizar a rotina de visitas.
Qual é a situação atual de Jair Bolsonaro na Polícia Federal?
Jair Bolsonaro está preso desde 22 de novembro, após decisão de Alexandre de Moraes que determinou a prisão preventiva por risco de fuga e descumprimento de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica. Dias depois, o ministro reconheceu o trânsito em julgado da ação penal da chamada “trama golpista” e converteu a situação em cumprimento de pena definitiva.
Atualmente, Bolsonaro cumpre pena de 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado e outros quatro crimes, em cela na Superintendência da PF em Brasília. As normas internas do local regulam segurança, visitas e movimentação, e, segundo Moraes, devem ser aplicadas de modo uniforme, ainda que se trate de ex-presidente e de caso de alta visibilidade.
Quais os impactos do caso?
O episódio reacende a discussão sobre até que ponto situações familiares especiais podem justificar exceções nas regras de visitação no sistema penal. De um lado, a defesa invocou a preservação de laços afetivos e datas simbólicas; de outro, a decisão judicial reforçou que a escolha de datas e horários não pode ser livre, sob pena de esvaziar o regulamento prisional.
Na prática, o caso Bolsonaro se insere em debate mais amplo sobre a aplicação uniforme das regras para todos os condenados, sem afastar garantias mínimas como contato com familiares. Especialistas em direito penal e de execução penal apontam que decisões como essa tendem a priorizar a padronização e a segurança institucional, mas mantêm espaço para exceções estritamente justificadas, como situações médicas graves.
FAQ sobre Bolsonaro
- Alexandre de Moraes pode flexibilizar regras de visita da PF? Pode analisar pedidos específicos, mas, neste caso, entendeu que não havia justificativa suficiente para afastar as normas gerais de visitação.
- Carlos Bolsonaro ainda pode visitar o pai em outras datas? Sim. A visita está autorizada dentro dos dias e horários estabelecidos pela Polícia Federal, especialmente às terças e quintas-feiras pela manhã.
- A decisão sobre a visita muda a pena de Jair Bolsonaro? Não. A negativa de alteração da data diz respeito apenas à rotina de visitas e não interfere no tempo de pena ou no regime de cumprimento.
- Outros familiares podem pedir exceções semelhantes? Podem apresentar pedidos por meio da defesa, mas cada solicitação é analisada caso a caso, à luz das regras da PF, da legislação de execução penal e das decisões judiciais em vigor.
