Em um avanço significativo para a climatologia e os estudos sobre a história da Terra, uma equipe de pesquisadores dos Estados Unidos, coordenada pelo Centro de Ciência e Tecnologia da National Science Foundation (NSF COLDEX), fez uma descoberta inovadora na Antártida ao identificar uma camada profunda de sedimentos sob a geleira no Domo A, na Antártida Oriental. Este achado, publicado recentemente na revista Geophysical Research Letters, amplia o entendimento sobre como as interações geológicas podem preservar ou destruir registros valiosos do clima terrestre ao longo de milhões de anos.
Como foi a descoberta dos cientistas na Antártida?
Os pesquisadores buscam desvendar núcleos de gelo capazes de revelar a evolução do clima da Terra ao longo das eras. Atualmente, os núcleos mais antigos datam de cerca de 800 mil anos, mas a identificação da chamada “unidade basal”, uma camada de gelo com sedimentos finos encontrada próxima à Bacia do Polo Sul, sugere a existência de registros ainda mais antigos.
Há indícios de que os sedimentos tenham sido transportados das Montanhas Subglaciais Gamburtsev e acumulados ao longo de dezenas de milhões de anos. Com fluxo de calor e derretimento basal ocorrendo por cerca de 34 milhões de anos, o estudo revela novas perspectivas para a preservação dos registros climáticos.
Como foi realizada a descoberta?
A equipe utilizou aeronaves com radar de penetração profunda, permitindo medições detalhadas de gravidade, magnetismo e relevo sob o gelo antártico. O mapeamento revelou duas áreas principais: uma com sedimentos irregulares e gelo espesso, e outra, chamada de “Complexo Elbow”, com camada basal fina e terreno subjacente mais suave.
Com medições realizadas ao longo de 650 quilômetros, identificou-se que a “unidade basal” pode compor até um quarto da espessura da geleira, afunilando em direção ao centro da bacia. Essa diferenciação traz novas pistas sobre a preservação de registros climáticos.
Quais os impactos dos estudos climáticos?
A geologia do leito, formada pela topografia das rochas e pela presença de sedimentos, afeta diretamente a preservação do gelo antigo usado para analisar o clima pré-histórico. Contudo, o acúmulo de sedimentos e o derretimento basal podem comprometer esses registros, complicando a busca por núcleos de gelo com informações valiosas.
Para orientar expedições futuras, compreender a relação entre o gelo, os sedimentos e o fluxo de calor é fundamental. O estudo aponta que a “unidade basal” a montante da Bacia do Polo Sul pode apresentar condições favoráveis devido à menor exposição ao derretimento basal. Entre os fatores mais importantes, os cientistas destacam:
- A escolha de áreas como Allan Hills, com amostras de gelo de mais de cinco milhões de anos.
 - O uso de dados de radar de penetração para identificar regiões propícias.
 - A coordenação internacional para compreender diferentes áreas da Antártida.
 
Quais os próximos passos?
Os autores recomendam uma análise geofísica abrangente do gelo, incluindo sua estrutura interna e temperatura, antes de realizar novas perfurações. Avaliar como o fluxo de calor varia na base e conhecer a temperatura existente é crucial para que os registros climáticos possam ser adequadamente preservados e estudados.
A integração de dados com projetos internacionais, como o “Little Dome C” europeu, será fundamental para validar e expandir o conhecimento sobre o clima antigo da Terra. O objetivo é criar um mapa detalhado do subsolo antártico e desvendar os processos naturais que moldaram o clima ao longo das eras glaciais.
👋 We're the Center for Oldest Ice Exploration, @NSF-funded to find the oldest ice core climate records on 🌎, w/ 3 teams currently in #Antarctica.
— Center for Oldest Ice Exploration (@COLDEX_STC) December 17, 2022
We also provide educational👩🏼🎓, professional development🧑🏾💼, & #DEI programs while sharing our findings with you & others. 🇦🇶🧊 pic.twitter.com/Re5tNncsX9
FAQ sobre Antártida
- O que torna o Domo A um local ideal para estudos de gelo antigo? A localização e a estrutura geológica do Domo A oferecem condições favoráveis para a preservação de gelo antigo, permitindo a análise de registros climáticos que datam de milhões de anos.
 - Como os sedimentos podem afetar a preservação do gelo antigo? Os sedimentos podem influenciar o derretimento basal e a preservação do gelo. Um acúmulo excessivo pode acelerar o derretimento, enquanto a presença estrutural adequada pode auxiliar na conservação de registros climáticos antigos.
 - Por que a análise do fluxo de calor na base de geleiras é importante? O fluxo de calor afeta diretamente o derretimento e a preservação do gelo. Analisar essa variável ajuda a identificar regiões onde o gelo contínuo mais antigo pode ainda estar presente.