Glaucoma agudo de ângulo fechado é uma condição séria que pode levar à perda repentina da visão — e, segundo o criador de conteúdo Thiago Augusto (@jornadatop), um simples hábito noturno pode estar entre os gatilhos. Em um vídeo que viralizou nas redes sociais, ele conta o caso de um homem que ficou cego após usar o celular no escuro, pouco antes de dormir.
Com mais de 8 milhões de seguidores e destaque no prêmio iBest, Thiago costuma abordar temas de tecnologia, mas desta vez o alerta foi sobre saúde ocular. Ele relata como a pressão dentro do olho pode subir rapidamente em situações específicas e causar danos irreversíveis. A história surpreende justamente por mostrar que algo tão comum pode ter consequências tão graves.
O que acontece no olho ao usar o celular no escuro?
De acordo com Thiago, o uso do celular no escuro pode provocar uma dilatação exagerada das pupilas. Isso acontece porque, na ausência de luz, o olho tenta captar o máximo de claridade possível. Em algumas pessoas, esse processo natural pode acabar obstruindo a drenagem do líquido interno do olho, o chamado humor aquoso.
Quando esse líquido não é drenado corretamente, a pressão dentro do olho sobe de forma abrupta. É exatamente isso que caracteriza o glaucoma agudo de ângulo fechado, uma emergência oftalmológica que pode causar dor intensa e perda de visão. Segundo o relato, esse processo foi tão rápido que o homem sequer conseguiu explicar o que estava acontecendo.

O que é glaucoma agudo de ângulo fechado?
Esse tipo de glaucoma é diferente do glaucoma crônico, que evolui lentamente. No caso agudo, a pressão intraocular sobe de forma súbita, causando dor, visão embaçada e, muitas vezes, perda total da visão em questão de horas. É uma situação que precisa de atendimento médico imediato.
De acordo com o Manual MSD, esse quadro costuma ocorrer em pessoas com predisposição anatômica — como olhos menores ou com ângulo estreito entre íris e córnea. A crise pode ser desencadeada justamente por uma dilatação rápida da pupila, como a que ocorre no escuro, diante da luz intensa da tela do celular.
O uso do celular realmente pode provocar uma crise de glaucoma?
Embora nem todo mundo corra esse risco, há estudos que indicam que o uso de dispositivos móveis em ambientes escuros pode favorecer crises em pessoas predispostas. Um artigo publicado no Scientific Reports apontou que o uso prolongado de telas pode impactar a saúde ocular e influenciar na pressão intraocular.
Além disso, um estudo recente de randomização mendeliana (MR) encontrou associação entre o uso excessivo de celular e risco aumentado de glaucoma. Ou seja, não é uma relação direta para todos os casos, mas é um fator de risco que merece atenção — principalmente se houver predisposição anatômica ou histórico familiar.
Quem corre mais risco de desenvolver esse tipo de glaucoma?
Segundo órgãos como a Organização Mundial da Saúde e o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, o glaucoma agudo costuma atingir mais pessoas com hipermetropia, acima dos 50 anos, asiáticos, mulheres e quem já tem casos na família. Ter uma anatomia ocular específica, como câmara anterior rasa, também aumenta o risco.
Por isso, quem se encaixa nesses perfis deve evitar usar o celular no escuro e buscar avaliação oftalmológica com exames como a gonioscopia. Em muitos casos, o médico pode identificar o risco antes que a crise aconteça e até indicar um procedimento a laser preventivo, chamado iridotomia periférica.

O que fazer para se proteger e manter a visão saudável?
A recomendação principal é simples: evite usar celular no escuro. Sempre que possível, mantenha uma luz acesa ao redor, mesmo que seja fraca. Isso ajuda a evitar a dilatação exagerada da pupila. Também vale limitar o tempo de exposição às telas, principalmente antes de dormir.
Outra dica é seguir a regra 20-20-20: a cada 20 minutos olhando para uma tela, desvie o olhar para algo a 20 pés (cerca de 6 metros) de distância por 20 segundos. Essa prática ajuda a descansar os músculos dos olhos e pode prevenir sintomas de cansaço visual, que também afetam a saúde ocular no longo prazo.
Já parou pra pensar nesse hábito tão comum?
A fala do Thiago Augusto viralizou porque toca em um comportamento que muita gente tem: pegar o celular antes de dormir, já com as luzes apagadas. O que parece inofensivo pode ser o gatilho para uma crise séria de saúde ocular — especialmente para quem já tem alguma predisposição.
Talvez seja hora de repensar esse hábito noturno. Pequenas mudanças na rotina podem fazer uma grande diferença na prevenção de problemas graves como o glaucoma agudo. E nesse caso, o melhor tratamento é mesmo a prevenção, já que o dano ao nervo óptico costuma ser irreversível.
Fontes oficiais consultadas
- Manual MSD: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/distúrbios-oftalmológicos/glaucoma/glaucoma-de-ângulo-fechado
- OMS – Organização Mundial da Saúde: https://www.who.int/pt/news-room/fact-sheets/detail/blindness-and-visual-impairment
- Conselho Brasileiro de Oftalmologia: https://www.cbo.net.br
- Scientific Reports / Nature: https://www.nature.com/articles/s41598-019-55406-1
- PubMed Central: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC11608698