O cenário político brasileiro foi marcado por uma movimentação significativa em 2025 envolvendo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e sua tentativa de intervenção no impasse comercial entre Brasil e Estados Unidos. Buscando alternativas para reverter a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, Tarcísio procurou apoio entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para liberar o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente com o passaporte apreendido, a viajar aos EUA e conversar diretamente com o ex-presidente norte-americano Donald Trump.
A proposta de Tarcísio de Freitas gerou intenso debate dentro do STF. De acordo com fontes próximas à Corte, a justificativa era de que Bolsonaro seria uma figura estratégica nas negociações com Trump, considerando sua relação próxima com o norte-americano e sua trajetória à frente do governo brasileiro. No entanto, o momento judicial delicado do ex-presidente foi um impedimento central para o avanço da ideia.
Principais produtos brasileiros afetados pelas tarifas dos EUA
É importante destacar que a tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos afeta principalmente produtos como aço e alumínio exportados pelo Brasil. Esses setores compõem uma parcela relevante da pauta exportadora nacional para o mercado americano e são responsáveis por milhares de empregos no país. Além de aço e alumínio, outros bens industriais e produtos agrícolas também podem sofrer impacto, mas as restrições sobre o aço e o alumínio são as que mais preocupam as empresas exportadoras brasileiras, que já buscam alternativas para minimizar as perdas decorrentes dessa política tarifária.
Entenda como surgiu a proposta de viagem de Bolsonaro?
A negociação foi planejada de maneira estratégica, com o objetivo de abrir canais diplomáticos alternativos para tratar da tarifa imposta pelo governo dos EUA. Além do próprio Bolsonaro, a proposta envolvia a participação dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, para dar maior representatividade ao grupo brasileiro que buscaria diálogo em Washington.
Apesar de o movimento visar uma solução comercial, havia também um pano de fundo político. A presença de figuras do Legislativo indicava uma tentativa de consolidar respaldo institucional à iniciativa, ampliando a legitimidade da missão junto ao governo Trump. O grupo pretendia abordar não apenas as tarifas, mas também questões políticas, como uma eventual anistia a Bolsonaro.
Quais foram os obstáculos encontrados por Bolsonaro?
O Supremo Tribunal Federal foi enfático ao rechaçar a solicitação. Os ministros avaliaram que seria inadequado permitir a liberação de Bolsonaro diante de investigações em curso e do risco de fuga. Além disso, lembraram que negociações internacionais são atribuições exclusivas do Executivo Federal, por meio do Ministério das Relações Exteriores, e não devem ser conduzidas por ex-presidentes ou representantes em situação jurídica controversa.
Outro ponto considerado pelo STF foi o precedente que seria criado caso autorizasse a medida, o que poderia fragilizar o próprio sistema judicial ao sinalizar exceções em casos de grande repercussão. A avaliação predominante é que movimentações diplomáticas que envolvam interesses estratégicos do Brasil precisam obedecer aos trâmites oficiais, independentemente do cenário político individual de seus protagonistas.
O que esperar das relações entre Brasil e Estados Unidos diante das tarifas?
A imposição da tarifa de 50% pelo governo norte-americano afeta o comércio bilateral e exige respostas do governo brasileiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já declarou que buscará soluções prioritariamente por meio das vias diplomáticas tradicionais. Embora tenha recebido uma carta de Donald Trump alertando sobre possíveis impactos negativos caso as ações contra Bolsonaro persistam, o governo optou por não responder oficialmente, priorizando ações institucionais e evitando ingerências externas em sua política interna.
Retomada de diálogo: O governo brasileiro sinaliza que, caso as sobretaxas entrem em vigor, responderá com medidas equivalentes.
Respeito à institucionalidade: Autoridades destacam a necessidade de seguir protocolos diplomáticos e judiciais estabelecidos.
Impactos econômicos: Empresas exportadoras acompanham com atenção os desdobramentos, que podem alterar a dinâmica comercial em setores estratégicos, especialmente nos ramos de aço e alumínio.
O caso evidencia a complexidade das relações internacionais e o papel central das instituições no equilíbrio de poderes no Brasil. Por ora, a chance de Bolsonaro assumir protagonismo em negociações bilaterais permanece limitada pelas restrições judiciais e pela prerrogativa constitucional de representação externa atribuída ao Executivo.
