O episódio envolvendo Flávio Bolsonaro, Michelle Bolsonaro e a direção do PL expôs uma das primeiras crises públicas na família do ex-presidente Jair Bolsonaro desde o início do cumprimento da pena de prisão, tendo como ponto central da discórdia o possível apoio do Partido Liberal ao ex-ministro Ciro Gomes na disputa pelo governo do Ceará, o que desencadeou reações fortes no campo bolsonarista e levantou dúvidas sobre como decisões políticas estão sendo tomadas neste momento.
Como começou o desentendimento entre Michelle Bolsonaro e o PL?
A crise teve início quando Michelle Bolsonaro criticou publicamente a possibilidade de o PL apoiar a candidatura de Ciro Gomes ao governo cearense, lembrando que ele foi um dos principais críticos de Jair Bolsonaro nos últimos anos. Em evento recente, ela exaltou nomes da direita, como André Fernandes, Nikolas Ferreira e Carmelo Neto, e classificou eventual acordo com Ciro como incompatível com o alinhamento ideológico do partido.
As declarações da ex-primeira-dama repercutiram diretamente entre os filhos do ex-presidente. Flávio Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (2/12) que Michelle teria “atropelado” Jair Bolsonaro e tratado André Fernandes de forma autoritária e constrangedora, enquanto Eduardo Bolsonaro, dos Estados Unidos, classificou o episódio como injusto e desrespeitoso, reforçando que a ideia de apoiar Ciro teria sido atribuída ao próprio ex-presidente. Recentemente, Flávio concedeu entrevista ao Flow Podcast e falou sobre a situação do pai:
Precisamos libertar Bolsonaro para libertar o Brasil! Anistia, já!
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) December 2, 2025
SOLTA O BOLSONARO pic.twitter.com/OgQQz3UiQC
Como Flávio Bolsonaro e Michelle reagiram?
Diante da repercussão, Flávio Bolsonaro adotou um discurso de apaziguamento, declarou não ter “problema nenhum” com Michelle e reconheceu o papel de destaque nacional que ela passou a exercer. Ambos trataram o desentendimento diretamente e concordaram com a necessidade de alinhar posições dentro do partido para evitar novos conflitos públicos.
Flávio relatou que, após visitar Jair Bolsonaro na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, informou ao pai que já havia se entendido com Michelle e que ambos participariam de reunião no PL. A ideia é estabelecer uma rotina de decisões em conjunto, definindo com clareza quem participa das negociações, como são fechados apoios eleitorais e de que forma essas decisões serão comunicadas.
- Construção de uma rotina de decisões coletivas dentro do PL.
- Participação direta de Michelle Bolsonaro em debates estratégicos.
- Consulta prévia a Jair Bolsonaro antes de decisões mais sensíveis.
- Alinhamento com lideranças locais, como André Fernandes, para evitar ruídos.
O que está em jogo no possível apoio do PL a Ciro Gomes?
O possível apoio do PL a Ciro Gomes no Ceará é o eixo político da discussão, envolvendo tanto o cálculo eleitoral regional quanto a simbologia de uma aliança com um antigo opositor ferrenho de Jair Bolsonaro. Para Michelle, a aproximação com Ciro contraria o discurso de fidelidade à direita e à figura do ex-presidente, ainda vista como principal liderança desse campo.
Entre os filhos de Bolsonaro, a avaliação divulgada é de que se trata de uma estratégia supostamente definida pelo pai, ainda que preso e com liberdade de ação limitada. Flávio Bolsonaro afirma que nenhuma decisão foi tomada de forma definitiva e que os cenários serão discutidos com Jair Bolsonaro, priorizando sua palavra final sobre a posição do grupo no Ceará.
- Analisar cenários eleitorais no Ceará e o peso de Ciro Gomes na disputa.
- Verificar o impacto de uma eventual aliança na base bolsonarista nacional.
- Definir uma linha de comunicação conjunta entre PL, Michelle e filhos de Bolsonaro.
- Levar a proposta final a Jair Bolsonaro para validação.