A rivalidade entre Barcelona e Real Madrid vai muito além das quatro linhas, e quem afirma isso com propriedade é Marcelo Bechler, jornalista esportivo e correspondente internacional da TNT Sports e Rádio Itatiaia, baseado em Barcelona. Com experiência em coberturas de grandes clássicos europeus, ele não tem dúvidas ao apontar o “El Clásico” como o maior confronto entre clubes do futebol mundial.
Segundo Bechler (@marcelobechler), que também é conhecido por notícias exclusivas sobre o futebol espanhol, a importância desse duelo transcende o esporte. A disputa entre os dois gigantes é carregada de história, representações políticas, diferenças culturais e identidade social, tornando-se um dos eventos mais emblemáticos da atualidade para torcedores e entusiastas do futebol.
O que torna a rivalidade entre Barcelona e Real Madrid tão especial?
Para Marcelo Bechler, o que mais impressiona na rivalidade entre Barcelona e Real Madrid é a profundidade da representação social que existe nesse confronto. Não se trata apenas de um embate esportivo: o Barcelona é visto como um símbolo da identidade catalã, enquanto o Real Madrid historicamente representa a centralização do poder político da Espanha.
Esses elementos geraram uma divisão simbólica no país, em que cada clube se tornou um reflexo da visão de mundo de milhões de torcedores. Ainda que outros clássicos pelo mundo tenham intensidade e paixão, Bechler destaca que nenhum alcança a dimensão simbólica e global do El Clásico.

Por que Barcelona x Real Madrid supera outros clássicos?
Bechler relembra que já cobriu grandes confrontos como Internazionale e Milan, na Itália, inclusive em fases decisivas da Champions League. Também cresceu vivenciando a rivalidade entre Atlético-MG e Cruzeiro em Belo Horizonte, cidade com forte divisão torcedora. Ainda assim, ele reforça que nenhum desses clássicos se equipara ao que representa Barcelona x Real Madrid.
A magnitude internacional dos dois clubes, suas conquistas históricas, a rivalidade cultural e a forma como são vistos no mundo fazem do El Clásico algo único. Mesmo quando o clima entre as torcidas não está tão “explosivo”, o peso simbólico do duelo permanece intacto, o que, segundo o jornalista, consolida essa como a maior rivalidade entre clubes do planeta.
Quais aspectos históricos reforçam essa rivalidade?
A disputa entre Barcelona e Real Madrid tem origem no início do século XX, mas ganhou força durante o regime franquista na Espanha. O Real Madrid foi associado ao governo central de Francisco Franco, enquanto o Barcelona se tornou uma expressão de resistência catalã. Essa oposição entre poder e dissidência moldou a identidade dos clubes e solidificou o antagonismo.
Atualmente, a rivalidade é alimentada por disputas frequentes por títulos nacionais e internacionais, transferências polêmicas de jogadores, como a de Luis Figo, e pela constante comparação entre seus principais craques. Além disso, o El Clásico é um dos jogos mais assistidos do mundo, com audiências bilionárias e repercussão em todos os continentes.

Como o clássico afeta a identidade das torcidas?
Em Barcelona, o clube é parte essencial da identidade catalã, com o lema “Mais que um clube” (“Més que un club”) refletindo seu papel social. A torcida vê no time uma forma de afirmação cultural. Do outro lado, o Real Madrid representa a hegemonia do futebol espanhol, sendo o clube com maior torça nacional e um dos mais influentes globalmente.
Essa diferença de representação contribui para a intensidade da rivalidade. Torcer para um dos dois clubes vai além do futebol: é uma escolha que carrega valores, história e identidade. E essa carga simbólica é o que torna o clássico um evento de proporções históricas.
Essa rivalidade ainda é relevante mesmo com novos protagonistas no futebol?
Mesmo com a ascensão de clubes como Manchester City, PSG e Bayern de Munique, a rivalidade entre Barcelona e Real Madrid continua sendo um marco. O legado histórico, as conquistas e a carga emocional que esse clássico carrega mantêm sua relevância mesmo em contextos de reformulação das equipes.
Marcelo Bechler reforça que, mesmo com momentos de baixa intensidade no confronto, a dimensão simbólica jamais se perde. O clássico permanece como uma vitrine para o futebol mundial, reunindo paixão, rivalidade e uma história que transcende gerações.
Que fontes oficiais ajudam a entender o contexto histórico e cultural do clássico?
Para compreender a profundidade da rivalidade entre Barcelona e Real Madrid, é essencial consultar fontes históricas e institucionais. A própria La Liga, entidade que organiza o campeonato espanhol, traz informações e retrospectos detalhados sobre o confronto. A FIFA e a UEFA também apresentam dados sobre os desempenhos dos clubes em competições internacionais.
Para aspectos políticos e culturais, fontes como o Instituto Cervantes e publicações da Universidade Autònoma de Barcelona oferecem estudos sobre a identidade catalã e o impacto do futebol na sociedade espanhola. Já os registros da imprensa esportiva espanhola, como Marca e Sport, ajudam a traçar o perfil midiático da rivalidade.
O que faz de um clássico algo tão marcante para o futebol?
A fala de Marcelo Bechler deixa claro que um clássico se torna gigante quando ultrapassa a bola rolando. Não basta ser um jogo entre times fortes: é preciso representar algo maior. E Barcelona x Real Madrid é exatamente isso. Uma disputa entre visões de mundo, com torcedores apaixonados que enxergam nos seus clubes a própria identidade.
Com tantos elementos históricos, culturais e esportivos envolvidos, não há dúvidas de que o El Clásico é um dos maiores espetáculos do futebol mundial. E como lembra Bechler, não importa o momento: esse confronto sempre vai carregar uma grandeza singular.