O novo comercial das Havaianas para o Réveillon de 2025 provocou reação imediata entre políticos e apoiadores de direita, que enxergaram na campanha um recado indireto ao campo conservador. A peça, estrelada pela atriz Fernanda Torres, utiliza a frase “não começar 2026 com o pé direito” como ponto central do roteiro e abriu espaço para acusações de viés ideológico e convocação de boicote à marca.
Qual é a polêmica em torno do comercial das Havaianas?
No vídeo, Fernanda Torres deseja um ano novo com “os dois pés”, em vez de “pé direito”, expressão popularmente ligada à ideia de sorte. Em tom de narração publicitária, ela diz: “Desculpa, mas eu não quero que você comece 2026 com o pé direito”, sugerindo que a pessoa entre no ano com “os dois pés na porta, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde quiser”.
A mensagem busca associar a marca à ideia de movimento, ousadia e intensidade de experiências, explorando um jogo de palavras com um ditado popular. Para setores da direita, porém, a fala foi interpretada como ataque simbólico ao “direito” enquanto conceito político, potencializado pelo histórico recente de Fernanda Torres em obras ligadas à memória da ditadura militar. Veja o vídeo do comercial abaixo:
Como a direita reagiu ao comercial das Havaianas?
Neste domingo (21/12), parlamentares e bolsonaristas transformaram a expressão “pé direito” no eixo central das críticas, alegando campanha política velada contra o campo conservador. Nas redes sociais, o deputado Rodrigo Valadares (União-SE), vice-líder da Oposição na Câmara, classificou o comercial como “campanha política explícita contra a direita” e defendeu que simpatizantes optem por outras marcas.
O vereador paulistano Rubinho Nunes (União-SP) afirmou que a Havaianas teria “escancarado” uma postura ideológica ao “atacar o pé direito”, relacionando a marca ao grupo da família Moreira Salles, controlador da companhia e apontado por críticos como financiador do filme “Ainda Estou Aqui”. A vereadora Mariana Lescank (PP-RS) reforçou esse argumento e sugeriu que consumidores de direita migrem para sandálias como Cartago e Olympikus, impulsionando a expressão “boicote às Havaianas”.
Como essa polêmica se relaciona com outras tensões?
A reação ao comercial das Havaianas se soma a episódios recentes em que a direita contestou empresas e veículos de comunicação. Em dezembro de 2025, houve ataques semelhantes ao SBT, após a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro Alexandre de Moraes em evento organizado pela emissora, vista por parte do bolsonarismo como tendo “mudado de lado”.
Nesse contexto, empresas e meios de comunicação passaram a ser avaliados também pelas figuras que convidam, por campanhas que produzem e pelo discurso simbólico que constroem. Assim, a combinação entre a expressão “não começar com o pé direito”, a presença de Fernanda Torres e o vínculo com o grupo controlador da marca reforçou, para setores conservadores, a percepção de sinalização ideológica na publicidade.
O que a controvérsia sobre as Havaianas revela sobre a política?
A disputa em torno do comercial indica que, em 2025, a fronteira entre marketing e posicionamento político está cada vez mais vigiada por diferentes grupos sociais. Campanhas antes vistas apenas como criativas passam a ser lidas também por metáforas, referências ideológicas e símbolos associados a campos políticos.
Para a direita bolsonarista, o chamado ao boicote funciona como forma de pressão econômica e simbólica, usando escolhas de consumo como expressão de alinhamento ou reprovação. Já para as empresas, cresce o desafio de comunicar mensagens de impacto sem se tornarem alvos imediatos de disputas políticas nas redes sociais.
FAQ sobre o caso das Havaianas
- Havaianas fez algum posicionamento oficial sobre a polêmica? Até o momento, não houve um posicionamento público detalhado da marca especificamente sobre as críticas da direita ao termo “pé direito”.
- Por que a expressão “pé direito” é sensível nesse contexto? Além do sentido ligado à sorte no imaginário popular, a palavra “direita” é associada ao campo político conservador, o que levou parte dos críticos a enxergar um ataque simbólico à corrente ideológica.
- Quem é a atriz Fernanda Torres nessa discussão? Fernanda Torres é atriz reconhecida no cinema e na televisão e ganhou novo destaque com o filme “Ainda Estou Aqui”, que aborda a ditadura militar, tema frequentemente contestado por setores ligados ao bolsonarismo.
- Boicotes de consumidores costumam impactar grandes marcas? O impacto varia conforme a duração, o grau de adesão e a repercussão midiática, podendo afetar resultados comerciais de curto prazo e a imagem institucional a médio e longo prazos.