A paralisação dos trabalhadores dos Correios em sete estados reacende o debate sobre direitos trabalhistas, reestruturação e situação financeira da estatal em 2025. Nesta terça-feira (16/12), a greve geral por tempo indeterminado, aprovada por sindicatos em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará e Paraíba, atinge diferentes áreas da empresa e deve gerar impacto direto na distribuição de cartas, encomendas e serviços logísticos, em meio a um rombo bilionário e a disputas sobre manutenção de benefícios.
Quais são as principais reivindicações na greve dos Correios?
Entre os pontos centrais da greve dos Correios está a manutenção do adicional de férias de 70%, benefício visto pelos trabalhadores como conquista histórica. As entidades também defendem o pagamento em dobro por trabalho aos fins de semana e um vale-refeição ou alimentação de R$ 2,5 mil, em duas parcelas, apelidado de “vale-peru”, voltado especialmente ao período de fim de ano.
Os sindicatos afirmam que a direção da estatal não apresentou proposta econômica consistente e tenta reduzir direitos já consolidados. Em Minas Gerais, a categoria diz que há ataques ao plano de saúde, risco ao adicional de férias de 70%, tentativa de extinguir a entrega matutina, cortes de benefícios extras e mudanças operacionais com o Sistema de Distritamento (SD), considerado prejudicial ao trabalho diário.
Como o contexto financeiro dos Correios influencia a greve?
A greve nos Correios ocorre em meio a forte pressão sobre as contas da empresa, com déficit acumulado superior a R$ 6 bilhões até setembro. Para enfrentar a crise, a estatal busca empréstimo com garantia do Tesouro Nacional e adota um plano de reestruturação que inclui redução de despesas e revisão de benefícios.
Uma proposta inicial de empréstimo de R$ 20 bilhões foi rejeitada, em grande parte pela taxa de juros considerada alta pelos órgãos de controle, e deu lugar a uma contraproposta de cerca de R$ 12 bilhões. Paralelamente, o Plano de Demissão Voluntária (PDV), que mira cerca de 15 mil desligamentos até 2027, é visto pelos trabalhadores como sinal de enxugamento do quadro, possível avanço de terceirizações e perda de capacidade operacional própria.
Qual é o papel da mediação do TST?
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) atua como mediador entre sindicatos e direção dos Correios, buscando um acordo que concilie limites orçamentários e demandas trabalhistas. Em negociações desse tipo, o tribunal pode sugerir ajustes graduais, prazos diferenciados ou manutenção parcial de benefícios, sempre condicionado à viabilidade financeira apresentada pela estatal.
Outras categorias acompanham a paralisação dos Correios como indicador de tendências no serviço público, especialmente quanto à preservação de direitos e à valorização salarial. Entidades como o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) manifestam apoio à greve, relacionando o caso a um processo mais amplo de desvalorização, cortes de benefícios e fortalecimento de pautas de privatização e terceirização.
Quais serviços dos Correios são mais afetados durante a greve?
Nos próximos dias, o impacto da greve dos Correios deve variar conforme a adesão regional ao movimento e as propostas apresentadas na mesa de negociação. Usuários podem enfrentar atrasos em entregas, remanejamento de rotas e priorização de cargas consideradas essenciais, enquanto a empresa pode adotar esquemas de contingência e horas extras para reduzir os efeitos da paralisação.
Para entender melhor como o movimento atinge o dia a dia da população e dos órgãos públicos, é útil observar quais serviços costumam sofrer mais alterações, assim como as garantias mínimas que geralmente são preservadas em períodos de greve:
- Distribuição domiciliar: cartas, encomendas e logística integrada tendem a registrar atrasos e mudanças de rota.
- Documentos oficiais: notificações judiciais, comunicados e boletos enviados por correspondência podem sofrer atraso.
- Atendimento mínimo: costumam ser mantidas equipes de plantão, com nível de serviço definido em acordo ou decisão judicial.
- Remuneração dos grevistas: a legislação permite desconto dos dias parados, mas ao fim do movimento podem ser negociadas compensações ou acordos específicos.
FAQ sobre greve dos Correios
- A greve tem prazo para terminar? Não. A paralisação foi aprovada por tempo indeterminado e o fim depende de acordo nas negociações entre sindicatos, Correios e mediação do TST.
- Clientes podem ser indenizados por atrasos ou prejuízos? Em geral, atrasos causados por greve não geram indenização automática, mas casos específicos podem ser analisados conforme o tipo de serviço contratado.
- A greve pode acelerar privatização ou mudanças estruturais nos Correios? Embora não haja decisão formal, o movimento ocorre em um contexto de reestruturação e pode influenciar debates sobre terceirização, redução de custos e o futuro da estatal.