A recente suspensão de produtos com alulose no Brasil reacendeu o debate sobre a liberação de novos ingredientes alimentares e o papel dos órgãos reguladores. A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) envolveu um tipo de adoçante que vem ganhando espaço em outros países, especialmente entre consumidores que buscam alternativas ao açúcar tradicional, e embora a medida tenha atingido itens de uma empresa específica, trouxe dúvidas para todo o setor de alimentos e bebidas.
O que é a alulose e quais são suas principais características?
A alulose, também conhecida como D-alulose, um tipo de açúcar raro encontrado naturalmente em alimentos como figos, passas, trigo e xarope de bordo. Diferentemente da sacarose, ela tem valor calórico reduzido e vem sendo estudada como possível substituto em produtos industrializados, especialmente em bebidas, sobremesas, alimentos proteicos e produtos de controle de calorias.
Outra característica de interesse é o fato de a alulose ter estrutura semelhante à frutose, porém com comportamento metabólico distinto, gerando menos impacto na glicemia em estudos internacionais. No Brasil, porém, a substância ainda não faz parte da lista oficial de ingredientes autorizados para adoçantes ou alimentos em geral, o que motivou atuação direta da Anvisa e maior atenção de profissionais de saúde.
Por que a Anvisa suspendeu temporariamente produtos com alulose?
A decisão da Anvisa não se baseou apenas na presença da D-alulose nos rótulos, mas principalmente na ausência de aprovação prévia da substância como ingrediente permitido. A agência determinou a suspensão da comercialização, distribuição, importação, publicidade e uso de itens com alulose produzidos por uma empresa específica, após verificar que o componente não constava no rol de aditivos e ingredientes autorizados no país.
Segundo as normas vigentes, qualquer novo ingrediente alimentício sem histórico de consumo no Brasil precisa passar por um processo formal de avaliação antes de ser ofertado. Esse procedimento envolve análise técnica detalhada da segurança, do perfil toxicológico e dos possíveis efeitos a longo prazo, garantindo que o consumo não represente risco relevante para a população.
Como funciona a aprovação de novos ingredientes alimentares no Brasil?
O caminho para que um novo adoçante ou componente alimentar seja liberado no país segue um roteiro definido em normas técnicas da Anvisa. Em geral, o processo começa com um pedido formal da empresa interessada, que precisa apresentar um dossiê robusto com informações científicas sobre segurança de consumo, metabolismo, efeitos adversos e usos pretendidos em diferentes tipos de alimentos.
Para deixar mais claro como essa avaliação de risco é realizada, a seguir estão as principais etapas que orientam a decisão regulatória da agência:
- Protocolo do pedido – apresentação de documentação técnica, estudos e especificações do ingrediente pela empresa.
- Avaliação de risco – análise se o consumo proposto pode ultrapassar limites considerados seguros para a população.
- Análise de pureza e processo produtivo – verificação se a forma de fabricação pode gerar contaminantes ou substâncias potencialmente nocivas.
- Definição de usos permitidos – autorização, quando cabível, apenas para determinadas categorias de alimentos e em quantidades específicas.
- Publicação oficial – registro da decisão em norma ou resolução, passando a valer para todo o mercado nacional.
Quais são os impactos da suspensão da alulose para consumidores e mercado?
A suspensão de produtos com alulose afeta de forma distinta consumidores e indústria, reduzindo, por ora, a oferta de itens com esse tipo de adoçante alternativo. Pessoas que buscam reduzir o consumo de açúcar ou calorias em 2025 precisam recorrer a outras opções aprovadas, como stevia, sucralose, acessulfame de potássio, eritritol e xilitol, sempre com orientação de profissionais de saúde quando possível.
Para o setor industrial, a medida reforça a necessidade de atender rigorosamente às regras da Anvisa antes de lançar produtos com ingredientes inovadores, investindo em estudos, parcerias com centros de pesquisa e rotulagem clara. Em termos de debate público, o caso estimula discussões sobre o papel dos adoçantes de baixa caloria, a transparência na informação ao consumidor e o ritmo de incorporação de novos ingredientes no mercado brasileiro, incluindo futuros pedidos formais de avaliação da alulose.
