O golpe do falso advogado ganhou espaço no Brasil nos últimos anos e passou a utilizar informações reais para dar aparência de legalidade. Criminosos se passam por profissionais da advocacia ou por funcionários de escritórios jurídicos, explorando a confiança de pessoas que têm processos judiciais, precatórios ou valores a receber. A prática se apoia em dados verdadeiros e documentos forjados para convencer as vítimas a fazer pagamentos antecipados que jamais retornam.
O que é o golpe do falso advogado e por que ele é tão preocupante?
A expressão golpe do falso advogado descreve a atuação de grupos que se apropriam de identidades, registros da OAB, fotos e até nomes de escritórios verdadeiros para extorquir dinheiro. Em muitos casos, a vítima pesquisa o nome do profissional, encontra um advogado real e, ainda assim, está falando com criminosos que usam perfis falsos, números descartáveis e sites clonados.
Esse tipo de fraude preocupa porque explora um ambiente que normalmente inspira confiança: a advocacia e o Poder Judiciário. Com a digitalização de processos, torna-se mais fácil acessar dados sensíveis, como números de ações, valores estimados e histórico de decisões, o que alimenta golpes sofisticados e de difícil identificação.
Como funciona o golpe do falso advogado na prática?
O funcionamento do golpe segue etapas repetidas em várias regiões do país. Primeiro, há a coleta de informações em bancos de dados públicos, sites de tribunais, redes sociais ou até vazamentos ilícitos, especialmente envolvendo processos com expectativa de recebimento de valores, como atrasados previdenciários e precatórios.
Depois de selecionar as vítimas, os criminosos fazem contato telefônico ou por aplicativos de mensagem, passando-se por advogados, estagiários ou assistentes jurídicos. Usam dados precisos do processo, linguagem técnica e documentos forjados para convencer a vítima de que há uma quantia já liberada, exigindo então pagamentos prévios sob diversos pretextos.
Quais estratégias os criminosos utilizam para enganar as vítimas?
Após conquistar certa confiança, os golpistas enviam arquivos que imitam documentos oficiais, com brasões, timbres de tribunais, carimbos e assinaturas copiadas. Muitas vezes encaminham cálculos detalhados, ofícios de “liberação de crédito” e cópias reais do processo, colhidas em sites oficiais, o que torna a fraude ainda mais convincente.
O ponto central do golpe aparece quando surge a exigência de pagamento antecipado, sob rótulos como “taxa de desbloqueio”, “custas finais”, “despesas cartorárias” ou “taxa de transferência”. Na maioria das vezes, o valor é solicitado via PIX ou depósito em contas de terceiros, acompanhado de forte pressão psicológica e alegações de prazo urgente para não “perder o direito”.
Como reconhecer sinais do golpe do falso advogado?
Alguns indícios ajudam a perceber o golpe antes que o dano aconteça. Contatos inesperados prometendo liberação imediata de valores, principalmente quando condicionados a depósitos antecipados, merecem desconfiança. Também é suspeita a recusa em utilizar canais oficiais, como e-mails institucionais ou telefones fixos de escritórios reconhecidos.
Para facilitar a identificação, vale prestar atenção a sinais recorrentes que costumam aparecer nessas abordagens fraudulentas:
- Promessa de pagamento rápido de altos valores, sem explicação clara sobre o processo.
- Uso excessivo de termos jurídicos para intimidar ou confundir a vítima.
- Pedidos de sigilo absoluto, alegando “segredo de Justiça” como justificativa para evitar conferências.
- Envio de documentos com aparência oficial, mas com erros de português, dados genéricos ou divergentes.
Quais cuidados adotar para evitar o golpe do falso advogado?
Para reduzir o risco de fraudes, é essencial adotar rotinas simples de verificação e nunca decidir sob pressão. Sempre que houver dúvida, interrompa a conversa, anote os dados recebidos e faça a checagem diretamente com fontes confiáveis, como o seu advogado, a seccional da OAB ou o próprio tribunal.
Algumas medidas práticas ajudam a proteger dados pessoais e financeiros, bem como a confirmar a identidade de quem faz o contato:
- Confirmar sempre qualquer informação sobre processos com o advogado já constituído, usando telefones ou e-mails previamente conhecidos.
- Checar a inscrição da OAB em canais oficiais e contatar a seccional para verificar se o profissional atua no caso citado.
- Evitar fornecer dados pessoais e bancários por telefone, mensagem ou redes sociais sem certeza absoluta da identidade do interlocutor.
- Desconfiar de pedidos de PIX ou depósitos em contas de terceiros, principalmente vinculados a supostas taxas para liberar valores judiciais.
- Exigir atendimento por canais oficiais do escritório ou profissional, como e-mail institucional, site próprio confiável ou atendimento presencial agendado.
O que fazer ao suspeitar de um golpe do falso advogado?
Quando houver suspeita de golpe, agir com rapidez e registrar todas as evidências pode ajudar a responsabilizar os envolvidos e evitar novas vítimas. Não realize pagamentos, interrompa o contato e informe pessoas de confiança sobre o ocorrido, especialmente se você tiver um advogado constituído no processo.
Algumas providências são fundamentais para apoiar as investigações e alertar órgãos competentes sobre a fraude:
- Comunicar imediatamente o advogado de confiança, caso exista, relatando o conteúdo das mensagens recebidas.
- Registrar boletim de ocorrência na delegacia da região ou pela delegacia eletrônica do estado.
- Guardar conversas, áudios, e-mails, vídeos e documentos encaminhados, que podem servir como prova.
- Informar a seccional da OAB sobre o uso indevido do nome ou registro de profissionais reais, quando isso ocorrer.
