Começa a ser distribuída em todo o país a vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), uma das principais causas de bronquiolite e pneumonia em bebês. O Ministério da Saúde envia, a partir desta terça-feira (2/12), o primeiro lote com 673 mil doses para todos os estados e o Distrito Federal, permitindo o início imediato da aplicação nas redes municipais. A imunização é gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e destinada a gestantes a partir da 28ª semana de gravidez, visando reduzir internações e complicações respiratórias em recém-nascidos.
Como será a distribuição da vacina contra o vírus sincicial respiratório no Brasil?
A distribuição da vacina foi planejada em etapas, seguindo cronograma acertado entre Ministério da Saúde, estados e municípios. O Distrito Federal é a primeira unidade da federação a receber o imunizante, enquanto os demais estados recebem os lotes entre 2 e 3 de dezembro, por transporte aéreo, rodoviário ou multimodal.
O lote inicial integra uma compra total de 1,8 milhão de doses, com fornecimento contínuo para garantir o abastecimento dos municípios. A oferta gratuita pelo SUS contrasta com o valor na rede privada, que pode chegar a R$ 1,5 mil por dose, e foi viabilizada por acordo de transferência de tecnologia entre o Instituto Butantan e o laboratório produtor.
Por que o vírus sincicial respiratório é tão preocupante?
O VSR é responsável por cerca de 75% dos casos de bronquiolite e 40% das pneumonias em crianças menores de dois anos. Em 2025, até 22 de novembro, o Brasil registrou 43,2 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associada ao VSR, sendo mais de 35,5 mil em crianças abaixo de dois anos.
A bronquiolite não tem tratamento específico para eliminação do vírus, e o manejo baseia-se em medidas de suporte, como oxigênio, hidratação e, em alguns casos, broncodilatadores. Em períodos de maior circulação de vírus respiratórios, isso aumenta a pressão sobre prontos-socorros, UTIs e leitos pediátricos, reforçando a importância da imunização preventiva.
Quem deve tomar a vacina contra o VSR?
O público-alvo definido pelo Ministério da Saúde inclui todas as gestantes a partir da 28ª semana de gravidez, sem limite máximo de idade materna. A recomendação é de dose única a cada gestação, de forma que, em uma nova gravidez, a mulher deve ser novamente imunizada para garantir a transferência de anticorpos ao bebê.
Estudos clínicos, como o Estudo Matisse, apontam eficácia de 81,8% na prevenção de doenças respiratórias graves por VSR nos primeiros 90 dias de vida. A vacina pode ser aplicada simultaneamente a outros imunizantes indicados na gestação, como influenza e covid-19, desde que respeitadas as recomendações técnicas das equipes de pré-natal.
O que muda para o SUS e para as famílias?
A incorporação da vacina ao SUS amplia o acesso a uma proteção antes restrita a quem podia pagar na rede privada. Para o sistema público, espera-se redução de internações por bronquiolite e pneumonia em lactentes, aliviando a ocupação de leitos e permitindo melhor organização dos serviços em épocas de maior circulação de vírus.
A produção nacional futura pelo Instituto Butantan tende a fortalecer a autonomia do país em imunobiológicos e facilitar ajustes nas campanhas. A seguir, veja como os serviços de saúde devem organizar a implementação da vacina no dia a dia das Unidades Básicas de Saúde (UBS):
- Identificação das gestantes elegíveis nas UBS;
- Oferta da vacina contra VSR em conjunto com outras vacinas da gestação;
- Monitoramento de cobertura vacinal e de internações por SRAG em bebês;
- Ajuste das estratégias locais conforme os dados coletados.
FAQ sobre a vacina contra o vírus sincicial respiratório
Para apoiar gestantes e profissionais de saúde, algumas dúvidas recorrentes sobre o uso da vacina foram reunidas. Essas orientações complementam o acompanhamento no pré-natal, que deve sempre considerar as particularidades de cada paciente.
- A vacina contra o VSR é indicada para crianças diretamente? No momento, a estratégia do SUS foca na imunização materna a partir da 28ª semana de gestação, para proteção indireta dos bebês nos primeiros meses de vida.
- Gestantes com comorbidades têm recomendações diferentes? A orientação geral é a mesma, mas o acompanhamento deve ser individualizado pelo serviço de pré-natal, que avalia possíveis particularidades de cada caso.
- Existe período do ano mais indicado para a vacinação? A organização do calendário leva em conta a sazonalidade do VSR em cada região, mas a principal indicação é que a gestante receba a dose assim que atingir a 28ª semana, conforme disponibilidade local.
- A vacina contra o VSR substitui outros cuidados com o bebê? Não. A imunização complementa medidas como higiene frequente das mãos, evitar exposição a ambientes fechados lotados e manter o calendário vacinal do recém-nascido em dia.