Tsunamis são raros no Brasil devido à posição privilegiada do país na Placa Sul-Americana, longe das bordas tectônicas mais ativas do planeta. Pedro Loos, criador do canal Ciência Todo Dia com 7,4 milhões de inscritos e formado em Física pela UFSC, explica que essa localização central protege o território brasileiro de terremotos intensos e atividade vulcânica significativa.
O divulgador científico de 26 anos, natural de Brusque e atualmente residente em Balneário Camboriú, construiu uma das maiores plataformas de divulgação científica do Brasil. Reconhecido pela ONU como influenciador em mudanças climáticas, Pedro tem se destacado por traduzir conceitos científicos complexos em linguagem acessível para milhões de brasileiros.
Quais são as principais causas dos tsunamis no mundo?
Tsunamis têm duas causas principais que Pedro Loos destaca em sua explicação científica. A primeira são terremotos submarinos, que acontecem quando as placas tectônicas que formam a crosta terrestre entram em colisão ou raspam umas nas outras. Essas placas flutuam sobre o magma do manto terrestre e seus movimentos geram abalos sísmicos.
A segunda causa são erupções vulcânicas submarinas, onde material do magma é expelido violentamente para a superfície oceânica. Esse processo pode deslocar volumes imensos de água e terra, criando ondas gigantescas que se propagam por grandes distâncias. Ambos os fenômenos concentram-se principalmente nas bordas das placas tectônicas, onde a atividade geológica é mais intensa.
Por que o Brasil está protegido de tsunamis frequentes?
O Brasil desfruta de uma posição geológica privilegiada por estar localizado bem no centro da Placa Sul-Americana, conforme explica Pedro Loos. A Placa Sul-Americana é uma das menores entre as sete maiores placas tectônicas do planeta, com cerca de 32 milhões de quilômetros quadrados, abrangendo todo o continente sul-americano e parte do Oceano Atlântico.
Tanto vulcões quanto terremotos intensos são mais comuns nas bordas das placas tectônicas, onde ocorrem os maiores choques e fricções. Como o Brasil fica no meio de uma placa tectônica, os sismos costumam ter menor grau de intensidade, diferentemente de países próximos às bordas como Portugal. Isso torna terremotos de grande magnitude e atividade vulcânica extremamente improváveis no território brasileiro.
Quando um tsunami atingiu o Brasil na história?
Em 1º de novembro de 1755, um tsunami atingiu o litoral nordeste do Brasil, originado pelo terremoto de Lisboa de magnitude 8,7 na escala Richter. Pedro Loos cita este evento histórico como exemplo de como tsunamis podem percorrer longas distâncias oceânicas, mesmo partindo do outro lado do Atlântico.
Quatro cartas da época, preservadas no Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa e escritas pelo arcebispo da Bahia, pelos governadores de Pernambuco e da Paraíba, comprovam que as ondas destruíram habitações modestas e duas pessoas desapareceram. As águas avançaram até 4 quilômetros terra adentro em algumas regiões, demonstrando que mesmo eventos raros podem ter impactos significativos.
Como tsunamis se propagam por longas distâncias oceânicas?
Pedro Loos menciona o tsunami de 2004 na Indonésia como exemplo moderno de propagação transoceânica. O tsunami de Lisboa de 1755 foi causado por uma falha oceânica de aproximadamente 100 km de comprimento e 50 km de largura, que afetou o fundo do oceano em cerca de 20 metros de altura. Esse deslocamento massivo criou ondas que viajaram por todo o Oceano Atlântico.
A energia dos tsunamis se propaga através das ondas oceânicas, mantendo velocidade e força mesmo atravessando milhares de quilômetros. Pesquisadores encontraram evidências deste tsunami de 1755 até mesmo na Martinica, a cerca de 5.700 quilômetros de distância de Portugal. Isso demonstra como eventos sísmicos extremos podem ter consequências globais, mesmo em regiões geologicamente estáveis como o Brasil.
Qual o monitoramento sísmico atual no Brasil?
A Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) monitora continuamente a atividade sísmica nacional através de quase 100 estações distribuídas pelo território brasileiro. Coordenada pelo Observatório Nacional em parceria com o Serviço Geológico do Brasil, a rede detecta semanalmente pequenos tremores que geralmente passam despercebidos pela população.
Marcos Ferreira, geofísico do Serviço Geológico do Brasil, confirma que o país é relativamente estável em termos sísmicos, especialmente comparado ao Chile, Japão e outros países do Círculo de Fogo do Pacífico. Os dados são transmitidos em tempo real e disponibilizados gratuitamente para a sociedade, contribuindo para pesquisas e prevenção de riscos naturais.
Tsunamis representam risco real para o futuro do Brasil?
Embora Pedro Loos enfatize que tsunamis são improváveis no Brasil, ele ressalta que “improvável não é impossível”. A posição central na Placa Sul-Americana continuará protegendo o país de eventos sísmicos locais significativos, mas tsunamis originados em outras regiões do mundo ainda podem atingir a costa brasileira.
A ausência de falhas tectônicas ativas próximas à costa brasileira impede a concentração de energia necessária para desencadear grandes terremotos locais e tsunamis. Contudo, o monitoramento contínuo da RSBR e sistemas internacionais de alerta permanecem fundamentais para detectar possíveis ameaças vindas de outras regiões oceânicas, mantendo a população informada sobre eventuais riscos.
Onde encontrar informações confiáveis sobre tsunamis?
Fontes oficiais utilizadas neste artigo:
- Rede Sismográfica Brasileira (RSBR): http://rsbr.on.br
- Observatório Nacional: https://www.gov.br/observatorio
- Centro de Sismologia da USP: https://moho.iag.usp.br
- National Geographic Brasil: https://www.nationalgeographicbrasil.com
- Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa (documentos históricos de 1755)
