A reciclagem de ouro eletrônico é um assunto que desperta curiosidade e atenção, principalmente quando se trata de um metal tão valioso escondido em componentes antigos de computadores. Thiago Augusto, criador do perfil @jornadatop e especialista em tecnologia com mais de 8,3 milhões de seguidores no Instagram, viralizou ao explicar como o ouro pode ser extraído de lixo eletrônico. Embora não seja um especialista em química ou reciclagem, seu conteúdo aborda o tema de forma acessível e educativa para o público geral.
No vídeo que alcançou milhões de visualizações no TikTok, Thiago detalha as etapas de recuperação do ouro presente em conectores, chips e placas-mãe. Mas até que ponto essa prática é viável, segura e sustentável? Vamos explorar isso neste artigo com base em fontes confiáveis e informações técnicas validadas.
Como é feita a extração de ouro do lixo eletrônico?
O processo descrito por Thiago Augusto é baseado em uma técnica clássica de recuperação de ouro conhecida no meio químico. Tudo começa com a separação dos componentes eletrônicos que possuem maior concentração de ouro, como placas de servidores antigos, pinos de processadores e conectores banhados. Essa fase inicial exige conhecimento para identificar os componentes mais valiosos.
Na etapa seguinte, utiliza-se uma solução chamada “água régia” (ou aqua regia), formada por uma mistura de ácido nítrico e ácido clorídrico. Essa combinação é capaz de dissolver praticamente todos os metais presentes nos componentes, exceto o ouro. Assim, o ouro se separa dos demais materiais, formando uma solução dourada pastosa.

O que acontece após a separação do ouro?
Uma vez obtida a solução com ouro dissolvido, o próximo passo é a precipitação do metal. Isso é feito com o uso de um agente redutor químico, que transforma o ouro dissolvido em pó metálico. Esse pó então passa por secagem, prensagem e fundição para formar pequenas barras de ouro puro.
Apesar do alto valor comercial, a quantidade extraída costuma ser muito pequena. Para produzir uma barra, é necessário reciclar grandes volumes de lixo eletrônico. Isso torna o processo lucrativo apenas em escala industrial ou para pessoas que têm acesso regular a esse tipo de resíduo.
Qual é o papel do ouro nos eletrônicos?
O ouro é amplamente utilizado na indústria eletrônica por ser um dos melhores condutores elétricos conhecidos. Além de conduzir eletricidade com eficiência, ele não oxida nem enferruja, garantindo conexões estáveis e duradouras. Por isso, aparece em pequenas quantidades em conectores de memória RAM, chips, terminais de placas-mãe e processadores.
Apesar de sua presença ser quase microscópica, o ouro é essencial para o funcionamento de componentes críticos. Por isso, é comum ver empresas especializadas adquirindo grandes lotes de eletrônicos antigos apenas para extração desse metal.
A extração caseira é segura e legal?
Esse é um ponto sensível. O uso de ácidos fortes como ácido nítrico e clorídrico envolve riscos graves à saúde e ao meio ambiente. A manipulação incorreta pode causar queimaduras, intoxicação ou liberação de gases tóxicos. A Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam para os perigos desses produtos químicos sem controle técnico adequado.
No Brasil, a manipulação de resíduos perigosos é regulamentada pela ANVISA e pelo CONAMA, e requer licenças específicas. Além disso, a exposição indevida desses reagentes pode contaminar solos e águas, gerando impactos ambientais sérios.

O que diz a legislação ambiental sobre o lixo eletrônico?
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) estabelece regras para o descarte e a reciclagem de equipamentos eletrônicos. Empresas e consumidores são responsáveis por dar destino adequado aos materiais. Iniciativas como a ABREE (Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos) promovem pontos de coleta e reaproveitamento legal e seguro.
Realizar esse tipo de processo em casa não é apenas perigoso, mas pode ser ilegal se feito sem as devidas licenças ambientais. Para quem deseja se envolver com esse tipo de atividade, o ideal é buscar capacitação e atuar em parceria com instituições legalizadas.
Por que o conteúdo de Thiago Augusto chama tanta atenção?
Além da linguagem acessível, Thiago Augusto tem o mérito de popularizar temas complexos como reciclagem tecnológica, robótica e sustentabilidade. Mesmo sem formação técnica na área química, ele instiga a curiosidade de milhões de pessoas ao mostrar, na prática, que componentes aparentemente sem valor escondem riquezas.
Com seu estilo direto, ele torna compreensível para o público leigo como a tecnologia e a química se cruzam no cotidiano. No entanto, é fundamental lembrar que o que ele mostra é demonstrativo e que qualquer tentativa de reproduzir deve ser feita com conhecimento, estrutura e, principalmente, segurança.
Isso é um hobby ou um futuro negócio lucrativo?
A extração de ouro de lixo eletrônico pode parecer uma mina de ouro, mas exige investimento, conhecimento e estrutura. Para a maioria das pessoas, é mais um hobby educativo do que um modelo de negócio viável. A coleta, separação e manuseio correto dos materiais requer tempo e, muitas vezes, parcerias com centros de reciclagem.
Para quem deseja entrar nesse mercado de forma séria, o ideal é buscar formação em química industrial, gestão de resíduos e normas ambientais. Assim, é possível unir tecnologia, sustentabilidade e retorno financeiro com responsabilidade e legalidade.
Onde encontrar fontes confiáveis sobre o tema?
Para se aprofundar sobre reciclagem de metais preciosos e segurança química, consulte estas fontes:
- Organização Mundial da Saúde (OMS) – https://www.who.int
- Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) – https://www.epa.gov
- ABREE – https://abree.org.br
- Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) – https://www.gov.br/mma
- Wikipédia: “Aqua regia” e “Electronic waste gold recovery”