A Câmara dos Deputados, recentemente, realizou uma votação que repercutiu amplamente nos meios políticos e econômicos do Brasil. Em uma sessão decisiva, os parlamentares decidiram retirar da pauta a Medida Provisória 1303, que visava unificar em 18% a tributação sobre todas as aplicações financeiras a partir de 1º de janeiro de 2026. Adicionalmente, a MP propunha um aumento na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de algumas instituições financeiras. Esta decisão não apenas significa uma derrota para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas também implica na necessidade de ajustes fiscais rigorosos no futuro próximo.
A votação contou com 251 votos favoráveis à retirada da pauta, contra 193 votos. A consequência imediata desta decisão foi que, ao perder a vigência à meia-noite do dia da votação, não haveria tempo hábil para que a MP fosse analisada em outra sessão, nem mesmo pelo Senado. Sem este instrumento, o incremento na arrecadação projetado para 2026 automaticamente se inviabiliza, exigindo que o governo repense suas estratégias fiscais.
Quais os impactos da decisão da Câmara?

O fracasso em aprovar a Medida Provisória 1303 faz com que o governo se encontre em uma posição de revisão quanto ao orçamento previsto para 2025 e 2026. Com a perda de uma significativa fonte de receita adicional, será necessário realizar novos bloqueios nas despesas, impactando emendas parlamentares, por exemplo. Mais intensivamente, o governo terá que buscar outras fontes de receita, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), os quais podem sofrer ajustes em suas alíquotas.
Os constantes ajustes fiscais serão desafiadores para o governo, o qual precisa equacionar um total de R$ 35 bilhões no orçamento de 2026. Independentemente da estratégia que será adotada, é claro que cortes e novas receitas demandarão esforços significativos e envolverão negociações complexas com diversos setores políticos.
Quais os desafios enfrentados pelo governo Lula?
O governo de Lula havia feito um movimento estratégico na tentativa de aprovar a medida, com importantes figuras, como o próprio presidente e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, envolvidos em negociações ao longo do dia da votação. Eles acusaram setores de oposição e o centrão de sabotarem o processo, alegando que acordos previamente estabelecidos não estavam sendo cumpridos, principalmente por razões políticas.
Fernando Haddad, em suas declarações, afirmou que mesmo com a rejeição da medida, o governo continuará a buscar os mesmos objetivos fiscais e sociais. O ministro ressaltou a importância da medida ao argumentar que ela era fruto de concessões mútuas entre membros do governo e parlamentares, buscando combinar cortes de R$ 15 bilhões com ajustes fiscais necessários.
Por que a medida provisória foi considerada polêmica?
A medida provisória 1303 era vista como um tema central para o governo, mas também suscitava debate devido às implicações sobre setores financeiros e investidores. A proposta inicialmente incluía as taxações sobre LCI, LCA, CRI e CRA, bem como a elevação da tributação de empresas de apostas online (bets), mas acabou sendo desidratada na comissão mista.
A resistência à medida era visível entre parlamentares, que estavam preocupados com os impactos no mercado financeiro, além do reflexo sobre investidores individuais e corporativos. Assim, as negociações a respeito da tributação encontraram resistência significativa ao passar pela Câmara.
Quais os próximos passos para o governo?

Diante do impasse, a administração federal precisará avaliar outras formas de garantir a estabilidade financeira e atingir metas fiscais. Existem alternativas possíveis, como o aumento de tributos já existentes através de decretos, ou mesmo cortes em despesas em áreas que ainda não foram afetadas pelas recentes decisões.
Outra hipótese envolve buscar um entendimento mais amplo com o Congresso Nacional, viabilizando novas propostas que possam respeitar as limitações impostas pelos parlamentares, mas que também garantam a arrecadação necessária para a continuidade de projetos e serviços essenciais à população.
FAQ sobre MP e governo
- O que é a Medida Provisória (MP) 1303? A MP 1303 era uma proposta que visava unificar em 18% a tributação sobre todas as aplicações financeiras e aumentar a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido de algumas instituições financeiras a partir de 2026.
- Como a rejeição da MP afeta o orçamento do governo? Com a rejeição, o governo perde uma fonte potencial de arrecadação que o obrigaria a buscar cortes ou ajustar outras formas de tributos para compensar o déficit esperado no orçamento.
- Quais alternativas o governo pode adotar agora? O governo pode considerar aumentar as alíquotas de outros impostos, como o IPI ou o IOF, ou buscar aprovações para novas medidas que contemplem receitas alternativas ou ajustes fiscais.