A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de determinar o recolhimento do suplemento alimentar líquido Power Honey, da empresa Alemed Nutracêutica Indústria e Comércio Ltda., chama a atenção para os cuidados com suplementos, rotulagem e uso de conservantes na alimentação, destacando a importância de seguir limites legais e evitar alegações terapêuticas irregulares.
O que motivou o recolhimento do suplemento Power Honey?
A Resolução publicada no Diário Oficial da União em novembro de 2025 suspendeu a fabricação, distribuição, comercialização, divulgação e consumo do Power Honey. As irregularidades envolveram rotulagem, alegações terapêuticas não aprovadas e o uso inadequado de aditivos conservantes.
A rotulagem indicava benefícios terapêuticos sem comprovação científica, com termos como “estimulante natural” e promessas de efeito sobre desempenho sexual ou físico. Além disso, nome comercial e material de divulgação induziam o consumidor a acreditar que se tratava de produto com propriedades medicinais, o que é vedado para suplementos alimentares.
Irregularidades relacionadas a conservantes e limites legais
Outro ponto relevante foi a presença de conservantes em níveis superiores aos limites estabelecidos pela legislação sanitária. O suplemento continha benzoato de sódio e sorbato de potássio acima do permitido para a sua categoria, desrespeitando parâmetros de segurança definidos para suplementos.
No Brasil, o uso de aditivos conservantes em suplementos é regulamentado por normas que estabelecem em quais produtos podem ser utilizados e em quais concentrações. O risco é avaliado considerando o consumo acumulado na dieta diária, pois a exposição prolongada acima do recomendado pode gerar preocupações toxicológicas.
Conservantes em suplementos alimentares e segurança do consumidor
Para reduzir riscos, o marco regulatório de suplementos define categorias, listas de ingredientes autorizados e limites de uso, exigindo boas práticas de fabricação e controles de qualidade. Quando análises laboratoriais identificam desconformidades, a Anvisa pode determinar interdição, recolhimento e suspensão de produtos.
Em suplementos líquidos como o Power Honey, conservantes evitam a proliferação de microrganismos e a deterioração do produto, mas seu uso deve ser tecnicamente justificado e compatível com o prazo de validade. Exceder os limites legais pode indicar falhas de formulação, controle de processo ou tentativa de prolongar indevidamente a vida de prateleira.
Como interpretar rótulos de suplementos de forma segura?
A rotulagem é o principal canal de informação entre o produto e o consumidor, e o caso Power Honey mostrou como rótulo, nome de marca e divulgação podem confundir o público. Quando a apresentação sugere medicamento ou solução para problemas de saúde, há violação das regras que diferenciam suplementos de fármacos.
Alguns cuidados básicos podem ajudar na leitura de rótulos de suplementos e na identificação de possíveis irregularidades:
- Verificar se o produto está claramente identificado como “suplemento alimentar” e não como medicamento.
- Observar a lista de ingredientes, destacando conservantes, corantes, aromatizantes e substâncias ativas.
- Checar se há alegações terapêuticas, como promessa de cura, tratamento ou prevenção de doenças, o que não é permitido para suplementos.
- Buscar informações sobre fabricante, lote e prazo de validade, importantes em recalls ou alertas sanitários.
Por que a fiscalização de suplementos alimentares é rigorosa?
O mercado de suplementos alimentares cresceu de forma constante até 2025, impulsionado por interesses em desempenho físico, bem-estar e estética. Produtos voltados a potência sexual, emagrecimento rápido ou ganho acelerado de massa muscular concentram mais irregularidades, como ingredientes não declarados e doses fora do padrão.
No caso Power Honey, o uso de conservantes acima do limite, somado a promessas terapêuticas sem comprovação e rotulagem potencialmente enganosa, representou risco sanitário relevante. A retirada do produto e a suspensão de sua fabricação e divulgação funcionam como medidas de proteção coletiva e reforçam a necessidade de critérios técnicos na escolha e uso de suplementos alimentares.