Os cálculos políticos dentro do chamado “centrão”, bloco formado principalmente por PP-União, PSD e Republicanos, mostram um dilema estratégico que pode definir o rumo da eleição presidencial de 2026. De um lado, o grupo reconhece que o movimento bolsonarista mantém uma base sólida e fiel de cerca de 25% das intenções de voto, mesmo com Jair Bolsonaro fora da disputa direta. Do outro, o próprio centrão soma algo em torno de 15%, o que o coloca em uma posição vulnerável caso tente se lançar de forma isolada no tabuleiro eleitoral.
O problema é que, sem o aval do grupo ligado a Bolsonaro, o centrão corre o risco de repetir erros do passado: lançar um candidato “de laboratório”, sem apelo popular, e acabar servindo de escada para o fortalecimento do bolsonarismo no segundo turno. A gravidade política naturalmente favorece o campo da direita, e, se o bolsonarismo chegar unificado à fase decisiva da eleição, o centrão pode acabar “chupando o dedo”, como se diz nos bastidores de Brasília. Em outras palavras, o jogo está armado para que, com ou sem Bolsonaro na urna, o capital político da direita continue orbitando em torno de seu legado, um ativo que o centrão ainda não conseguiu substituir.
Por Júnior Melo

FAQ sobre o dilema político do Centrão e o bolsonarismo
- Por que o Centrão tem dificuldade em lançar um candidato competitivo? Porque, apesar de ter estrutura e tempo de TV, o bloco carece de um nome com apelo popular capaz de enfrentar o legado político de Bolsonaro e sua base fiel.
- O que impede uma aliança direta entre o Centrão e o bolsonarismo? As divergências internas de liderança e a disputa por protagonismo dentro da direita dificultam uma união estratégica em torno de um único projeto eleitoral.
- Qual seria o principal risco se o Centrão concorrer isoladamente? Sem o apoio do bolsonarismo, o grupo pode dividir votos da direita e facilitar a ida de um adversário de outro campo político ao segundo turno.