O carro elétrico já existe há mais de um século, mas você sabia que ele fracassou várias vezes antes de conquistar o mercado atual? Mateus Afonso, especialista em mobilidade elétrica e criador do perfil @eletricarbr, explica de forma didática por que os modelos antigos não emplacaram e como as baterias foram o principal obstáculo. O futuro dos carros parecia elétrico desde o século XIX, mas faltava tecnologia para que isso virasse realidade.
Visitando o Museu da Ford em Detroit, Mateus mostra modelos que datam de 1897, com apenas 1 cavalo de potência, e revela que limitações técnicas sempre foram a maior barreira. O problema nunca foi a ideia em si, mas sim a dificuldade em torná-la viável em larga escala. Vamos entender os motivos por trás desses fracassos e por que, agora, o carro elétrico está finalmente ganhando espaço.
Por que os primeiros carros elétricos não funcionaram?
Lá em 1897, um carro elétrico já existia, mas sua potência era de apenas 1 cavalo. A limitação das baterias, o peso elevado e a baixa autonomia tornavam esse modelo imprático, mesmo para os padrões da época. A solução encontrada foi criar sistemas híbridos, misturando motor a combustão e elétrico, como um meio-termo. Mas ainda assim, a eficiência era baixa.
Essas tentativas precoces revelam que o carro elétrico sempre foi uma ideia presente, mas tecnicamente inviável por muitos anos. Sem autonomia suficiente, recarga eficiente e custos acessíveis, o consumidor não via vantagem em abandonar os combustíveis fósseis.
O que mudou com os híbridos nos anos 2000?
Nos anos 2000, com o avanço da eletrônica e a necessidade de reduzir o consumo de combustível, os carros híbridos começaram a se popularizar. O Toyota Prius é o maior exemplo dessa transição. Ele usava um motor elétrico auxiliar, que reduzia o consumo e aumentava a eficiência.
Apesar disso, os elétricos puros ainda enfrentavam limitações. Não havia infraestrutura de recarga adequada e as baterias continuavam caras e com pouca autonomia. Ainda era um desafio competir com a praticidade dos motores a combustão.
Qual foi o impacto da crise do petróleo nos anos 70?
Durante a crise do petróleo de 1973, os Estados Unidos buscaram alternativas à gasolina. Foi nesse período que modelos elétricos como o CitiCar ganharam espaço. Mesmo assim, a falta de tecnologia em baterias impediu um crescimento real.
A instabilidade do preço do combustível fazia com que o interesse pelos elétricos aumentasse apenas em momentos de crise. Assim que o preço da gasolina caía, os consumidores voltavam a preferir os modelos convencionais.
Qual foi o papel do GM EV1 na evolução elétrica?
O GM EV1, lançado em 1997, é considerado o primeiro carro elétrico moderno. Com autonomia acima de 100 km, ele foi oferecido apenas via leasing, e mesmo assim despertou o interesse do público. Era caro, mas eficiente para a época.
Apesar disso, o modelo foi descontinuado poucos anos depois. As montadoras não investiram na evolução do conceito e a infraestrutura ainda era inexistente. O EV1 se tornou um marco, mas não conseguiu consolidar o mercado.
Por que agora o carro elétrico faz mais sentido?
A principal mudança está nas baterias. De acordo com o Departamento de Energia dos EUA, o custo por kWh caiu cerca de 90% nos últimos 15 anos. Com isso, a autonomia média de um carro elétrico hoje supera os 400 km e o tempo de recarga foi drasticamente reduzido.
Aliado a isso, a emergência climática e os incentivos governamentais tornaram o carro elétrico uma solução sustentável e econômica. Hoje, é mais fácil, mais barato e muito mais eficiente optar por um veículo 100% elétrico do que em qualquer outra época da história.
Fontes confiáveis utilizadas:
- Museu Henry Ford: https://www.thehenryford.org
- Departamento de Energia dos EUA: https://www.energy.gov
- Artigo sobre histórico do GM EV1: https://www.motortrend.com/features/ev1-history/
- Estudo sobre custo de baterias: https://about.bnef.com/blog/battery-pack-prices-fell-to-139-kwh-in-2020/