A Anvisa interditou sete fábricas de alisantes em São Paulo por práticas graves, como o uso de matérias-primas vencidas e produtos com selos de certificação falsos. As empresas comercializavam cosméticos como se fossem notificados, procedimento indevido para itens com finalidade de alisamento.
Essas irregularidades comprometem diretamente a saúde dos consumidores. A venda com autorização simplificada, sem atender exigências específicas, expõe milhares de pessoas a riscos que vão desde reações alérgicas até consequências mais sérias.

O que revelou a operação Alisamento Seguro?
A operação da Anvisa, batizada de Alisamento Seguro, contou com o apoio da vigilância sanitária estadual e municipal. A ação foi desencadeada após denúncias feitas entre janeiro de 2023 e abril de 2025.
Em todas as fábricas fiscalizadas, foram encontradas falhas críticas, como ausência de controle de qualidade e o uso de substâncias proibidas em cosméticos capilares. Algumas sequer tinham registro básico de segurança nos processos produtivos.
Quais substâncias irregulares foram encontradas nos produtos?
Entre os compostos irregulares mais frequentes estavam o formol e o ácido glioxílico, ambos sem autorização para alisamento. O uso dessas substâncias pode causar danos severos à saúde, como irritações e até câncer em exposições prolongadas.
Um dos casos mais graves envolveu o recebimento de 35 toneladas de ácido glioxílico sem rastreamento. O volume e a falta de controle indicam risco ampliado e negligência total com a segurança do consumidor.
Por que algumas empresas funcionavam apenas para registrar produtos?
Durante a investigação, identificou-se um tipo de operação ainda mais preocupante: empresas que não produzem, mas atuam apenas como fachada para regularizar itens de terceiros. Elas não fiscalizavam a composição real dos produtos que notificavam.
Esse modelo de negócio favorece fraudes e impede a rastreabilidade. Sem controle de qualidade ou verificação laboratorial, não há garantia de que o que está no rótulo corresponde ao conteúdo do frasco.
Quais são os riscos do uso de formol e ácido glioxílico?
Segundo especialistas, o formol e o ácido glioxílico podem desencadear reações graves como ardência nos olhos, problemas respiratórios e até riscos cancerígenos. O uso contínuo potencializa os efeitos nocivos.
Apesar de alguns resultados imediatos nos fios, a exposição frequente compromete a saúde a longo prazo. Os perigos são maiores em salões sem ventilação adequada ou aplicação repetitiva sem equipamentos de proteção.
Quais alisantes são permitidos pela Anvisa atualmente?
A Anvisa exige registro específico para produtos com finalidade de alisamento capilar. Nenhum cosmético pode ser vendido com essa promessa se não constar no banco de dados oficial da agência.
Para facilitar a consulta, foi lançado o painel “Estética com Segurança”, onde é possível verificar a autorização de alisantes. Produtos fora dessa lista estão automaticamente irregulares.
Como saber se um alisante é seguro para uso?
Antes de aplicar qualquer produto, é essencial verificar se ele tem registro aprovado pela Anvisa. O painel digital da agência permite filtrar por marca, tipo e finalidade do cosmético.
Além disso, observe o rótulo: produtos com promessas genéricas, ausência de número de registro ou com composição duvidosa devem ser evitados. O ideal é sempre consultar profissionais qualificados e priorizar marcas confiáveis.
Curiosidade: o que dizem os dados sobre intoxicações com alisantes?
Segundo dados da Fiocruz, entre 2017 e 2023 foram registrados mais de 4 mil casos de intoxicação por cosméticos capilares no Brasil, muitos deles relacionados a produtos sem registro ou adulterados.
Esse número reforça a importância de políticas de fiscalização como a Operação Alisamento Seguro e alerta para a necessidade de mais informação sobre o uso seguro de cosméticos no país.