O anúncio de uma megafábrica de celulose com investimento previsto de R$ 25 bilhões, no município de Inocência, em Mato Grosso do Sul, coloca o setor de papel e celulose no centro do debate econômico em 2025, despertando atenção pela dimensão da obra, pelo impacto esperado em geração de renda, empregos e infraestrutura, bem como pelos desafios sociais e ambientais associados a um empreendimento desse porte em uma cidade com pouco menos de 9 mil habitantes.
O que envolve o Projeto Sucuriú e a megafábrica de celulose?
A megafábrica de celulose da Arauco está planejada para ocupar uma área industrial de aproximadamente 3,5 mil hectares, em uma região marcada pela expansão do chamado “Vale da Celulose” em Mato Grosso do Sul. O projeto prevê capacidade produtiva de cerca de 3,5 milhões de toneladas anuais de fibra de eucalipto, o que posiciona o complexo entre os maiores do mundo nesse segmento, sustentado por cerca de 400 mil hectares de florestas plantadas.
Além da produção de celulose de fibra curta, o empreendimento incorpora soluções de bioenergia e reaproveitamento de resíduos industriais. A empresa finlandesa Valmet foi escolhida como principal fornecedora de tecnologia, com unidades de gaseificação para biocombustível, caldeira de biomassa e caldeira de recuperação química de grande porte, ampliando a eficiência energética e reduzindo desperdícios no processo produtivo.
Como o investimento de R$ 25 bilhões impacta Inocência e a região?
O volume de investimentos concentrado em um único município traz reflexos econômicos e sociais significativos, especialmente na geração de empregos diretos e indiretos. A expectativa de 14 mil vagas na fase de construção e 6 mil na operação supera com folga o número de moradores de Inocência, intensificando debates sobre migração, infraestrutura urbana e planejamento público.
Com a cadeia florestal e industrial se estruturando na região, especialistas em desenvolvimento regional apontam efeitos que podem transformar o perfil produtivo de Inocência e municípios vizinhos, como o fortalecimento da arrecadação e a diversificação de serviços locais e regionais.
- Aumento da arrecadação de impostos municipais e estaduais, com reflexos em saúde, educação e infraestrutura;
- Expansão de serviços como hospedagem, alimentação, transporte e comércio varejista;
- Demanda por capacitação de mão de obra local, com cursos técnicos e treinamentos específicos;
- Pressão sobre moradia e serviços públicos diante de um possível influxo de trabalhadores de outras regiões.
Quais são os desafios de sustentabilidade da megafábrica de celulose?
A palavra-chave “megafábrica de celulose” costuma vir acompanhada de debates sobre sustentabilidade, uso da terra e recursos naturais em larga escala. No Projeto Sucuriú, a produção dependerá de florestas plantadas de eucalipto, modelo visto como alternativa ao desmatamento de florestas nativas, mas que suscita discussões sobre água, biodiversidade e relações com comunidades rurais.
Empreendimentos desse porte dependem de licenciamento ambiental, com estudos de impacto, audiências públicas e condicionantes a serem cumpridas ao longo das fases de implantação e operação. A forma como a empresa gerirá recursos hídricos, manejo florestal, emissões e diálogo social influenciará a percepção pública e a legitimidade do projeto no médio e longo prazo.
O que a megafábrica representa para o setor de celulose no Brasil?
O investimento da Arauco em Inocência reforça a posição do Brasil como um dos principais produtores globais de celulose de eucalipto, apoiado em clima favorável e alta produtividade florestal. A entrada de um novo complexo de grande escala tende a intensificar a competição, ampliar a oferta de fibra no mercado internacional e consolidar o “Vale da Celulose” como polo estratégico de exportação.
Para Mato Grosso do Sul, o Projeto Sucuriú se soma a outros empreendimentos florestais e industriais, consolidando a região como polo de celulose e bioenergia. Até o início previsto de operação, no fim de 2027, o andamento das obras, a chegada de trabalhadores e a articulação com políticas públicas locais serão acompanhados por gestores, pesquisadores e moradores, fazendo do caso de Inocência uma referência sobre como grandes investimentos industriais podem transformar cidades pequenas em múltiplas dimensões.
