Em um episódio recente que dominou os noticiários nacionais, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, manifestou-se publicamente nesta terça-feira (7/10) através de suas redes sociais para pedir desculpas pelas palavras que proferiu durante uma coletiva de imprensa. O contexto era uma série de discussões sobre os casos alarmantes de intoxicação por metanol que vieram ocorrendo no estado. A declaração em questão, feita após uma reunião com representantes do setor de bebidas, consistiu em uma brincadeira inapropriada sobre a Coca-Cola, afirmando que “iria só se preocupar com o assunto no dia em que começassem a adulterar Coca-Cola“. Essas palavras foram proferidas num momento delicado, quando muitas vidas estavam em jogo devido ao consumo de bebidas adulteradas com metanol.
A crise do metanol em São Paulo não é apenas uma preocupação local, mas um alerta para outros estados brasileiros, dado o potencial devastador dessa substância. Até o momento, São Paulo concentra expressivo número de casos de intoxicação por metanol, com 18 incidentes confirmados. Outros 158 casos estão sob investigação, enquanto 38 foram descartados. Trágicas mortes também foram registradas: são três óbitos confirmados e sete ainda sob investigação. A gravidade da situação empurrou o estado para uma ação coordenada entre governo, setor privado e forças de segurança para controlar e eliminar a circulação de bebidas adulteradas.
Quais são as hipóteses investigadas sobre o consumo de metanol?
Governar é trabalhar todos os dias, enfrentar grandes desafios, dar o nosso melhor e saber reconhecer quando erramos. Peço perdão pela colocação inoportuna neste momento e seguirei me dedicando ao máximo para cuidar das pessoas com dignidade e compromisso, como sempre fiz em toda… pic.twitter.com/gEeUfdJ5eA
— Tarcísio Gomes de Freitas (@tarcisiogdf) October 7, 2025
Existem duas principais hipóteses em investigação pelas autoridades paulistas em relação a essas bebidas com metanol. A primeira vem da possibilidade de o metanol ter sido utilizado para limpeza de garrafas utilizadas novamente e que, por algum descuido, não foram adequadamente recicladas. Já a segunda hipótese é mais preocupante: o uso do metanol para aumentar o volume de produção das bebidas falsificadas. A ideia neste último cenário seria de que os falsificadores, ao tentar adicionar etanol puro para aumentar o volume da bebida, não tivessem conhecimento da presença de metanol, resultando em um coquetel potencialmente mortal.
Esta situação alarmante foi confirmada através do trabalho diligente da Superintendência de Polícia Técnico-Científica, que detectou a presença de metanol em bebidas de duas distribuidoras no estado. Perante este quadro crítico, o governador também destacou a necessidade emergente de destruir garrafas, rótulos, lacres, tampas e selos apreendidos, sendo que só recentemente mais de 7 mil garrafas suspeitas foram recolhidas.
Como reconhecer uma bebida potencialmente adulterada?

O grande perigo do metanol reside na sua natureza traiçoeira, já que ele não altera a cor, odor ou sabor das bebidas onde é adicionado. Somente testes laboratoriais são capazes de identificar sua presença. Diante desta complexidade, especialistas orientam que a população seja cautelosa frente a embalagens que apresentem algum tipo de irregularidade, como lacres tortos ou rótulos mal impressos. Outra dica crucial é desconfiar de preços muito abaixo da média do mercado e sempre exigir a nota fiscal da compra, de modo a garantir a procedência da bebida adquirida.
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) tem desempenhado papel fundamental ao instruir que garrafas vazias sejam destruídas, a fim de minimizar as práticas ilícitas de reutilização por parte dos falsificadores. Além destas medidas, as autoridades sugerem que os consumidores comprem apenas em estabelecimentos reconhecidos e sempre verifiquem a existência de lacres e selos fiscais nas garrafas.
Qual é a resposta oficial do governo Tarcísio?
Para enfrentar essa crise, o governo de Tarcísio de Freitas estabeleceu uma parceria estratégica com o setor privado para o combate eficaz à falsificação. Entre as medidas discutidas estão a criação de propostas legislativas para endurecer as penas para falsificadores, a destruição de bebidas com origem duvidosa em estoque e o aperfeiçoamento da logística reversa das garrafas. O programa de qualidade para distribuidores e comerciantes também é uma ação relevante na busca por soluções preventivas.
Simultaneamente, investigações paralelas da polícia buscam desmantelar possíveis organizações responsáveis pela distribuição dessas bebidas adulteradas. Felizmente, até o momento, não foram encontrados indícios de envolvimento de facções criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), nesta rede de falsificação.
“Errei. Ontem, ao prestar contas das ações do governo do estado no âmbito da crise do metanol, no momento em que falávamos das várias medidas que estamos tomando, como o convênio com o setor privado para o combate à falsificação, as proposições legislativas que pretendemos apresentar, a destruição de bebidas de origem duvidosa em estoque, o aperfeiçoamento da logística reversa das garrafas, o programa de qualidade para distribuidores e comerciantes, a suspensão das inscrições na fazenda, acabei fazendo uma brincadeira para descontrair a coletiva que foi muito mal interpretada e que de fato não cabia naquele momento em face da gravidade do que vem acontecendo.”, disse Tarcísio.

FAQ sobre Tarcísio e metanol
- O que é metanol e por que é tão perigoso? Metanol é um álcool tóxico geralmente utilizado como solvente ou combustível. Quando ingerido, pode causar graves efeitos adversos à saúde, incluindo cegueira e morte.
- Quais são os sintomas de intoxicação por metanol? Sintomas podem incluir dor de cabeça, tontura, náusea, problemas de visão e, em casos graves, coma ou morte. Procure atendimento médico imediato se houver suspeita de ingestão.
- Existe um tratamento para intoxicação por metanol? Sim, o tratamento deve ser realizado em ambiente hospitalar e pode envolver a administração de etanol ou fomepizole para inibir o metabolismo tóxico do metanol.
- Como o governo está garantindo que bebidas adulteradas não serão comercializadas novamente? Ações como destruição de estoques e fiscalização rigorosa estão em curso. Além disso, a promoção da conscientização ajuda a diminuir a demanda por produtos potencialmente adulterados.