Nos últimos anos, a ligação entre dieta e saúde mental se tornou evidente, especialmente em relação ao consumo de alimentos ultraprocessados e seus efeitos no humor e na psicologia humana. Em 2025, a depressão persiste como uma das principais causas de incapacidade global, afetando inúmeras pessoas em todo o mundo. Pesquisas recentes indicam que o consumo regular de alimentos ultraprocessados pode aumentar significativamente o risco de episódios depressivos. Mas o que torna esses alimentos tão prejudiciais nesse contexto?
Alimentos ultraprocessados são conhecidos por passarem por intensos processos industriais e por conterem uma variedade de aditivos alimentares, como aromatizantes, intensificadores de sabor, corantes e conservantes. Exemplos típicos incluem refrigerantes, snacks, biscoitos recheados e refeições pré-preparadas. Ao se comparar com alimentos in natura ou minimamente processados, os ultraprocessados se destacam pelo alto teor de açúcares, gorduras não saudáveis e sódio, além da carência de nutrientes essenciais.
Como os alimentos ultraprocessados impactam a saúde mental?
Vários estudos apontam uma conexão entre a ingestão de ultraprocessados e a diminuição dos níveis dos nutrientes necessários para a saúde cerebral, como vitaminas do complexo B, antioxidantes e minerais. A falta dessas substâncias pode interferir na produção de neurotransmissores e agravar processos inflamatórios, ambos relacionados ao surgimento e à manutenção da depressão. A pesquisa ELSA-Brasil, que avaliou servidores públicos por mais de uma década, descobriu que aqueles com alto consumo desse tipo de alimento apresentaram um risco 30% maior de desenvolver depressão em comparação com aqueles que consumiam menos.
Além disso, estudos internacionais realizados em Estados Unidos, Reino Unido e Austrália confirmaram que dietas ricas em ultraprocessados não só aumentam o risco de depressão, como estão relacionadas a uma piora nos quadros de ansiedade e ao comprometimento da memória. Ou seja, o impacto vai além da depressão, tornando-se uma preocupação global para a saúde pública.

Quais fatores influenciam o consumo de ultraprocessados no Brasil?
No cenário brasileiro, o consumo de ultraprocessados cresceu notavelmente na última década. Essa tendência é alimentada pela urbanização rápida, a correria do cotidiano e a praticidade dos produtos industrializados, que muitas vezes são mais baratos do que alimentos frescos. A grande oferta de alimentos ultraprocessados nos mercados e a substituição de preparações caseiras por refeições industriais também contribuíram para essa mudança nos hábitos alimentares.
No entanto, vale destacar que políticas governamentais em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro têm investido em programas de incentivo à alimentação saudável, como hortas urbanas e campanhas educativas, buscando reverter a preferência pelos ultraprocessados e promover escolhas mais conscientes.

Quais são as melhores estratégias para uma alimentação mentalmente saudável?
Para promover uma melhor saúde mental, é crucial fazer escolhas alimentares conscientes, priorizando alimentos frescos e minimamente processados. Algumas dicas para alcançar isso incluem:
- Preparar um planejamento semanal das refeições com foco em ingredientes naturais, como frutas, legumes e grãos integrais.
- Se possível, dedicar tempo à preparação caseira das principais refeições, reduzindo a dependência de alimentos industrializados.
- Ler atentamente os rótulos para evitar produtos com elevados teores de açúcares e gorduras saturadas.
- Consultar nutricionistas ou outros profissionais de saúde para uma orientação personalizada.
Vale lembrar que experiências em comunidades de Minas Gerais e do interior do Paraná têm demonstrado que programas de educação alimentar e o acesso facilitado a feiras e produtores locais contribuem para uma mudança positiva nos hábitos alimentares e, consequentemente, na saúde mental da população.
A conscientização sobre a dieta e sua influência no bem-estar mental é mais relevante do que nunca. Adotar hábitos alimentares que promovem uma dieta rica em nutrientes e baixa em alimentos ultraprocessados pode não apenas reduzir o risco de depressão, mas também melhorar a qualidade de vida de maneira ampla.