A dívida dos 10 clubes mais endividados do Brasil chamou a atenção de Eduardo Feldberg, educador financeiro e criador do canal “Primo Pobre” (@eduardofeldberg), que alerta sobre o descuido com gestão e dependência de patrocínios de apostas. Vamos entender o panorama real.
O que Eduardo Feldberg quis dizer sobre os clubes endividados?
Eduardo Feldberg listou os dez clubes brasileiros com maiores dívidas: Fluminense (~R$ 633 mi), Santos (~R$ 645 mi), Bahia (~R$ 821 mi), Palmeiras (~R$ 825 mi), Internacional (~R$ 835 mi), São Paulo (~R$ 853 mi), Vasco (~R$ 928 mi), Cruzeiro (~R$ 981 mi), Atlético Mineiro (~R$ 1,4 bi) e Corinthians (~R$ 1,9 bi). Os números correspondem ao ranking de 2024 da consultoria Sports Value e CNN Brasil. Feldberg questiona como esses clubes, que vendem camisas por até R$ 600, permanecem tão endividados, citando corrupção e má gestão, e convida o público a refletir.

Qual é a origem dessas dívidas bilionárias?
A dívida do Corinthians, por exemplo, é agravada pelo financiamento da Neo Química Arena (cerca de R$ 1,15 bi via BNDES e Arena FII). O Atlético tem dívidas significativas com a Arena MRV e contratações. O cenário geral é de despesas com estádios, salários altos, juros e contratos mal planejados, sobrecarregando clubes mesmo com receitas milionárias.
Os valores citados por Eduardo Feldberg conferem com os dados oficiais?
Sim. As dívidas dele batem com o ranking do final de 2024:
- Corinthians: R$ 1,9 bi
- Atlético Mineiro: R$ 1,4 bi
- Cruzeiro: R$ 981,1 mi
- Vasco da Gama: R$ 928,5 mi
- São Paulo: R$ 852,9 mi
Outros valores listados (Fluminense R$ 632,8 mi, Bahia R$ 821 mi etc.) também coincidem com dados da Sports Value e CNN.
Por que os clubes fecham o ano devendo mais, mesmo faturando alto?
Mesmo com receitas bilionárias, como Corinthians (R$ 1,115 bi) e Palmeiras (R$ 1,274 bi) em 2024, esses clubes apresentaram déficits — o Timão, por exemplo, teve prejuízo de R$ 181 mi no ano. As explicações incluem:
- Juros altos e amortizações de empréstimos
- Custos excessivos com estádio, agentes, jogadores
- Falta de planejamento financeiro sustentável
- Dependência de receitas pontuais, como patrocínios de loterias/bets

Por que as apostas patrocinam todos os clubes do Brasileirão?
Segundo Feldberg, os clubes estão “lascados” financeiramente e recorrem às empresas de apostas (bets) que pagam alto por patrocínios. Essas plataformas lucram com usuários que apostam regularmente — muitas vezes pessoas que não podem arcar — e usam esse lucro para patrocinar clubes, perpetuando uma relação arriscada e instável.
Como isso afeta o torcedor e a saúde financeira dos clubes?
Feldberg destaca que a falta de gestão e o recurso a patrocínios questionáveis resultam em prejuízo para o clube e o torcedor. O endividamento crescente limita investimentos em categorias de base, infraestrutura e gera risco de punições como “transfer ban”, recebendo proteções como o acordo firmado pelo Corinthians na CNRD da CBF para pagar R$ 76 mi em dívidas.
Que mudança pode quebrar esse ciclo de dívida?
Eduardo Feldberg sugere que não basta faturar alto — é preciso:
- Planejamento financeiro sério e independente de patrocínios de bets;
- Transparência e responsabilidade com os recursos;
- Governança profissional, controles, auditorias e menos privilégios;
Sem essas medidas, mesmo com receita crescente, a espiral de dívidas continuará.