A oficialização do registro da vacina contra a dengue do Instituto Butantan marca um novo capítulo no enfrentamento da doença no Brasil. A autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada nesta segunda-feira (8/12), permite que o país conte, pela primeira vez, com um imunizante contra a dengue totalmente desenvolvido e produzido em território nacional, encerrando um longo processo regulatório e abrindo caminho para a ampliação da proteção da população.
O que muda com a vacina contra a dengue do Butantan no Brasil?
A nova vacina contra a dengue será distribuída exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ficando sua oferta vinculada às políticas públicas de imunização. A indicação aprovada pela Anvisa é, por enquanto, para pessoas de 12 a 59 anos, faixa etária definida a partir dos dados apresentados nos estudos clínicos.
A possibilidade de ampliação da indicação para outros grupos, como crianças menores de 12 anos ou idosos acima de 60 anos, dependerá de resultados de pesquisas adicionais. Essas futuras avaliações devem considerar tanto a eficácia quanto a segurança em populações mais vulneráveis.
Como a vacina do Butantan contribui para o combate à dengue?
A vacina do Butantan é considerada um passo estratégico no controle da dengue, enfermidade que há décadas desafia o sistema de saúde brasileiro. O imunizante é tetravalente, desenvolvido para oferecer proteção contra os quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), o que ajuda a reduzir surtos recorrentes.
Outro ponto relevante é que a vacina é aplicada em dose única, facilitando campanhas, reduzindo faltas em segundas doses e simplificando o planejamento das secretarias de saúde. A Anvisa avaliou dados de segurança, eficácia e qualidade de produção, após pedido de registro feito em dezembro de 2024.
Como foi avaliada a segurança da vacina contra a dengue do Butantan?
A segurança foi um dos focos centrais da análise da Anvisa. A vacina utiliza tecnologia de vírus vivo atenuado, já consagrada em imunizantes como os de sarampo, caxumba e rubéola, em que o vírus é enfraquecido em laboratório para estimular o sistema imunológico sem causar doença em pessoas saudáveis.
Para obter o registro, a vacina passou por todas as fases de estudos clínicos, envolvendo diferentes grupos etários entre 12 e 59 anos, com monitoramento de eventos adversos e avaliação do nível de proteção contra os quatro sorotipos. A agência também examinou condições de fabricação, controle de qualidade e estabilidade do produto.
Como será o acesso à nova vacina contra a dengue pelo SUS?
A distribuição da vacina será feita exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde, sem comercialização em clínicas privadas neste primeiro momento. O acesso dependerá das estratégias definidas pelo Ministério da Saúde e pelas secretarias estaduais e municipais, alinhadas ao Programa Nacional de Imunizações.
Para organizar a oferta, as autoridades sanitárias consideram critérios técnicos e logísticos que orientam a inclusão da vacina em calendários e campanhas específicas, especialmente em regiões com maior incidência da doença. Entre os principais pontos avaliados estão:
- Faixa etária prioritária e grupos de maior risco;
- Regiões com maior incidência histórica de dengue;
- Disponibilidade de doses produzidas pelo Butantan;
- Capacidade das redes de frio e de aplicação de vacinas.
Por que a vacina contra a dengue do Butantan é um marco nacional?
A nova vacina é a primeira contra a dengue produzida por um laboratório nacional, o que tem impacto científico, tecnológico e estratégico. A produção interna reduz a dependência de importações e pode dar mais estabilidade ao fornecimento, especialmente em períodos de maior demanda por imunização.
O desenvolvimento do imunizante fortalece a pesquisa brasileira em doenças tropicais e gera experiência em estudos clínicos, produção de vírus vivo atenuado tetravalente e interlocução regulatória com a Anvisa. Esse conhecimento pode ser aproveitado em outros projetos de vacinas e biofármacos.
FAQ sobre vacina da dengue
- A vacina do Butantan protege quem já teve dengue? Estudos clínicos incluíram pessoas com histórico prévio de dengue, mas a recomendação específica depende das orientações atualizadas do Ministério da Saúde. Em geral, busca-se oferecer proteção adicional contra outros sorotipos e reduzir o risco de formas graves.
- A vacina contra a dengue do Butantan pode ser tomada com outras vacinas? A possibilidade de aplicação simultânea com outras vacinas do calendário dependerá de recomendações oficiais. Normalmente, o Programa Nacional de Imunizações avalia interações e define intervalos entre diferentes imunizantes.
- Gestantes e idosos acima de 60 anos poderão receber a vacina? No momento, a indicação aprovada é para pessoas de 12 a 59 anos. A aplicação em gestantes e idosos só deverá ocorrer se novos estudos demonstrarem segurança e eficácia para esses grupos e se houver atualização da bula e das normas do SUS.
- A vacina elimina o risco de pegar dengue? Nenhuma vacina garante proteção absoluta. A vacina do Butantan tem o objetivo de reduzir significativamente o risco de adoecer e, principalmente, de desenvolver formas graves, mas a manutenção de medidas como eliminação de criadouros do Aedes aegypti permanece essencial.
