O caso envolvendo o ex-assessor internacional da Presidência Filipe Martins ganhou novo capítulo com a estratégia adotada por sua defesa no Supremo Tribunal Federal (STF). O advogado Jeffrey Chiquini afirma ter localizado, no celular do tenente-coronel Mauro Cid, uma minuta de golpe de Estado que, segundo ele, teria sido redigida pelo próprio militar, o que indicaria uma tentativa de atribuir a Martins a autoria do documento golpista já conhecido pela Polícia Federal, desviando o foco de suas próprias ações. As informações são da coluna de Paulo Cappelli/Metrópoles.
Como a defesa de Filipe Martins analisa a nova minuta de golpe?
Segundo o advogado, o novo documento localizado no celular de Mauro Cid seria uma minuta distinta daquela que levou Filipe Martins ao banco dos réus. O texto, ainda não tornado público em detalhes, descreveria um suposto decreto para instalação de um “tribunal constitucional militar” no Brasil, associado a uma tentativa de romper a ordem democrática.
A defesa sustenta que, apesar da gravidade do conteúdo, essa minuta específica não havia sido destacada nas investigações. Para os advogados, a existência do arquivo reforça a tese de que Mauro Cid teria atuado ativamente na construção de um cenário golpista, ao mesmo tempo em que criava uma narrativa paralela para afastar de si a responsabilidade.
Como a defesa descreve a atuação de Mauro Cid?
O ponto central da nova linha defensiva é a afirmação de que o militar “queria golpe” e teria buscado convencer superiores hierárquicos a aderir ao plano, sem sucesso. A peça apresentada ao STF sugere que Cid teria levado a proposta de um tribunal militar a comandantes, que rejeitaram a ideia de ruptura institucional.
Para reforçar esse quadro, a defesa de Martins procura demonstrar que o militar não foi mero espectador, mas protagonista na elaboração de propostas que buscavam dar aparência de legalidade a um possível golpe de Estado, valendo-se de sua posição como ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Quem é apontado como autor da minuta nos autos do STF?
A palavra-chave no embate jurídico é a autoria da chamada minuta de golpe identificada pela Polícia Federal. Em delação premiada, Mauro Cid atribuiu a Filipe Martins a elaboração do documento que embasa a ação penal em curso, fotografado por ele em 28 de novembro durante reunião com integrantes do Exército.
A defesa de Martins nega que o ex-assessor tenha redigido o texto e afirma que sua participação foi superdimensionada, a partir de um relato que buscaria transferir a terceiros o protagonismo na tentativa de subversão institucional. Segundo os advogados, essa disputa sobre quem concebeu as minutas é essencial para redefinir o foco das investigações.
Como a defesa de Martins interpreta a delação de Mauro Cid?
Nesse contexto, a noção de “falsa narrativa” é central para a defesa. Chiquini sustenta que Mauro Cid teria “criado” a figura de Filipe Martins como autor intelectual da minuta golpista, justamente por saber que sua própria proposta poderia ser descoberta nos registros de seu celular e analisada por peritos.
Assim, o ex-assessor internacional aparece como alvo de uma estratégia deliberada de atribuição de culpa, e não como idealizador de um projeto de ruptura democrática. A defesa insiste que os metadados e a cronologia dos arquivos contradizem a versão apresentada por Cid em sua colaboração premiada.
Qual é o impacto desse embate para a narrativa?
O embate entre as versões de Filipe Martins e de Mauro Cid tornou-se peça importante na disputa sobre quem idealizou, redigiu e tentou colocar em prática minutas de golpe. Investigadores e analistas destacam que a definição de autoria, ainda que de rascunhos de decretos, ajuda a mapear a cadeia de comando e influência em um possível plano para alterar o curso institucional do país.
Esse cenário reforça o peso dos registros digitais na reconstrução dos fatos. Conversas, rascunhos, fotos e metadados passaram a ser decisivos em processos de alta repercussão política e jurídica, especialmente quando confrontam versões de delatores e acusados.
- Definir a autoria das minutas é essencial para apurar responsabilidades.
- Metadados e perícias digitais ganham relevância como prova técnica.
- A credibilidade da delação de Mauro Cid é diretamente colocada em xeque.
- O julgamento pode influenciar a compreensão pública sobre tentativas de golpe.
FAQ sobre o processo de Filipe Martins no STF
- Filipe Martins continua réu no STF? Sim. Filipe Martins responde a processo no STF ligado à suposta elaboração de minuta de golpe e aguarda o julgamento usando tornozeleira eletrônica.
- O que são metadados no contexto da nova minuta? Metadados são informações técnicas associadas ao arquivo, como data de criação, alterações e dispositivo utilizado, que podem indicar quem produziu o documento.
- A nova minuta é a mesma já conhecida pela Polícia Federal? Não. A defesa afirma que se trata de uma minuta diferente da que foi identificada pela PF e que teria sido redigida por Mauro Cid, com foco em um “tribunal constitucional militar”.
- Mauro Cid mantém a versão de que Martins é o autor da minuta original? De acordo com sua delação, Cid atribui a Martins a autoria da minuta fotografada em 28 de novembro, versão que é contestada pela defesa do ex-assessor.
