O cenário político brasileiro voltou a ser palco de debates intensos após a condenação da deputada federal Carla Zambelli, do Partido Liberal de São Paulo, pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O caso envolve acusações de invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica, além de ter desdobramentos que impactam diretamente a atuação parlamentar e a legislação sobre anistia no país.
Em maio de 2025, a 1ª turma do STF decidiu, de forma unânime, pela condenação de Zambelli a dez anos de prisão. A sentença se baseou em investigações que apontaram a participação da deputada no comando de um ataque hacker ao CNJ, realizado por Walter Delgatti Neto, também conhecido por seu envolvimento na “Vaza Jato”. O episódio reacendeu discussões sobre a gravidade dos crimes digitais e o papel de figuras públicas em atos ilícitos.
O que levou à condenação de Carla Zambelli?
De acordo com o processo analisado pelo STF, a parlamentar teria orientado Delgatti a invadir o sistema do CNJ para emitir um falso mandado de prisão em nome do ministro Alexandre de Moraes. A Procuradoria Geral da República (PGR) sustentou que Zambelli foi a principal responsável pela articulação do crime, enquanto Delgatti executou a ação. Ambos foram condenados, sendo o hacker sentenciado a oito anos e três meses de reclusão.
Além da pena de prisão, a decisão judicial determinou a inelegibilidade de Zambelli por oito anos e a perda de seu mandato, que só será efetivada após o esgotamento de todos os recursos legais. A sentença também impôs o pagamento de R$ 2 milhões em indenização por danos materiais e morais coletivos, valor a ser destinado a fundos do Ministério Público para recomposição dos prejuízos causados.

Quais são os impactos políticos e jurídicos para a deputada?
Após a condenação, Zambelli deixou o Brasil em junho de 2025, alegando questões de saúde. Pouco depois, seu advogado renunciou à defesa e o STF decretou sua prisão preventiva, além de suspender suas redes sociais. O nome da deputada foi incluído na lista vermelha da Interpol, tornando-a foragida internacional e sujeita à prisão em outros países.
No âmbito legislativo, a Câmara dos Deputados concedeu licença de 127 dias à parlamentar, sendo parte por motivos de saúde e parte por interesse particular. A medida, no entanto, não impede o andamento dos processos judiciais e administrativos que podem resultar na cassação de seu mandato.
Por que o tema da anistia para condenados por atos extremistas está em debate?
O caso de Zambelli foi citado por aliados políticos, como o senador Flávio Bolsonaro, em debates sobre projetos de lei que propõem anistia para pessoas condenadas por envolvimento em atos extremistas, especialmente os ocorridos em 8 de janeiro de 2023. Segundo defensores da medida, a deputada seria alvo de perseguição política e deveria ser incluída no rol de beneficiados pela anistia.
Essa discussão reflete um embate mais amplo sobre a aplicação da lei e a distinção entre crimes políticos e crimes comuns. O projeto de anistia ainda está em tramitação e gera controvérsias entre parlamentares, juristas e a sociedade civil, que questionam os limites da responsabilização penal e a possibilidade de perdão judicial em casos de ataques à democracia.
- Condenação por crimes digitais: Zambelli foi responsabilizada por invasão de sistema e falsidade ideológica.
- Consequências jurídicas: Pena de prisão, inelegibilidade e indenização milionária.
- Repercussão internacional: Inclusão na lista da Interpol e status de foragida.
- Debate sobre anistia: Proposta de perdão para condenados por atos extremistas divide opiniões no Congresso.
Como a condenação impacta o cenário político atual?
A condenação de uma deputada federal por crimes digitais e a subsequente fuga do país ampliam o debate sobre a responsabilidade de agentes públicos e a efetividade das instituições brasileiras. O caso também evidencia a complexidade dos processos judiciais envolvendo figuras políticas e a necessidade de atualização das leis para lidar com crimes cibernéticos e ataques à democracia.
Enquanto a defesa de Zambelli busca reverter a sentença, o desfecho do caso pode influenciar futuras decisões do STF e do Congresso Nacional, especialmente em relação à aplicação de anistias e à punição de crimes cometidos por parlamentares. O episódio permanece como um marco na história recente do país, ressaltando a importância do respeito às normas legais e da transparência no exercício do poder público.