O ex-presidente Jair Bolsonaro passou, na tarde de domingo (14/12), por um exame de ultrassonografia na sede da Superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília. A avaliação foi realizada dentro do presídio, após autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), e apontou a existência de duas hérnias inguinais; segundo a defesa, os médicos recomendaram a realização de cirurgia como forma de tratamento definitivo, o que reacende o debate sobre a assistência médica a presos de alta repercussão.
Por que a cirurgia foi recomendada?
O ultrassom foi autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no sábado (13/12), permitindo a entrada de um médico com aparelho portátil na cela onde Bolsonaro está detido para verificar a presença de hérnia inguinal bilateral. O pedido havia sido apresentado pela defesa em caráter de urgência, após relatório médico atualizado apontar suspeita de agravamento do quadro.
Segundo os advogados, o laudo indicou duas hérnias na região inguinal, que podem provocar inchaço, dor ou desconforto, especialmente durante esforços físicos. A recomendação cirúrgica segue a conduta usual para esse tipo de problema, pois na maioria dos casos apenas a intervenção é capaz de corrigir de forma duradoura o defeito na parede abdominal.
O que é hérnia inguinal e por que o tratamento costuma ser cirúrgico?
A hérnia inguinal é caracterizada pelo deslocamento de parte do intestino ou de tecido abdominal através de uma área de enfraquecimento na musculatura da virilha, formando um abaulamento visível ou palpável. Em muitos pacientes há apenas desconforto leve, mas em outros a dor é intensa e limita atividades simples como caminhar, tossir ou levantar peso.
O tratamento definitivo costuma ser cirúrgico porque o defeito anatômico raramente se reverte de forma espontânea, e o uso apenas de cintas ou repouso tende a ter efeito temporário. A cirurgia geralmente reposiciona o conteúdo abdominal e reforça a parede muscular com ou sem uso de tela, por técnica aberta ou laparoscópica, conforme avaliação do cirurgião e das condições clínicas do paciente.
- Sintomas mais comuns: inchaço na virilha, sensação de peso, dor ao esforço ou ao permanecer em pé por muito tempo.
- Riscos se não tratada: aumento progressivo da hérnia, dor crônica e complicações como encarceramento ou estrangulamento do intestino.
- Motivo da cirurgia: corrigir o defeito muscular, reduzir risco de piora do quadro e permitir retorno mais seguro às atividades cotidianas.
Como a prisão e o atendimento médico de Bolsonaro são discutidos no STF?
Bolsonaro está preso desde 22 de novembro na Superintendência da PF, em Brasília, inicialmente em prisão preventiva em regime fechado e, após o trânsito em julgado do processo sobre a chamada “trama golpista”, passou a cumprir sentença no mesmo local. A necessidade de cirurgia mobiliza defesa, autoridades responsáveis pela custódia e órgãos periciais, que precisam conciliar segurança, legalidade e direito à saúde.
Alexandre de Moraes considerou que laudos apresentados pela defesa eram antigos e determinou que a PF realizasse perícia médica oficial, em até 15 dias, para avaliar a urgência de eventual intervenção cirúrgica. Antes mesmo do exame na cela, a defesa já havia solicitado autorização para cirurgia em hospital particular de Brasília, com permanência pelo tempo necessário à recuperação, o que ainda depende de decisão judicial.
Como foi organizado o exame de ultrassom dentro da Polícia Federal?
Para atualizar o diagnóstico sem necessidade de deslocamento do preso, a defesa pediu que o médico Bruno Luís Barbosa Cherulli ingressasse na Superintendência da PF com equipamento portátil de ultrassom. A estratégia buscava reforçar a segurança, reduzir riscos logísticos e fornecer base técnica mais recente para a perícia oficial determinada pelo STF.
Com a autorização judicial, o exame foi realizado diretamente na cela e confirmou duas hérnias inguinais, levando a equipe médica a apontar necessidade de cirurgia para evitar agravamentos e garantir tratamento permanente. Agora, caberá às autoridades judiciais e à administração penitenciária definir local, momento e condições em que o procedimento poderá ser feito, respeitando protocolos do sistema prisional.
FAQ sobre saúde de Bolsonaro
- Bolsonaro está obrigado a operar imediatamente? Não; a urgência será definida pela perícia oficial e pelas autoridades responsáveis pela custódia.
- Hérnia inguinal é uma condição comum? Sim; afeta pessoas de diferentes idades, com maior frequência em homens, sobretudo na meia-idade ou em quem realiza esforço físico intenso.
- Quanto tempo dura a recuperação média? Atividades leves costumam ser retomadas em poucos dias, enquanto esforço físico mais intenso é liberado após algumas semanas, conforme orientação médica individual.
- O ultrassom é sempre necessário para o diagnóstico? Nem sempre; muitas vezes o exame físico já sugere a hérnia, mas o ultrassom ajuda a confirmar a extensão do defeito e a orientar melhor a conduta cirúrgica.