A testosterona amplifica o comportamento social — essa é a mensagem central do Dr. Paulo Muzy, ortopedista e traumatologista (CRM 115573), com foco em medicina esportiva. Ele explica que o hormônio não “cria agressividade”, mas amplia padrões já existentes. Além disso, estudos científicos comprovam que esse efeito depende do ambiente social em que a pessoa está inserida.
Na prática, como detalha o Dr. Muzy, quando um macaco ocupa posição intermediária na hierarquia e recebe alta dose de testosterona, ele não desafia os dominantes — ele se torna agressivo com os mais fracos. A testosterona amplifica a busca por status, seja por poder ou empatia, conforme o contexto.

Por que a testosterona amplifica quem você já é?
No experimento dos macacos, C, que era mediano, ao receber testosterona, passou a intimidar apenas os mais fracos, sem desafiar os líderes. A explicação: o hormônio reforça padrões sociais latentes, não cria novos comportamentos.
Essa ideia se alinha à chamada “Hipótese do Desafio” em primatas, que sugere que a testosterona aumenta significativamente apenas em situações de competição ou ameaça de status, e age principalmente amplificando agressividade com alvos inferiores na hierarquia. Em humanos, estudos mostram que a substância estimula comportamentos que aumentam status, tanto pela autoridade quanto pela generosidade, dependendo do meio.
Testosterona é vilã ou heroína na generosidade?
Estudos em humanos demonstram que a testosterona pode promover generosidade estratégica. Um experimento mostrou que homens com testosterona elevada puniram ofertas injustas, mas também recompensaram generosidade — tudo para melhorar seu status social .
Outro estudo constatou que homens com maior nível de testosterona deram ofertas mais justas em negociações para manter uma reputação, diferente do que aconteceria apenas por impulsos agressivos .
Em ambientes empáticos, a testosterona pode aumentar a bondade?
Sim — se o meio valoriza empatia, a testosterona pode amplificar isso. Pesquisas apontam que a substância potencializa comportamentos que aumentam status; se generosidade é valorizada, ela favorece ações altruístas .
Isso significa que a testosterona atua conforme o “holofote” do ambiente: se esse holofote está voltado para bondade, ela amplia essa direção. Se está voltado para agressividade, ela acentua a agressividade.
A testosterona cria agressividade? É mito ou verdade?
É mito que a testosterona por si só gera agressividade. Ela facilita a expressão de comportamentos dominantes em conjunto com contextos competitivos. O que ela faz é amplificar traços existentes conforme o status é buscado .
Em humanos, evidências sobre testosterona e agressividade são variadas. Muitas vezes o comportamento agressivo apenas acompanha intenções de dominação, não um instinto primário .
E a amígdala? O que faz nesse cenário?
A amígdala, região cerebral associada à forma como reagimos a estímulos sociais, tem sua atividade modulada pela testosterona e pelo status percebido. Estudos em primatas indicam que ela amplifica respostas agressivas com alvos específicos, e que lesões nesse núcleo reduzem essas respostas.
Ou seja: testosterona atua em conjunto com a amígdala e o contexto social para reforçar padrões já latentes.
O que isso significa para sua vida?
A mensagem do Dr. Muzy é clara: não culpe a testosterona. Devemos olhar para os valores sociais que recompensamos. Se queremos mais generosidade e empatia, precisamos enaltecer esses comportamentos — e a testosterona irá potencializá-los.
Ou seja, coletivamente, podemos moldar um ambiente onde o hormônio amplifique o que há de melhor em nós.
Fonte utilizadas:
- Estudo sobre dominância e amplificação de comportamentos em primatas: Hipótese do Desafio zora.uzh.chnature.com
- Pesquisas humanas mostrando generosidade estratégica com testosterona
- Revisão sobre testosterona como hormônio social para busca de status zora.uzh.ch+1pmc.ncbi.nlm.nih.gov+1
- Evidências da amígdala reforçando padrões de agressão contextualizada
A partir das explicações do Dr. Muzy, podemos concluir que a testosterona não é uma “culpada” por comportamentos agressivos, mas sim uma lupa que amplia o que já está em nós — e o que está ao nosso redor.