O cenário político de Paratinga, município localizado no interior da Bahia, ganhou destaque nacional em 2025 após a deflagração da quarta fase da Operação Overclean pela Polícia Federal. O ex-prefeito Marcel José Carneiro de Carvalho, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), foi um dos principais alvos da ação, que investiga possíveis desvios de recursos públicos e fraudes em licitações durante sua gestão. O caso chamou atenção devido à quantia de R$ 3,2 milhões encontrada em sua residência, levantando questionamentos sobre a origem dos valores e os desdobramentos das investigações.
Marcel Carneiro, nascido em Paratinga e atualmente com 46 anos, esteve à frente da administração municipal por três mandatos, tendo vencido as eleições de 2008, 2016 e 2020. Durante sua trajetória política, o ex-prefeito declarou bens que somavam R$ 256 mil, incluindo uma fazenda, uma caminhonete e um carro de som. No entanto, a apreensão milionária realizada pela Polícia Federal evidenciou uma disparidade entre o patrimônio declarado e os valores encontrados, o que motivou aprofundamento das investigações.
Por que a Polícia Federal iniciou a Operação Overclean em Paratinga?
A Operação Overclean foi desencadeada com o objetivo de desarticular uma suposta organização criminosa atuante em municípios baianos, incluindo Paratinga. Segundo informações da Polícia Federal, o grupo estaria envolvido em práticas como fraudes em processos licitatórios, desvio de emendas parlamentares, corrupção e lavagem de dinheiro. A ação contou com o cumprimento de 16 mandados de busca e apreensão em cidades como Salvador, Camaçari, Boquira, Ibipitanga e Paratinga, todos expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante a operação, os agentes localizaram R$ 3,2 milhões em espécie na casa do ex-prefeito Marcel Carneiro. O dinheiro estava guardado em gavetas de um armário, junto a roupas e outros objetos pessoais. A contabilização dos valores levou quase um dia inteiro, demonstrando o volume significativo da quantia apreendida. A investigação também apontou indícios de que parte desses recursos poderia ter origem em desvios de emendas parlamentares destinados ao município durante o último mandato do ex-gestor, entre 2020 e 2024.
De que forma atuava o esquema investigado pela PF?
De acordo com as apurações, o esquema envolvia a cobrança de propina para a liberação de emendas parlamentares federais, principalmente aquelas destinadas por um deputado federal da Bahia. Após a liberação dos recursos, as licitações municipais eram supostamente manipuladas para beneficiar empresas ligadas ao grupo investigado. O assessor parlamentar Marcelo Gomes foi apontado como operador do esquema, sendo também alvo de buscas e afastamento de suas funções.
- Fraudes em licitações para contratação de serviços e obras públicas
- Desvio de recursos provenientes de emendas parlamentares
- Lavagem de dinheiro por meio de movimentações financeiras não declaradas
- Envolvimento de agentes públicos e empresários locais
Além de Marcel Carneiro, outros prefeitos e servidores públicos de cidades vizinhas também foram investigados. Alguns deles chegaram a ser presos em flagrante por porte ilegal de arma de fogo, sendo liberados após pagamento de fiança. O caso segue em análise pelas autoridades federais, que buscam identificar toda a extensão da rede envolvida.
O que vem a seguir nas investigações?
Após a apreensão dos valores e o cumprimento dos mandados, a Polícia Federal segue analisando documentos, contratos e movimentações financeiras relacionadas ao período de gestão de Marcel Carneiro. O ex-prefeito, por meio de sua defesa, declarou estar à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e afirmou confiar no pleno funcionamento das instituições e no respeito às garantias constitucionais.
- Perícia do dinheiro apreendido para rastrear a origem dos valores
- Análise de contratos públicos firmados durante os mandatos investigados
- Oitiva de testemunhas e depoimentos dos envolvidos
- Possível abertura de processos judiciais caso sejam confirmadas irregularidades
O caso de Paratinga ilustra a complexidade do combate à corrupção em pequenas cidades do interior, onde a fiscalização sobre recursos públicos pode ser mais limitada. A Operação Overclean segue em andamento, com expectativa de novos desdobramentos ao longo de 2025, enquanto a população aguarda respostas sobre o destino dos recursos e a responsabilização dos envolvidos.