A torcida politizada no futebol, como a do Rayo Vallecano, desperta sentimentos mistos: curiosidade e desconforto. É exatamente esse contraste que o jornalista Marcelo Bechler, correspondente da TNT Sports e Rádio Itatiaia, expressa ao refletir sobre seu próprio apreço e suas reservas em relação a esse fenômeno.
Marcelo Bechler (@marcelobechler), com mais de 415 mil seguidores no Instagram, reflete um pensamento progressista e valoriza torcidas que usam o futebol para despertar temas como homossexualidade, feminismo e divisão de renda. Ao mesmo tempo, ele constata que essa politização pode excluir quem quer torcer apenas pelo esporte. Neste artigo, vamos trazer essa reflexão à tona, explorar a experiência do Rayo Vallecano e entender os prós e contras dessa mistura de bola e ideologia.
Por que a torcida do Rayo Vallecano politiza o futebol?
As raízes políticas da torcida do Rayo entram em cena ao pensar nos Bukaneros, organizada de viés esquerdista e antifascista. Esse grupo se destaca em causas sociais e em protestos contra racismo, fascismo e mercantilização do futebol.
O futebol se torna, assim, um palco para discutir assuntos estruturais. Os Bukaneros já foram determinantes em campanhas como a defesa de uma moradora despejada em 2015 e na campanha contra a contratação de um jogador neonazista em 2017. Marcelo enxerga isso como algo valioso: “faz com que as pessoas reflitam… muitas vezes sem futebol as pessoas não vão refletir sobre aquilo.”
É possível se sentir excluído por causa da ideologia da torcida?
Marcelo aponta um dilema pessoal: ele simpatiza com a visão progressista da torcida do Rayo, mas reconhece que alguém que aprecia o time sem adotar essas causas pode se sentir “fora do clube” por não compartilhar as pautas.
Essa exclusão implícita cria um ambiente onde o torcedor pode gostar do time apenas pelo esporte, mas se sente deslocado politicamente. Marcelo considera isso problemático. Afinal, torcer é um direito independente do posicionamento ideológico.
Quais são os benefícios de torcidas engajadas?
Torcer por um clube que se posiciona em temas sociais pode ampliar horizontes. Torcidas politizadas, como os Bukaneros, utilizam o futebol como gatilho para pensar sobre desigualdade, machismo, poder, política e inclusão. Isso transforma o estádio em espaço de conscientização.
Essa mobilização também dá voz a causas locais: em Vallecas, a torcida mostrou-se fonte de apoio em dívidas, luta antifascista e contra discriminação, unificando comunidade e identidade local.
Mas quais riscos essa politização pode trazer?
O problema ocorre quando o discurso de uma torcida impede que outros torcedores se sintam bem-vindos. Marcelo alerta: a politização não pode excluir quem não segue militância — e isso independe de alinhamento político .
Outro lado é o risco de radicalização. Na Espanha, grupos ultras violentes podem se relacionar com ideologias extremas — ainda que os Bukaneros sejam de esquerda, há casos de radicalização que atraem atenção policial.
Como Marcelo vê a relação entre futebol e sociedade?
Para o jornalista, o futebol é “uma porta de entrada para que as pessoas entendam o mundo que estão vivendo.” Ele enxerga esse ambiente como espaço de aprendizado sobre machismo, homofobia, divisão de poder e desigualdade.
Ao mesmo tempo, ele defende: é essencial que futebol e identidade do torcedor não se confundam a ponto de excluir quem quer apenas vibrar com o jogo.
Como equilibrar futebol, ideologia e inclusão?
- Respeito ao torcedor diverso: cada torcedor pode se identificar com causas ou apenas com o jogo.
- Espaço para reflexão: torcidas politizadas são importantes para estimular debates sociais.
- Diálogo constante: garantir que o clube continue acolhendo todos, independentemente da opinião política.
Fontes oficiais utilizadas
- Perfil de Marcelo Bechler: Instagram e Wikipedia
- Perfil dos Bukaneros e histórico do Rayo Vallecano:
- Yale University
- Terra: “Conheça os Bukaneros”
- Ludopédio: legado político e social
- Wikipédia: perfil político e ações sociais
- Contexto policial sobre ultras radicais (Espanha)
