O mercado automotivo brasileiro vive uma revolução silenciosa. Impulsionado por novas tecnologias e modelos elétricos acessíveis, o setor começa a experimentar uma reconfiguração profunda. Mas nem todos os veículos saem ganhando nessa transição. O caso mais emblemático é o do Renault Kwid E-Tech, que liderou o ranking de desvalorização no último ano.
Segundo levantamento da plataforma Mobiauto, o modelo perdeu 38% do seu valor entre março de 2024 e março de 2025 — um tombo de R$ 49.337, saindo de R$ 126.652 para R$ 77.315.
Por que o Renault Kwid E-Tech desvalorizou tanto?

1. Concorrência pesada dos elétricos chineses
Montadoras como BYD e GWM chegaram ao Brasil com força, oferecendo veículos mais modernos, com maior autonomia, acabamento superior e preços competitivos. O Kwid, embora acessível, ficou tecnicamente defasado diante dessa nova geração.
2. Reposicionamento de preço
Para tentar se manter relevante, a Renault reduziu o valor do Kwid E-Tech novo para R$ 99 mil em 2025. A estratégia tornou o modelo o elétrico mais barato do Brasil, mas impactou diretamente o mercado de seminovos, pressionando os preços para baixo.
3. Baixo apelo no mercado de usados
O interesse por elétricos usados ainda é limitado. A autonomia mais modesta e a ausência de recursos tecnológicos presentes em rivais mais recentes contribuem para a baixa procura pelo Kwid E-Tech seminovo.
Outros modelos além do Renault que também perderam valor
A desvalorização não atingiu apenas o Kwid. Outros veículos também sofreram perdas consideráveis no período:
- BMW iX1: queda de 14,72% (−R$ 57.177)
- Honda ZR-V: retração de 14,69% (−R$ 30.304)
- Nissan Sentra: desvalorização de 14,10% (−R$ 23.764)
- BMW X4: perda de 12,48% (−R$ 59.356)
- Honda Accord: queda de 11,94% (−R$ 36.759)
- BYD Seal: recuo de 9,37% (−R$ 26.854)
- Chevrolet S10 Cabine Simples: baixa de 9,39% (−R$ 20.588)
- Hyundai HB20S: queda de 8,43% (−R$ 8.152)

O que os dados revelam sobre o mercado?
A média de desvalorização entre os modelos elétricos no ranking foi de 20,7%, superior à média de 11,8% observada entre veículos a combustão ou híbridos.
Apesar do crescimento da eletromobilidade, o mercado ainda se adapta à revenda de carros elétricos. Modelos mais antigos ou menos equipados sofrem mais.
Como evitar perdas com desvalorização?
Para fugir da depreciação acelerada, especialistas recomendam:
- Avaliar o valor de revenda histórico da marca
- Buscar modelos com atualizações frequentes e boa autonomia
- Priorizar pacotes tecnológicos completos
- Manter revisões e estética em dia
- Observar programas de recompra garantida de algumas montadoras
O futuro do Renault Kwid E-Tech e dos elétricos populares
Apesar da forte desvalorização, o Kwid E-Tech ainda cumpre um papel relevante como porta de entrada para a mobilidade elétrica no país. No entanto, o cenário exige constante atualização, sob risco de ser engolido pela concorrência.
Com a chegada de novos players, o consumidor brasileiro terá cada vez mais opções — e o mercado, novos desafios para equilibrar tecnologia, preço e valorização.