No cenário atual do agronegócio brasileiro, a Ferrovia de Mato Grosso surge como um dos projetos mais relevantes para o escoamento de grãos no país, ao ligar áreas produtoras a importantes corredores logísticos nacionais e priorizar o transporte sobre trilhos, reorganizando fluxos de carga que hoje dependem majoritariamente de rodovias.
O que é a Ferrovia de Mato Grosso e como funciona sua conexão logística?
A Ferrovia de Mato Grosso (FMT) é um corredor ferroviário projetado para conectar regiões produtoras de soja, milho e outros grãos a um megaterminal logístico em Rondonópolis, integrado à Malha Norte e às rotas que levam aos principais portos do país. Com cerca de 743 quilômetros de extensão, o traçado inclui ramais para municípios estratégicos, como o eixo entre Rondonópolis e Lucas do Rio Verde, com previsão de ligação futura a Cuiabá.
Baseada em um modelo de investimento 100% privado e autorização estadual pioneira, a FMT foi estruturada em etapas para compatibilizar construção, captação de recursos e crescimento de demanda. Esse arranjo reforça seu papel como eixo de escoamento de cargas do Centro-Oeste e coloca o projeto no centro das discussões sobre competitividade do agronegócio brasileiro em 2025.
Como a Ferrovia de Mato Grosso reduz custos de frete e aumenta a competitividade?
Em trajetos de longa distância, o transporte ferroviário tende a ser mais competitivo que o rodoviário, especialmente para grãos, fertilizantes e insumos em grande volume. Estimativas de mercado indicam potencial de redução de até 50% nos custos logísticos em comparação com rotas feitas exclusivamente por caminhões, dependendo da distância e do tipo de carga.
Essa economia decorre da maior capacidade por composição, menor consumo de combustível por tonelada e redução de pedágios e manutenção de frota. Entre os principais beneficiados, destacam-se:
- Produtores rurais, com aumento da margem de lucro e maior previsibilidade de frete;
- Indústrias processadoras, com recebimento mais regular de matérias-primas;
- Exportadores, com fluxo estável em direção a Santos e outros portos;
- Regiões atendidas, que atraem armazéns, indústrias e serviços logísticos.
Como está estruturada a construção da Ferrovia de Mato Grosso?
A construção da FMT foi planejada em fases, com início em 2022 e um primeiro trecho de cerca de 160 quilômetros entre Rondonópolis e a região de Dom Aquino e Campo Verde. A previsão é que essa etapa inicial entre em operação em 2026, permitindo o escoamento ferroviário antes da conclusão de todo o traçado.
O avanço físico inclui terraplenagem, implantação de trilhos e dezenas de pontes, viadutos e túneis para superar desníveis e cursos d’água com segurança. Uma fábrica de dormentes em Rondonópolis foi instalada para atender à demanda da via permanente e acelerar o cronograma de montagem dos trilhos com um avanço diário de até um quilômetro.
Quais são os impactos econômicos e ambientais da Ferrovia de Mato Grosso?
A FMT tem potencial para ampliar de forma consistente a competitividade do agronegócio, ao reduzir custos, diminuir filas em rodovias e portos e dar maior previsibilidade ao escoamento da safra. A integração com a Malha Norte amplia o alcance internacional da produção, conectando o Centro-Oeste a portos de grande movimento e a novos mercados.
Do ponto de vista ambiental, o modal ferroviário emite menos CO₂ por tonelada-quilômetro do que os caminhões, contribuindo para metas de sustentabilidade. A transferência gradual de cargas das rodovias para os trilhos tende a reduzir emissões, acidentes, consumo de combustível fóssil e o desgaste da infraestrutura rodoviária.
Quais desafios e perspectivas cercam a expansão da Ferrovia de Mato Grosso?
O projeto enfrenta desafios como compatibilizar o calendário de obras com o regime de chuvas, lidar com a topografia variada e cumprir rigorosos licenciamentos ambientais e fundiários. Fatores macroeconômicos, como juros e custo de crédito, também influenciam o ritmo dos investimentos privados previstos, em torno de R$ 5 bilhões.
Ao mesmo tempo, a FMT integra um movimento mais amplo de retomada do modal ferroviário no Brasil, com estudos de novos ramais para Cuiabá e outros polos do Centro-Oeste. À medida que os primeiros trechos entrarem em operação e comprovarem redução de custos e ganhos de eficiência, a tendência é de expansão da malha ferroviária e consolidação dos trilhos como peça-chave no escoamento da produção agrícola nacional.