A discussão em torno do pedido de prisão domiciliar humanitária para Jair Bolsonaro ganhou novo capítulo com a petição apresentada por sua defesa ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando na noite desta terça-feira (9/12) autorização para novos procedimentos cirúrgicos em um hospital particular de Brasília e, em seguida, o cumprimento da pena em casa, sob alegação de quadro de saúde delicado e agravado ao longo dos últimos anos.
Quais as alegações da defesa de Bolsonaro?
O pedido se apoia em relatórios e exames médicos já anexados aos autos, que descrevem múltiplas comorbidades e problemas crônicos. A defesa afirma que Bolsonaro apresenta sequelas permanentes das cirurgias abdominais realizadas após o atentado a faca de 2018, além de episódios recorrentes de soluços persistentes e incoercíveis.
No documento ao STF, os advogados pedem autorização para internação no hospital DF Star, em Brasília, pelo tempo necessário para recuperação, sem prazo pré-definido de alta. Sustentam que se trata de doença grave, crônica, progressiva e múltipla, não de um problema pontual, exigindo ambiente hospitalar de alta complexidade.
Como a defesa descreve as sequelas médicas e as comorbidades de Jair Bolsonaro?
Entre os argumentos, os advogados mencionam manifestações das sequelas abdominais, episódios de soluços contínuos e outras comorbidades que exigiriam monitoramento constante. Afirmam que o quadro demanda estrutura hospitalar avançada, com equipe especializada e recursos para atendimento imediato.
Os relatórios médicos indicam que a continuidade do atendimento na unidade privada já familiarizada com o histórico do paciente garantiria melhor controle das complicações. A defesa cita ainda recomendações anteriores de repouso e redução de estresse, alegando que não foram plenamente seguidas em razão da agenda pública do ex-presidente.
O que é a prisão domiciliar humanitária pedida pela defesa ao STF?
Além da autorização para a nova cirurgia, o ponto central do documento é o pedido de prisão domiciliar humanitária para Jair Bolsonaro. A fundamentação está no artigo 318, inciso II, do Código de Processo Penal (CPP), que permite substituir a prisão preventiva por domiciliar em caso de pessoa com doença grave que exija cuidados especiais.
Os advogados afirmam que o quadro clínico seria incompatível, a médio e longo prazo, com permanência em unidade prisional, mesmo em dependências da Polícia Federal. Apontam precedentes do STF em que outros presos obtiveram prisão domiciliar por razões médicas, ressaltando o caráter humanitário da medida e afastando a ideia de privilégio pessoal.
Qual é a situação atual de Jair Bolsonaro?
Jair Bolsonaro está preso desde 22 de novembro na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, inicialmente em prisão preventiva em regime fechado. A custódia decorreu de episódios ligados à vigília em frente ao local e ao descumprimento de regras relativas ao uso de tornozeleira eletrônica, depois convertida em cumprimento de pena em regime fechado.
O histórico médico é usado pela defesa para justificar o pedido de nova cirurgia e de prisão domiciliar, destacando sucessivas intervenções abdominais desde 2018. A última cirurgia relatada ocorreu em setembro, para remoção de lesões de pele, conduzida pelo médico Claudio Birolini, responsável também por procedimento intestinal em abril.
Como a defesa fala sobre a estrutura hospitalar?
Para os advogados, a sequência de cirurgias e complicações reforça a necessidade de estrutura hospitalar de alta complexidade e acompanhamento por profissionais que conhecem o histórico do paciente. A transferência para o DF Star é apresentada como continuidade lógica desse tratamento especializado.
- Suporte para complicações súbitas e dores abdominais intensas;
- Monitoramento de episódios de soluços incoercíveis e seus efeitos sistêmicos;
- Redução de riscos de remoções emergenciais entre presídio e hospitais;
- Possibilidade de avaliações periódicas mais detalhadas pela mesma equipe.
Quais podem ser os próximos desdobramentos do caso no STF?
Com o protocolo da petição, a decisão cabe ao ministro Alexandre de Moraes, que poderá avaliar laudos médicos, pareceres técnicos e manifestações do Ministério Público. O cenário político e jurídico segue atento, dada a repercussão envolvendo um ex-presidente, sua saúde e os limites da flexibilização humanitária na execução penal.
O ministro pode adotar medidas graduais, combinando decisões imediatas e reavaliações futuras conforme a evolução do quadro clínico e dos fatos processuais. Eventual concessão de domiciliar humanitária ou de internação prolongada deverá ser condicionada a relatórios médicos periódicos e a mecanismos de fiscalização judicial.
FAQ sobre o pedido de prisão domiciliar humanitária
- Por que a defesa fala em “prisão domiciliar humanitária”? A expressão é usada para enfatizar que o pedido se baseia em questões médicas e em normas legais que permitem flexibilização do regime de prisão em situações de doença grave ou condição clínica relevante.
- Quem decide se Jair Bolsonaro terá direito à domiciliar? A decisão cabe ao ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos relacionados ao ex-presidente no STF, que pode deferir, negar ou exigir mais informações médicas antes de se posicionar.
- O que é o artigo 318, II, do Código de Processo Penal? É o dispositivo legal que autoriza a substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar em casos específicos, incluindo situações em que a pessoa presa tem doença grave e necessita de cuidados especiais.
- Bolsonaro pode continuar cumprindo pena no hospital? Em tese, o preso pode permanecer internado pelo período considerado necessário pela equipe médica, desde que haja autorização judicial. O tempo e as condições dessa permanência dependem da avaliação do STF e dos laudos apresentados.