A atuação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre suplementos alimentares e outros produtos tem ganhado destaque nos últimos anos, principalmente diante do aumento de itens irregulares no mercado. Entre 2020 e 2025, o setor de suplementos passou a liderar o ranking de infrações sanitárias no Brasil, o que motivou ações mais rígidas de fiscalização, recolhimento e proibição de venda.
O que são suplementos alimentares irregulares e por que representam risco?
Suplementos alimentares irregulares são produtos vendidos sem cumprir exigências da Anvisa, como registro, notificação, composição permitida, rotulagem correta e alegações de uso autorizadas. Frequentemente prometem energia, emagrecimento, aumento de massa muscular ou benefícios terapêuticos sem comprovação científica robusta, o que eleva o risco à saúde pública.
As irregularidades incluem ingredientes não avaliados, misturas em doses inadequadas, ausência de instruções de uso, público indicado ou advertências no rótulo. Também é comum o uso de expressões apelativas que sugerem cura de doenças ou resultados rápidos, prática proibida pela legislação sanitária e combatida pela Anvisa.
Por que a ora-pro-nóbis e outros suplementos passaram a ser alvo da Anvisa?
A planta ora-pro-nóbis, tradicionalmente usada em preparações culinárias, passou a aparecer em cápsulas e pós com promessas de aumento de energia e benefícios nutricionais específicos, sem registro ou notificação na Anvisa. A agência avaliou que não havia comprovação suficiente de segurança e eficácia para seu uso como suplemento, o que torna esses produtos irregulares.
Casos semelhantes ocorreram com pós para preparo de bebida vegetal contendo proteína de fava hidrolisada, também sem avaliação prévia. Quando um ingrediente novo ou uma forma de uso diferente é proposta, é obrigatório um processo de análise técnica antes da comercialização, sob pena de infração sanitária e recolhimento.
- Falta de registro ou notificação dos produtos junto à Anvisa;
- Promessas de benefícios sem comprovação científica adequada;
- Uso de ingredientes sem avaliação prévia para a forma de consumo proposta;
- Rótulos incompletos ou com linguagem que induz o consumidor a erro.
Como a creatina deve ser usada em alimentos e suplementos?
A creatina é autorizada pela Anvisa apenas em suplementos alimentares destinados a adultos, com indicações específicas e limites de uso. Quando aparece em alimentos convencionais, como picolés, sorvetes ou bebidas prontas, há descumprimento das normas, pois a substância não é permitida nessas categorias.
Nessa situação, o produto é classificado como alimento com substância não autorizada para aquela categoria, o que pode expor crianças e adolescentes à creatina, sem orientação sobre dose, frequência e público-alvo. Por isso, a Anvisa costuma suspender fabricação, distribuição e venda sempre que identifica esse desvio.
- Verificar se a creatina está sendo usada apenas em suplementos aprovados;
- Checar se a rotulagem indica claramente que se trata de suplemento para adultos;
- Evitar produtos convencionais (sorvetes, picolés, bebidas) que tragam creatina na composição.
O que aconteceu com o vinagre de maçã no Brasil?
Além de suplementos alimentares irregulares, a fiscalização da Anvisa atinge alimentos de uso diário, como o vinagre de maçã. Em caso recente, um lote apresentou concentração elevada de dióxido de enxofre, aditivo que precisa ser claramente declarado no rótulo, e a ausência dessa informação configurou falha de rotulagem.
Quando um aditivo não é informado, pessoas com sensibilidade ou restrição a determinadas substâncias ficam expostas sem saber. A suspensão do lote, o recolhimento dos produtos e a obrigação de comunicação aos distribuidores e consumidores são medidas previstas para restaurar a segurança e a transparência.
Como identificar suplementos alimentares irregulares no dia a dia?
Com o aumento de suplementos alimentares irregulares, tornou-se essencial verificar informações básicas antes da compra. A Anvisa recomenda conferir o número de registro ou notificação no site da agência e desconfiar de promessas exageradas de resultados rápidos, cura ou emagrecimento imediato.
Além disso, é importante observar se o rótulo indica público-alvo, modo de uso e advertências obrigatórias, evitando produtos com mistura excessiva de substâncias e alegações vagas. A seguir, alguns cuidados práticos podem ajudar o consumidor a fazer escolhas mais seguras.
- Conferir se há registro ou notificação na Anvisa;
- Observar se o rótulo indica o público-alvo e as instruções de uso;
- Desconfiar de alegações de cura, emagrecimento imediato ou “efeito garantido”;
- Buscar informações em canais oficiais sobre alertas e produtos suspensos.
