Se você vai passar por uma perícia, saiba que o laudo médico para perícia do INSS é um dos documentos mais decisivos em todo o processo. Porém, atenção: mesmo levando exames e relatórios médicos, muitos segurados acabam tendo o pedido negado por pequenos detalhes no conteúdo do laudo.
Quem alerta é o advogado Ícaro Bonfim (OAB/PB 22.554), especialista em benefícios previdenciários e criador de conteúdos nas redes sociais (@icarobonfimadv). Segundo ele, existem quatro erros frequentes que fazem com que o documento médico seja simplesmente ignorado pelo perito. O mais preocupante é que a maioria das pessoas não imagina que esses pontos tenham tanto peso.
Por que um laudo sem CID pode ser desconsiderado na perícia do INSS?
Um laudo médico sem o CID, que é o código responsável por identificar a doença, pode ser considerado incompleto pelo avaliador. Sem essa informação, o médico perito pode não compreender de forma clara qual é a condição alegada e, por isso, acabar ignorando o documento.
Especialistas confirmam que a presença do CID é fundamental tanto na análise documental (Atestmed) quanto na perícia presencial. Esse código dá contexto à enfermidade relatada e serve como base técnica para a decisão do perito.

Um laudo com mais de 90 dias pode ser rejeitado mesmo que a pessoa ainda esteja doente?
Sim. Mesmo que os sintomas permaneçam, se o laudo tiver mais de 90 dias em relação à data do requerimento (DER), o INSS pode considerá-lo desatualizado. Para evitar problemas, procure apresentar um documento com emissão recente, o que ajuda bastante na análise.
No caso da perícia presencial, a recomendação é que o laudo tenha sido emitido em até 30 dias antes.
O que um laudo genérico deixa de informar ao INSS?
Se o documento apenas disser frases vagas, como “Paciente sente dor”, sem explicar a localização, intensidade, limitações ou movimentos afetados, o perito pode interpretar como algo leve e sem grande relevância. Isso acaba pesando contra o segurado.
O laudo precisa ser objetivo e funcional: informar onde dói, como afeta as atividades e por que impede a execução de tarefas. Esse nível de clareza pode mudar totalmente o resultado.
Por que é importante detalhar o impacto da doença no trabalho?
Por exemplo, relatar que “a hérnia impede levantar peso ou permanecer em pé por muito tempo”. Isso ajuda o perito a entender de forma direta como a condição prejudica a atividade profissional. O laudo deve sempre relacionar a doença com as tarefas habituais do segurado, deixando evidente o motivo da incapacidade.
Essa prática está de acordo com as orientações para laudos periciais: descrever de que forma a enfermidade afeta a rotina, indicando tipo, intensidade e duração da incapacidade.

O que muda quando o laudo está bem elaborado?
Um documento completo, que traga CID, data de emissão recente, descrições claras e impacto funcional bem definido, torna o processo mais ágil. Isso facilita o entendimento por parte do INSS e pode acelerar a concessão do benefício, seja no Atestmed ou na perícia presencial.
Além disso, no Atestmed, um laudo bem feito reduz a chance de convocação para nova perícia.
Como evitar problemas antes da perícia?
Antes de comparecer à perícia (presencial ou digital), revise o laudo com atenção: verifique se consta o CID, se a emissão foi nos últimos 90 dias (ou 30 no caso de perícia presencial), se descreve de forma detalhada as limitações e mostra claramente como isso interfere no trabalho. Se faltar alguma dessas informações, peça ao médico para complementar ou emitir um novo laudo.
Em muitas situações, contar com a ajuda de um advogado previdenciário pode evitar falhas simples que levam a negativas ou atrasos.