A possibilidade de o ministro Luís Roberto Barroso antecipar sua saída do Supremo Tribunal Federal (STF) tem movimentado os bastidores de Brasília e levantado especulações sobre os reais motivos da aposentadoria precoce.
Fontes próximas ao ministro afirmam que Barroso deseja se dedicar mais à vida pessoal e acadêmica, após anos de protagonismo na Corte e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro, atualmente com 67 anos, poderia deixar o tribunal antes da idade limite de 75 anos, estabelecida pela Constituição, para se afastar dos holofotes e de um ambiente político cada vez mais polarizado.
Mas há também razões de ordem política. No governo, avalia-se que, se Barroso deixar o cargo agora, a escolha de seu substituto teria maior chance de aprovação no atual Senado. Hoje, ainda existe espaço para nomes de perfil progressista, próximos à linha defendida por Barroso. No entanto, a expectativa é de que, na próxima legislatura, a direita conquiste maioria na Casa, o que dificultaria a aprovação de nomes ligados ao Lulismo, mesmo em caso de reeleição de Lula.
Outro elemento nos bastidores é a figura do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Embora não esteja mais no comando da Casa, Pacheco segue com influência significativa e tem atuado para emplacar aliados em cargos estratégicos. Interlocutores lembram que Lula tem uma dívida política com Pacheco, que ajudou a barrar o avanço da direita no Senado durante seu mandato e foi peça-chave na articulação que facilitou a volta do petista ao poder. Agora, Pacheco pressiona por espaço na definição do próximo ministro do STF.
Analistas políticos avaliam que, se confirmada, a saída antecipada de Barroso abrirá não apenas uma nova disputa interna no Supremo, mas também um teste de força entre governo, oposição e antigos aliados do Senado, num momento decisivo para o equilíbrio institucional do país.
