No Aeroporto de Brasília, salas VIPs exclusivas para servidores de órgãos públicos federais apresentam um custo expressivo para os cofres públicos, atingindo cerca de R$ 3,7 milhões anuais. Tais instalações servem a um propósito específico: oferecer serviços de “fast pass” e áreas de descanso para facilitar a movimentação de figuras importantes no setor político e judiciário.
O “fast pass” é um benefício que otimiza a inspeção de segurança e agiliza o processo de embarque. Este serviço também é oferecido por algumas operadoras de cartão de crédito a clientes específicos, mas, no contexto governamental, destina-se ao uso exclusivo de certas autoridades durante missões oficiais.
Quais órgãos possuem salas VIP no Aeroporto de Brasília?
Entre os órgãos que dispõem dessas salas estão o Senado Federal, Câmara dos Deputados, Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ), além do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty). Estas salas são separadas das que são acessíveis através de cartões de crédito ou programas de fidelidade, indicando um uso especializado e limitado a funcionários e convidados previamente autorizados.
Como cada instituição utiliza suas salas VIP?
O Senado Federal possui uma área de 20 m² localizada na área de desembarque doméstico do aeroporto, com um custo anual de R$ 379.650,92. Essa área é exclusivamente para uso em atividades de serviço, sem oferta de comodidades.
A Câmara dos Deputados mantém uma sala de 69 m² localizada no segundo andar do aeroporto. A Câmara gasta R$ 278.432,37 por ano por este espaço, que é usado por parlamentares e servidores que oferecem suporte logístico.
O Supremo Tribunal Federal possui uma sala de 50 m² customizada com um custo anual de R$ 420.000. Esta sala é utilizada pelos ministros, sem oferta de serviços como comida ou bebida.
Por que o Itamaraty precisa de uma sala VIP?
O Itamaraty, diferentemente das outras instituições, não limita seu uso a uma sala, mas tem acesso a várias salas VIPs no aeroporto, garantindo acomodação para altas autoridades estrangeiras, como chefes de Estado. O contrato com a administradora do aeroporto custa R$ 1.179.520,63 por ano.
A construção planejada de uma nova sala VIP para o Tribunal Superior do Trabalho (TST) adiciona uma complexidade legal ao debate. De acordo com especialistas, como o professor Rubens Beçak, é necessário verificar a legalidade sob os princípios da administração pública, assegurando que os atos sejam públicos e eficazes em relação ao custo-benefício para facilitar o deslocamento dos ministros.

É legal gastar tanto com esses privilégios?
A construção e manutenção dessas salas VIP levantam questões sobre a legalidade e justificativa desses gastos públicos. Desde que os procedimentos legais sejam seguidos, como a dispensa de licitação e a justificativa da necessidade, essas ações são consideradas legais. No entanto, a eficiência e a moralidade dos gastos são frequentemente questionadas, principalmente à luz de alternativas já existentes no mercado de salas VIP.
FAQ
O acesso às salas VIPs dos órgãos públicos no Aeroporto de Brasília é permitido a qualquer servidor?
Não. O acesso é restrito a autoridades, servidores previamente autorizados e, no caso do Itamaraty, a convidados oficiais, como chefes de Estado estrangeiros em visita ao Brasil.
Essas salas VIPs oferecem alimentação, bebidas ou outros serviços aos usuários?
Em geral, não. A maioria das salas, como as do Senado e do STF, não oferecem serviços de alimentação ou bebida, sendo destinadas principalmente ao apoio logístico e ao uso para atividades oficiais.
Por que não utilizar salas VIP comerciais já disponíveis no aeroporto?
Segundo justificativas dos órgãos federais, as salas exclusivas garantem maior segurança, privacidade e agilidade no deslocamento de autoridades em missões oficiais, aspectos considerados necessários e que nem sempre podem ser garantidos por salas VIPs comerciais.
Existe controle sobre os gastos e o uso dessas salas?
Os contratos são fiscalizados pelos próprios órgãos públicos e podem ser auditados por órgãos de controle federal, como Tribunal de Contas da União (TCU). Os valores e justificativas dos contratos costumam ser públicos, mas há questionamentos sobre a real eficiência do gasto.
O público pode utilizar alguma dessas salas VIP mediante pagamento?
Não. O uso das salas VIP mantidas por órgãos públicos federais é restrito e não disponível à população mediante pagamento, ao contrário das salas VIPs comerciais operadas por administradoras do aeroporto.