O mercado automotivo brasileiro presenciou um fenômeno financeiro alarmante entre 2024 e 2025, protagonizado pela acentuada desvalorização do Renault Kwid E-Tech. Proprietários que investiram cerca de R$ 126.652 no lançamento do modelo viram esse valor derreter para uma média de R$ 77.315 em apenas doze meses, uma perda de patrimônio impulsionada por cortes oficiais de preço da montadora e pela chegada agressiva de concorrentes com tecnologia superior.
O que causou essa queda abrupta no valor de revenda?
A depreciação acelerada não foi um acidente, mas o resultado direto da rápida obsolescência tecnológica no setor de elétricos. A introdução constante de baterias mais eficientes e com maior autonomia torna as versões anteriores menos atrativas, forçando o mercado de usados a reajustar os preços para baixo.
Além disso, a própria Renault reposicionou o preço do modelo zero quilômetro para a casa dos R$ 99 mil em 2025. Essa estratégia, necessária para manter a competitividade nas vendas de novos, gerou um efeito colateral imediato que penalizou quem já possuía o veículo na garagem.

Como a concorrência chinesa influenciou o cenário?
A entrada de marcas como BYD e GWM no Brasil alterou a régua de exigência do consumidor nacional. Essas montadoras ofereceram veículos com acabamento premium, maior espaço interno e softwares avançados por preços que rivalizavam com os compactos de entrada das marcas tradicionais.
Diante de opções mais robustas e modernas pelo mesmo valor, o consumidor passou a enxergar menos vantagem no custo-benefício do Kwid elétrico. Veja os principais fatores que aceleraram esse processo:
- Guerra de Preços: A disputa por fatia de mercado forçou reduções nas tabelas oficiais, impactando o valor residual dos seminovos.
- Evolução Tecnológica: A percepção de que a tecnologia de baterias avança como a de smartphones afasta compradores de modelos “ultrapassados”.
- Novos Entrantes: Modelos chineses entregam mais autonomia e luxo, tornando difícil a revenda de elétricos básicos.
A desvalorização atinge apenas o modelo da Renault?
O fenômeno não é exclusivo do compacto francês, afetando também veículos de segmentos superiores e SUVs recentes. A volatilidade é sistêmica em um momento de transição da indústria, onde a dúvida sobre o valor futuro do bem ainda é grande.
Modelos como o BMW iX1 e o híbrido Honda ZR-V registraram quedas próximas de 14,7% no mesmo período. Isso demonstra que mesmo marcas de prestígio não estão imunes à insegurança do mercado quanto à longevidade e liquidez das novas tecnologias.
Como proteger o patrimônio ao comprar um elétrico?
Para quem deseja ingressar na mobilidade elétrica sem sofrer grandes prejuízos, a compra de seminovos surge como uma estratégia inteligente. Adquirir um veículo que já absorveu a desvalorização inicial permite usufruir da economia de combustível pagando um preço justo.
A análise deve focar na saúde da bateria e na garantia oferecida pela fábrica, itens essenciais para a revenda futura. Se você busca blindar seu dinheiro, evite ser o primeiro a comprar lançamentos tecnológicos antes que eles se provem no mercado.
Quais as dúvidas mais comuns sobre essa queda de preços?
- Por que elétricos desvalorizam mais rápido? O mercado é imaturo e evolui rapidamente; novidades constantes tornam modelos antigos obsoletos em pouco tempo, além das incertezas sobre a vida útil das baterias.
- A queda do Kwid E-Tech é tendência geral? Sim, embora o Kwid tenha sofrido mais, a chegada de concorrentes chineses e a guerra de preços afetam a maioria dos modelos elétricos atualmente.
- Ainda vale a pena comprar um elétrico usado? Sim, especialmente financeiramente. Comprar pelo preço depreciado permite acesso a um carro econômico e sustentável sem arcar com a perda inicial de valor.
- Como segurar o valor de revenda? Mantenha as revisões rigorosamente em dia, cuide da estética e prefira marcas que ofereçam garantias longas para o sistema elétrico.