O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) tomou uma decisão significativa ao suspender a ampliação da validade da patente da substância liraglutida até 2033. Esta substância é amplamente utilizada em medicamentos como Victoza e Saxenda, fabricados pela Novo Nordisk. A decisão provisória foi emitida pelo juiz Flávio Jardim, que considerou que a extensão do monopólio poderia continuar a criar uma concentração de mercado desfavorável, além de inibir a introdução de versões mais acessíveis aos consumidores, mantendo assim os preços elevados.
A decisão foi motivada por um recurso da farmacêutica EMS, que já lançou versões sintéticas da liraglutida em agosto e possui registro ativo junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com a suspensão da patente prorrogada, a EMS pode continuar a produção e comercialização dos seus produtos sem temer interrupções legais. O juiz destacou ainda os potenciais prejuízos coletivos que o monopólio continuado poderia proporcionar, enfatizando a dificuldade de inclusão da liraglutida no Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente devido ao seu alto custo e à falta de comprovação de custo-benefício em larga escala.
Com a manutenção da patente prorrogada, a Novo Nordisk mantém a exclusividade na produção e comercialização dos seus produtos, enquanto a EMS pode enfrentar desafios legais para continuar a produção e comercialização de suas versões genéricas.
Como o tempo de análise de patente afeta a indústria farmacêutica?
A decisão judicial inicial, agora suspensa, tinha sido favorável à prorrogação da patente com base no atraso do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), que levou mais de 13 anos para analisar o pedido de patente da Novo Nordisk. Este atraso foi usado pela empresa para reivindicar a extensão do período de exclusividade, alegando perdas devido à demora. Contudo, essa perspectiva encontrou oposição, pois o alargamento do monopólio poderia continuar a impactar os preços de mercado e a disponibilidade de medicamentos mais baratos.

Impactos econômicos e sociais da decisão sobre a liraglutida
A suspensão da ampliação da patente representa um revés significativo para a Novo Nordisk. Além do impacto econômico direto, a decisão pode ter repercussões sociais positivas ao permitir que alternativas mais baratas cheguem ao mercado. Com concorrência aumentada, espera-se uma possível redução nos custos dos medicamentos, ampliando o acesso dos consumidores a tratamentos essenciais. Isso é particularmente relevante para o sustento dos sistemas de saúde que enfrentam limitações orçamentárias, como o SUS.
O futuro da patente farmacêutica no Brasil
A situação em torno da liraglutida levanta questões cruciais sobre o futuro das patentes farmacêuticas no Brasil. Como a proteção de patentes é essencial para incentivar a pesquisa e inovação, ela também precisa ser equilibrada com a acessibilidade dos medicamentos. As farmacêuticas, além da Novo Nordisk, trabalham incessantemente para maximizar a proteção de seus produtos, mas enfrentam desafios legais em manter suas patentes por longos períodos, principalmente em um cenário onde a acessibilidade e custos são fatores críticos.
Em suma, a suspensão da ampliação da patente da liraglutida pelo TRF-1 evidencia a complexidade dos debates sobre direitos de patentes e acessibilidade a medicamentos no Brasil. A continuidade dessa discussão será fundamental para moldar o equilíbrio entre inovação farmacêutica e o direito ao acesso à saúde pública acessível e eficaz.
FAQ – Perguntas Frequentes
- O que é liraglutida e para que serve?
A liraglutida é uma substância utilizada no tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade, presente em medicamentos como Victoza e Saxenda. - Por que a ampliação da patente foi suspensa?
A ampliação da patente foi suspensa porque o Tribunal considerou que a extensão prolongada do monopólio impactaria negativamente a concorrência e a acessibilidade, mantendo preços elevados e dificultando a entrada de versões genéricas no mercado. - O que muda para os consumidores com essa decisão?
Com a suspensão da prorrogação da patente, outras empresas podem fabricar versões genéricas da liraglutida, o que pode resultar em preços mais baixos e maior acesso ao medicamento. - Quais são os possíveis impactos para o SUS?
Se versões mais acessíveis da liraglutida entrarem no mercado, há uma maior possibilidade de inclusão desse medicamento nas políticas públicas de saúde, especialmente no SUS, pois o preço mais baixo facilita a negociação e aquisição. - Ainda existem discussões futuras sobre patentes farmacêuticas no Brasil?
Sim. O tema segue em debate, principalmente sobre o equilíbrio entre incentivar a inovação por meio das patentes e garantir o acesso da população a tratamentos de saúde essenciais e acessíveis.