Uma pequena cidade do interior de Mato Grosso do Sul está no centro de um dos maiores projetos industriais em andamento no Brasil. Trata-se de uma megafábrica de celulose que promete alterar a rotina local, movimentar a economia regional e criar oportunidades de trabalho em escala inédita para a região, com investimento de cerca de R$ 25 bilhões que coloca o município no radar de grandes empreendimentos nacionais.
O que é a megafábrica de celulose Sucuriú em Inocência?
O projeto, conhecido como megafábrica de celulose Sucuriú, pertence ao grupo chileno Arauco e está em fase inicial de construção em Inocência (MS), cidade com menos de 9 mil habitantes. A previsão de geração de empregos supera a população local, o que tende a desencadear mudanças urbanas, sociais e econômicas até o início da operação, previsto para 2027.
O foco principal será a produção de celulose de eucalipto em larga escala, com capacidade estimada em cerca de 2,5 milhões de toneladas por ano, segundo o Imasul. O complexo industrial, com aproximadamente 3,5 mil hectares, incluirá instalações industriais, áreas de apoio, estruturas logísticas e sistemas ambientais de controle e monitoramento.
Como será a produção de celulose de eucalipto na megafábrica?
Essa unidade é considerada de grande porte na indústria de papel e celulose, colocando o empreendimento entre os maiores do país. A escolha pelo eucalipto está ligada ao ciclo de crescimento rápido da árvore e ao uso consolidado da matéria-prima em cadeias produtivas diversas.
A celulose produzida poderá atender ao mercado interno e à exportação, com foco em papéis sanitários, embalagens, papéis especiais e derivados para a indústria química. O projeto também prevê investimentos em tecnologia para aumentar eficiência produtiva, qualidade da fibra e rastreabilidade da madeira utilizada.
Quais empregos serão gerados pelo Projeto Sucuriú?
Um dos pontos centrais do projeto é a geração de empregos em diferentes etapas, desde as obras até a operação contínua da fábrica. Durante a fase de construção, a projeção é de cerca de 14 mil postos de trabalho, somando-se a isso milhares de vagas indiretas em serviços locais.
Após o início da operação industrial, estimado para 2027, a expectativa é de manutenção de cerca de 6 mil empregos permanentes. Esses postos envolverão funções industriais, administrativas, logísticas e de serviços associados, atraindo trabalhadores de outras regiões e estimulando migração interna.
Nesse contexto, a distribuição das vagas tende a se organizar em frentes de trabalho distintas ao longo do ciclo do empreendimento:
- Empregos na obra: foco em construção civil, montagem industrial e serviços temporários;
- Vagas permanentes: operação de máquinas, manutenção, gestão industrial e áreas de suporte;
- Trabalho indireto: crescimento de comércio, alimentação, transporte, hospedagem e serviços diversos.
Por que a megafábrica é considerada um projeto estratégico para o Brasil?
Além do tamanho do investimento, a megafábrica de celulose Sucuriú se destaca por combinar produção industrial com geração de energia a partir de biomassa. O projeto prevê a produção de mais de 400 megawatts (MW) de energia, dos quais cerca de 220 MW devem ser disponibilizados ao Sistema Interligado Nacional.
A utilização de biomassa, gerada pelos resíduos do próprio processo industrial, reduz o uso de fontes fósseis e aumenta a eficiência energética do complexo. Essa característica alinha o empreendimento às práticas de energia limpa, tema central em projetos industriais no Brasil e no mundo em 2025, fortalecendo a competitividade do setor de papel e celulose nas exportações.
Quais transformações a megafábrica pode trazer para Inocência e região?
A instalação da megafábrica em Inocência deve provocar mudanças estruturais, com crescimento populacional impulsionado pela chegada de trabalhadores, famílias e empresas prestadoras de serviço. Esse movimento tende a pressionar o mercado imobiliário, valorizando terrenos, elevando aluguéis e estimulando novos loteamentos planejados.
Outra consequência prevista é o aumento da arrecadação municipal, com novos impostos ligados à atividade industrial e à circulação de mercadorias. Com mais recursos, o poder público terá desafios adicionais em planejamento urbano, infraestrutura, saúde, educação, saneamento e mobilidade, além de fortalecer rodovias e rotas logísticas no Centro-Oeste para integrar melhor a região aos grandes centros.