A recente propaganda da Havaianas, estrelada pela atriz Fernanda Torres, colocou a marca no centro de um debate que mistura publicidade, política e consumo. Ao mesmo tempo, veio à tona o histórico recente do CEO da Alpargatas, Liel Marcio Cintra Miranda, que integrou o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) do governo Lula, conhecido como Conselhão, reacendendo discussões sobre posicionamentos públicos de empresas em ano pré-eleitoral.
Quem é o CEO da Havaianas e qual foi seu papel no Conselhão?
Liel Marcio Cintra Miranda é o executivo que atualmente comanda a Alpargatas, empresa responsável pela marca Havaianas, e construiu carreira em grandes multinacionais de consumo.
Segundo informações da revista Oeste, e de acordo com registros publicados no Diário Oficial da União (DOU), ele foi nomeado membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável em 4 de maio de 2023, por decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 25 de junho de 2024, um novo decreto oficializou sua dispensa do conselho, após sua saída da presidência brasileira da Mondelez Internacional.
Por que a campanha da Havaianas com Fernanda Torres gerou polêmica?
A campanha publicitária da Havaianas tinha como foco o início de ano, tema recorrente em anúncios de verão e festas. Na peça, Fernanda Torres afirma que não deseja que o público comece o ano “com o pé direito”, explicando em seguida que prefere que o novo ciclo seja iniciado “com os dois pés”, conectando a mensagem ao uso do par de sandálias.
O trecho inicial foi interpretado por parte do público como uma alusão ao espectro político “de direita”, levando a críticas de parlamentares e promessas de boicote. A reação foi amplificada quando a marca restringiu comentários no Instagram, prática comum em gestão de crise digital, o que acabou aumentando ainda mais a curiosidade e a repercussão do vídeo.
Qual é a relação entre o CEO da Havaianas e o governo Lula?
A presença do CEO da Havaianas no Conselhão passou a ser mencionada junto à polêmica da campanha, embora se trate de episódios distintos. Sua participação no CDESS ocorreu em um colegiado plural, composto por representantes da sociedade civil, empresas e entidades, com foco em aconselhar o governo em temas econômicos, sociais e ambientais.
Miranda foi incluído entre os conselheiros em maio de 2023 e deixou o grupo em junho de 2024, após a mudança em sua trajetória executiva com o fim do posto na Mondelez Internacional no Brasil. Não há, nos documentos oficiais, associação entre sua dispensa e a controvérsia envolvendo a Havaianas, embora sua passagem por um órgão ligado ao governo federal seja usada em debates sobre neutralidade política de grandes marcas.
Como o caso Havaianas mostra o impacto da política na publicidade?
O episódio da Havaianas mostra como campanhas de marketing podem ganhar interpretações além da intenção original. Uma frase de efeito pensada para ser bem-humorada terminou lida como recado político em um ambiente marcado pela polarização, gerando ameaças de boicote e debates sobre limites entre criatividade, humor e ideologia.
Para o mercado publicitário e para outras grandes marcas, o caso reforça alguns pontos de atenção na comunicação, especialmente em períodos próximos a eleições e em redes sociais altamente reativas:
- Escolha de linguagem: expressões de duplo sentido podem ser politizadas em contextos polarizados.
- Calendário eleitoral: campanhas próximas a anos de eleição tendem a ser escrutinadas com mais rigor.
- Gestão de crise: decisões como restringir comentários precisam ser planejadas estrategicamente.
- Imagem corporativa: o histórico de executivos e relações institucionais pode ser resgatado e reinterpretado pelo público.
FAQ sobre o caso Havaianas
- O que é o Conselhão (CDESS)? Trata-se do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, órgão consultivo do governo federal que reúne representantes de diversos setores para discutir políticas de desenvolvimento.
- Por que o CEO da Havaianas deixou o Conselhão? Liel Marcio Cintra Miranda foi dispensado do CDESS em junho de 2024 após deixar a presidência brasileira da Mondelez Internacional, função que justificava sua presença no colegiado.
- A campanha da Havaianas foi oficialmente classificada como campanha política? Não há registro oficial de classificação da campanha como peça política. A interpretação política partiu de parte do público nas redes sociais.
- Boicotes em redes sociais costumam afetar financeiramente as marcas? O impacto varia conforme o tamanho da repercussão, a duração do debate e a resposta da empresa. Em muitos casos, o efeito é mais concentrado na imagem da marca do que em dados imediatos de vendas.