A expressão super dotado na clínica resume bem o tema abordado por Jean Alessandro, psicólogo (CRP 07/29.848) especializado no diagnóstico e tratamento de Altas Habilidades e Superdotação. Com mais de 300 mil seguidores no Instagram (@jeanalessandrob), ele compartilha conteúdos sobre os desafios emocionais e cognitivos enfrentados por pessoas superdotadas, especialmente quando não aprendem a lidar com esforço desde cedo.
Com ampla experiência clínica e milhares de atendimentos, Jean também é criador de um curso voltado ao tema, disponível em plataformas como TikTok e no Instagram. Seus vídeos no YouTube somam milhões de visualizações e têm ajudado a popularizar um assunto ainda pouco discutido: o impacto da superdotação mal compreendida na vida adulta.
Por que alguns adultos superdotados não sabem se esforçar?
Jean Alessandro explica que muitos superdotados passaram a vida sem precisar se esforçar: “eu nunca me esforcei… eu sempre passei na faculdade, na escola.” Isso virou rotina. Hoje, ao precisar estudar, eles se sentem incapazes e “um lixo”, porque nunca aprenderam a lidar com disciplina, planejamento ou persistência. O comportamento era: estudar de última hora, passar com facilidade e reiniciar o ciclo – até que chega o momento em que isso não funciona mais.
Essa narrativa evidencia o “modelo compensatório”: a inteligência atua como compensadora da falta de esforço, mas a longo prazo, quando a exigência aumenta, se torna uma fraqueza.

Você sabia que nem sempre inteligência e esforço caminham juntos?
Muitos superdotados demonstram alto QI (acima de 130), mas baixa consciência disciplinar – um fenômeno reconhecido na psicologia. A teoria dos Três Anéis de Renzulli (habilidade, criatividade e compromisso) aponta que um superdotado sem comprometimento pode não alcançar seu potencial.
Jean Alessandro destaca que se não for trabalhado, esse “super poder” que facilitava os estudos pode se tornar limitação, resultando em baixo desempenho e frustração na vida adulta.
Super dotado na clínica: como lidar com essa sensação de incapacidade?
Para adultos superdotados que nunca cultivaram o esforço, Jean Alessandro recomenda introduzir gradualmente disciplina, planejamento e gestão emocional. É necessário ressignificar a relação com os estudos, criando pequenos projetos que exigem dedicação consciente, como uma rotina de revisão diária. Essa postura traz segurança e fortalece a autoconfiança, segundo diretrizes da Organização Mundial da Saúde sobre saúde mental e autocompetência (fonte).
Profissionais devem orientar para trabalhar o esforço como habilidade, não como fraqueza. Ajuda técnica (como coaching ou psicoterapia) e estruturar ambiente com metas claras favorecem a transição do modelo passivo para o ativo.
Quais efeitos tem a falta de esforço no desempenho de quem é superdotado?
A ausência de esforço predispõe à inconsciência emocional, baixa resiliência e ansiedade diante do desafio, sintomas frequentes em adultos superdotados. Wikipedia e estudos apontam que, sem estrutura e apoio, AHSD pode ser confundido com TDAH, depressão ou ansiedade.
Um estudo da SBPC aponta que muitos professores não identificam cedo o superdotado, deixando sem suporte escolar adequado – contribuindo para uma vida adulta de baixo engajamento e rendimento.

Qual a importância do diagnóstico precoce e suporte personalizado?
A Política Nacional de Educação Especial garante suporte para alunos com altas habilidades; é essencial identificar e acompanhar essa característica para evitar prejuízos emocionais e acadêmicos.
Jean Alessandro reforça que, sem intervenção, um adulto pode ser “bastante abaixo da média” – não por ausência de inteligência, mas por falta de treino emocional e esforço estruturado.
Como começar a reeducar o esforço no dia a dia?
- Planeje pequenas metas diárias — começando com 15 min de estudo ativo.
- Registre progresso — mantenha um diário leve para avaliar e reforçar a sensação de conquista.
- Busque suporte — psicoterapia, coaching e grupos podem oferecer estrutura e apoio.
Intervenções digitais como sistemas de repetição espaçada podem ajudar na formação de novos hábitos, reforçando o esforço com feedback positivo, conforme Jean Alessandro defende.
Quer evitar que a inteligência se torne um obstáculo?
Você já teve a sensação de que sua inteligência, em vez de ajudar, te tornou vulnerável? Isso não é fracasso – é sinal de que seu “software psicológico” precisa de atualização. Dar passos conscientes, mesmo pequenos, e buscar suporte técnico ou psicológico faz toda a diferença.
Reconhecer que não precisa mais depender exclusivamente do que foi fácil é o primeiro passo para resgatar o controle emocional, estabelecer disciplina adulta e fazer da sua capacidade uma aliada, não uma barreira.
Quais fontes oficiais embasam essas orientações?
- Wikipédia – Altas habilidades/superdotação: https://pt.wikipedia.org/wiki/Superdotado
- Educação para Superdotados – https://pt.wikipedia.org/wiki/Educação_para_superdotados
- OMS e políticas públicas sobre AHSD – Fonte externa