Em declaração, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, telefonou para o chanceler Mauro Vieira. Segundo fontes próximas ao Palácio do Planalto, Rubio foi direto ao ponto e questionou quais propostas concretas o Brasil teria a apresentar na relação bilateral. Vieira, por sua vez, teria se comprometido a levantar as informações antes de dar uma resposta formal.
O episódio, embora de bastidores, evidencia um impasse importante: o governo brasileiro tem pouca margem de manobra para entregar aquilo que os EUA mais esperam. Um dos pontos centrais é a discussão em torno do artigo 19 do Marco Civil da Internet, considerado inconstitucional por muitos juristas e que afeta diretamente gigantes da tecnologia norte-americana. A questão, no entanto, depende de uma decisão do Supremo Tribunal Federal, e não da caneta do Executivo.

Outro fator que preocupa Washington é a percepção de que o Brasil vive um ambiente de “semi-ditadura”, marcado por perseguições ao campo político identificado com a direita. Nesse cenário, a avaliação de diplomatas é de que Lula teria pouco a oferecer de imediato, já que parte significativa das mudanças desejadas pelo governo americano não passa pelo Palácio do Planalto, mas por instituições como o STF e pelo próprio clima político interno.
Assim, a conversa entre Rubio e Vieira expõe não apenas a cobrança dos Estados Unidos por compromissos claros, mas também as limitações reais do governo Lula para responder a essas expectativas em meio a um cenário de desconfiança e instabilidade institucional.
Por Junior Melo