O debate em torno da possível candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência ganhou um novo capítulo com a declaração do senador neste domingo (7/12) de que teria “preço” para não levar a disputa até o fim, o que reacendeu discussões sobre anistia aos presos de 8 de janeiro, as estratégias do campo bolsonarista para 2026 e os limites da negociação política na sucessão presidencial.
Qual o preço de Flávio Bolsonaro para desistir da candidatura?
Durante participação em um culto evangélico no Hípica Hall, em Brasília, Flávio Bolsonaro afirmou que existe a chance de não seguir até o fim na corrida presidencial e que estaria disposto a negociar. A palavra “preço”, usada por ele, foi associada à discussão sobre uma eventual anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, mantendo o tema em suspenso e alimentando especulações.
A fala foi interpretada como recado direto ao Congresso e às lideranças partidárias com as quais o PL pretende dialogar para construir alianças. Ao dizer que “vai negociar” e que tem “preço para não ir até o fim”, o senador colocou sua pré-candidatura dentro de um tabuleiro mais amplo, em que temas sensíveis para a base bolsonarista, como a situação dos presos, podem entrar na mesa. “Olha, tem uma possibilidade de eu não ir até o fim. Eu tenho preço para isso. Eu vou negociar. Eu tenho preço para não ir até o fim. Só que eu vou falar para vocês amanhã”, disse o senador.
Qual o impacto da candidatura de Flávio Bolsonaro?
A escolha de Flávio como pré-candidato do PL não ocorreu de forma consensual e contrariou setores que defendiam um nome mais “palatável” ao centro, como Tarcísio de Freitas. A indicação reforça o discurso identitário do bolsonarismo, mas pode dificultar pontes com parte do eleitorado moderado e com partidos que buscam reduzir a polarização.
Ao mesmo tempo, o senador tenta se apresentar como um “Bolsonaro diferente”, com perfil mais centrado e discurso de “pacificação do país” para falar a mercado, elites políticas e eleitorado conservador. No campo governista, sua presença é vista como fator que tende a manter a polarização com o entorno de Lula em um confronto já familiar ao eleitor. Veja a fala de Flávio Bolsonaro:
Meu preço é @jairbolsonaro LIVRE e na URNA. Ou seja, não tem preço!!!! pic.twitter.com/U84bpS7KkQ
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) December 8, 2025
Quais são as principais negociações e próximos passos com os partidos?
Flávio Bolsonaro anunciou que se reunirá com líderes do centrão para discutir a pré-candidatura, alianças e eventuais rearranjos, caso outro nome seja considerado mais competitivo. A admissão pública de que existe “preço” para desistir abre espaço para cenários em que sua candidatura seja instrumento de barganha em votações-chave, como a anistia do 8 de janeiro.
Nesse contexto, a estratégia envolve tanto articulações de bastidor quanto gestos simbólicos, como a presença em eventos religiosos e com bases conservadoras. Entre os movimentos mais observados pelos analistas estão:
- Reuniões com Valdemar Costa Neto (PL), Antonio Rueda (União Brasil), Ciro Nogueira (PP) e Marcos Pereira (Republicanos) para medir adesões e resistências;
- Avaliação de pesquisas e cenários que podem levar à manutenção, substituição ou retirada negociada da pré-candidatura;
- Uso eventual da candidatura como ativo de pressão em pautas sensíveis ao bolsonarismo, como anistia e temas de segurança pública;
- Esforço para manter unida a base evangélica e conservadora enquanto se conversa com o centro político.
Quais são os impactos da fala e os possíveis cenários eleitorais?
A afirmação de que a candidatura tem “preço” levantou questionamentos sobre transparência, coerência política e os limites da negociação em torno de uma disputa presidencial. Para parte da classe política, a fala explicita o uso de pré-candidaturas como instrumento de pressão e de ganho de espaço, prática comum, mas raramente assumida em público.
No curto prazo, o caminho do senador tende a passar por três frentes principais, que ajudarão a definir se seu nome se consolidará ou será moeda de troca nas articulações de 2026:
- Articulação partidária: buscar apoio no PL, PP, Republicanos e União Brasil para manter, ajustar ou substituir seu papel na chapa presidencial;
- Recomposição com o mercado: reduzir desconfianças com sinais de moderação fiscal, estabilidade institucional e previsibilidade nas regras econômicas;
- Diálogo com a base bolsonarista: equilibrar o discurso conciliador com a defesa de pautas simbólicas do grupo, como o tratamento dado aos presos de 8 de janeiro.
FAQ sobre a pré-candidatura de Flávio Bolsonaro
- Flávio Bolsonaro já registrou oficialmente sua candidatura? Até o momento, o senador se apresenta como pré-candidato. O registro formal ocorre apenas no período definido pelo calendário eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mais próximo da eleição.
- A anistia aos presos de 8 de janeiro depende apenas de Flávio Bolsonaro? Não. Qualquer proposta de anistia precisa tramitar no Congresso, passando por comissões e votações na Câmara e no Senado, independentemente da posição individual de um parlamentar.
- Tarcísio de Freitas ainda pode ser candidato mesmo com Flávio na disputa? Em tese, sim. Partidos e alianças podem rever estratégias até o prazo final de definição de candidaturas, considerando pesquisas, negociações internas e cálculos regionais.
- Por que o mercado reagiu à pré-candidatura de Flávio Bolsonaro? A reação está ligada à percepção de risco político e econômico. Investidores observam histórico, discursos e alianças dos pré-candidatos para projetar impactos em responsabilidade fiscal, estabilidade institucional e ambiente de negócios.