Há três anos, o movimento que ficou conhecido como bolsonarismo vem sendo alvo de um verdadeiro bombardeio político, judicial e midiático. A expectativa de muitos setores da esquerda, e também de parte do centrão, era de que, com o tempo, o fenômeno perdesse força, fosse desidratado e desaparecesse do cenário nacional. Mas o que se vê é exatamente o contrário: o bolsonarismo sobrevive, se adapta e demonstra uma capacidade de reorganização rara na política brasileira.
Mesmo com Jair Bolsonaro impedido de disputar eleições, sem voz nas redes sociais e enfrentando processos em múltiplas frentes, seu nome ainda ecoa diariamente entre milhões de brasileiros que continuam enxergando nele o símbolo de um projeto político e moral que contrasta com o que consideram a decadência ética da velha política.
A esquerda acreditou que as decisões do Supremo, as restrições judiciais e a constante tentativa de associar o movimento a práticas antidemocráticas seriam suficientes para enterrar o bolsonarismo. Mas o resultado prático tem sido o oposto: quanto mais se tenta calar o ex-presidente, mais a sua base se radicaliza no sentido de resistência e mais o sentimento de injustiça alimenta a narrativa de perseguição.
Nas redes sociais, mesmo sem a presença direta de Bolsonaro, o movimento se reorganiza com novas lideranças, influencers e parlamentares que mantêm viva a chama do discurso conservador e da oposição ferrenha ao governo Lula. O campo bolsonarista compreendeu que não é apenas uma figura, mas um sistema de valores: patriotismo, conservadorismo moral, crítica ao sistema e à elite política tradicional.
Com isso, o horizonte de 2026 surge com uma perspectiva que preocupa o establishment: a possibilidade real de o bolsonarismo eleger a maioria no Congresso Nacional, com força suficiente para influenciar a escolha dos presidentes da Câmara e do Senado. Uma mudança dessa magnitude recolocaria o jogo político em um novo patamar, onde o Executivo e o Judiciário teriam de lidar com um bloco parlamentar coeso e ideologicamente definido.
Se o “Lulismo” dominou o imaginário popular nas décadas passadas, o bolsonarismo parece ser a resposta social e cultural de uma parcela da população que se recusa a aceitar o retorno de um modelo de poder que acredita já ter sido superado. E, por mais que seus adversários tentem classificá-lo como um movimento em declínio, os fatos mostram que ele ainda é, e continuará sendo, uma das forças políticas mais influentes e imprevisíveis do Brasil contemporâneo.
O bolsonarismo, afinal, não morreu, apenas aprendeu a sobreviver sem o seu líder em liberdade. E talvez seja justamente essa capacidade de resistência que o tornará ainda mais perigoso para seus opositores em 2026.
Por Júnior Melo