Nessa terça-feira (7/10), a Justiça do Ceará concedeu liminar suspendendo a punição imposta à policial militar Mayara Kelly Melo Mota, que havia sido punida com dois dias de prisão por postar vídeos nas redes sociais. Nos vídeos, a agente aparece lavando uma viatura e ensinando a fazer um torniquete, técnica crucial em situações de emergência para controlar sangramentos. A decisão, assinada pelo juiz Roberto Soares Bulcão Coutinho, foi resultado de um pedido de tutela de urgência da defesa da soldado.
A alegação da defesa destacava que esses conteúdos eram meramente informativos e motivacionais. O juiz acolheu esse ponto, reconhecendo que a punição poderia acarretar danos de difícil reparação para a policial, considerando também a probabilidade do direito e o risco ao resultado útil do processo, já que a soldado estava na iminência de cumprir a detenção.
Como a decisão da Justiça sobre a policial foi motivada?

A decisão da Justiça cearense reflete uma análise cuidadosa dos direitos dos militares estaduais no uso das redes sociais. A defesa de Mayara argumentou que a punição infringiria seus direitos, já que os vídeos não violavam normas de sigilo nem demonstravam desrespeito às autoridades ou à instituição policial. O juiz, ao reconhecer a legalidade dessas argumentações, optou pela suspensão da penalidade com base em princípios legais, como o fumus boni iuri, que indica a probabilidade do direito, e o periculum in mora, que significa o perigo na demora da decisão judicial final.
Os vídeos que desencadearam a decisão original de punição tinham como cenário o quartel da Polícia Militar do Ceará (PMCE). Nele, Mayara Kelly Melo Mota aparece realizando atividades de sua rotina, lavando uma viatura e demonstrando a técnica de torniquete. Essas postagens, segundo a militar, visavam mostrar aspectos positivos e práticos do trabalho policial, além de instruir a população sobre procedimentos de primeiros socorros.
Qual a questão da transparência nos órgãos de segurança?
Casos como o de Mayara ressaltam a crescente tensão entre a transparência nas instituições de segurança e o rigor das normativas internas. As forças de segurança enfrentam o desafio de adaptar suas práticas a uma era em que informações são rapidamente compartilhadas e a linha entre a sobriedade institucional e a necessidade de comunicação eficaz é tênue. O apoio do juiz à policial sugere uma compreensão de que a transparência e a imagem positiva das forças de segurança são cruciais para o fortalecimento do vínculo entre a polícia e a comunidade.
Como o caso repercutiu?
A decisão do juiz Roberto Soares Bulcão Coutinho gerou debates sobre o direito à liberdade de expressão dentro das corporações militares. A suspensão da punição serve como um precedente significativo para situações semelhantes, onde a comunicação em plataformas digitais tem sido vista como elemento de conflito. Autoridades e especialistas discutem a necessidade de revisitar regulamentos disciplinares internos, ajustando-os a um contexto contemporâneo de comunicação aberta e imediata, enquanto mantêm a disciplina e hierarquia que caracteriza estas instituições.
O caso da policial levantou discussões sobre os limites da atuação de militares nas plataformas digitais e sobre possíveis desigualdades no tratamento de policiais em situações semelhantes:
- Punição disciplinar: A soldada foi advertida com dois dias de permanência disciplinar no quartel, após publicar vídeos em que aparece lavando uma viatura e ensinando a fazer um torniquete.
- Justificativa da PM: A Polícia Militar do Ceará alegou que a agente violou o Código Disciplinar Militar ao “se promover” com o fardamento.
- Defesa da policial: A defesa de Mayara argumenta que os vídeos tinham caráter informativo e educativo, sem divulgar dados sigilosos ou desrespeitar autoridades públicas.
- Suspensão da punição: A Justiça do Ceará suspendeu a punição disciplinar, atendendo a um pedido de tutela de urgência apresentado pela defesa da soldado.
- Repercussão nas redes sociais: Mayara, que possui mais de 49 mil seguidores no Instagram, compartilha conteúdos sobre sua rotina como policial, mãe e influenciadora.
- Histórico anterior: Em 2022, a soldada já havia sido alvo de um inquérito policial militar arquivado, por conta de uma postagem no Instagram.
- Discussão sobre desigualdade: A defesa questiona a diferença de tratamento em relação a outros policiais que também utilizam as redes sociais fardados, sem sofrerem punições semelhantes.

FAQ sobre a policial Mayara Kelly Melo Mota
- Por que a policial foi inicialmente punida? Ela foi punida por postar vídeos nas redes sociais realizando atividades no quartel, o que as normas internas consideraram motivo para uma sanção disciplinar.
- O que significa a suspensão da punição? A suspensão significa que a Justiça reconheceu que a punição podia resultar em um dano irreversível, assim a penalidade de dois dias de detenção foi interrompida até que a questão fosse plenamente analisada no âmbito legal.
- Que direitos são considerados ameaçados em contextos como este? Nestes casos, o equilíbrio entre liberdade de expressão e normas disciplinares internas é central, envolvendo o direito à comunicação e à preservação do sigilo institucional.
- Esses vídeos violavam algum protocolo militar? Segundo a decisão judicial, os vídeos não violavam protocolos de sigilo, respeito à autoridade ou intenções políticas, sendo julgados apenas como informativos e motivacionais.