O avanço dos pagamentos instantâneos no Brasil transformou a relação da população com o dinheiro. Desde a criação do Pix pelo Banco Central, em 2020, transferências que antes dependiam de horário bancário passaram a acontecer em poucos segundos, a qualquer momento do dia, ampliando o acesso a serviços financeiros, mas também abrindo espaço para novas modalidades de golpe digital.
O que é o golpe do Pix e por que ele preocupa os usuários?
O chamado golpe do Pix é um conjunto de fraudes que explora o sistema de pagamentos instantâneos para desviar valores ou capturar dados bancários. O problema não está no funcionamento técnico do Pix, mas em como criminosos induzem a vítima ao erro usando engenharia social.
Mensagens falsas, ligações suspeitas e páginas clonadas simulam comunicações oficiais para convencer a pessoa a informar senhas, códigos ou a realizar transferências. A combinação de alta velocidade, sensação de urgência e desconhecimento das vítimas cria um ambiente favorável para golpes cada vez mais sofisticados.
Quais são os dados mais recentes sobre fraudes com Pix no Brasil?
De acordo com dados recentes do Banco Central, só em 2024 foram registradas 4,7 milhões de fraudes envolvendo Pix, com prejuízo estimado em R$ 6,5 bilhões. Em 2023, foram 2,6 milhões de casos, o que representa aumento de cerca de 80% em um ano.
À medida que o uso do Pix cresce entre correntistas de bancos tradicionais e digitais, também aumenta o interesse de quadrilhas especializadas. Esses grupos aproveitam falhas de atenção, falta de educação financeira digital e vulnerabilidades decorrentes de vazamentos de dados pessoais.
Como os criminosos aplicam o golpe do Pix?
Entre as estratégias mais usadas está o phishing, em que o golpista envia mensagens que imitam comunicações oficiais de bancos ou empresas. E-mails, SMS e mensagens em aplicativos informam supostos bloqueios de conta, atualizações cadastrais ou irregularidades urgentes.
Existem ainda fraudes por telefone nas quais criminosos se passam por atendentes de instituições financeiras e orientam a vítima a fazer uma “transferência de teste” ou informar códigos recebidos por SMS. Para entender melhor como essas abordagens se apresentam no dia a dia, veja alguns métodos comuns relatados:
- E-mails e SMS falsos com alertas de segurança e links que levam a páginas clonadas;
- Ligações telefônicas em que o criminoso se passa por funcionário de banco ou suporte técnico;
- Sites fraudulentos que copiam layout, logotipo e cores de instituições financeiras;
- Mensagens com ameaças de bloqueio, cobrança indevida ou perda de acesso à conta;
- Pedidos de transferências via Pix sob o pretexto de teste, estorno ou regularização de cadastro.
Como identificar golpes com Pix e reduzir os riscos?
Reconhecer sinais de alerta é essencial para se proteger de fraudes envolvendo Pix. Mensagens que exigem ação imediata, especialmente com ameaças de bloqueio ou perda de acesso, merecem desconfiança redobrada, pois bancos não pedem senhas completas ou chaves por canais informais.
Algumas práticas reduzem significativamente o risco: conferir remetentes, checar o endereço do site, evitar clicar em links recebidos e priorizar o aplicativo oficial do banco. Também é recomendável ativar autenticação em duas etapas, manter aplicativos atualizados e limitar o valor máximo de transferências, sobretudo no período noturno.
Como funciona o Mecanismo Especial de Devolução do Pix e qual o papel dos bancos?
Para reforçar a proteção dos usuários, o Banco Central implementou em 2021 o Mecanismo Especial de Devolução (MED). Esse sistema permite que instituições financeiras bloqueiem rapidamente valores em contas de destino quando há indício de fraude, aumentando as chances de recuperação do dinheiro.
Ao perceber o golpe, a vítima deve acionar o banco e solicitar a abertura do MED, que depende de análise e saldo disponível na conta de quem recebeu o Pix. Paralelamente, bancos como Caixa e Bradesco investem em monitoramento de transações, autenticação reforçada e campanhas educativas, lembrando que a segurança é compartilhada entre instituições, reguladores e usuários.